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Desporto

SV acolhe projecto-piloto da “Aminga”: “Campus de verão” para ensino do basquete, voleibol, informática e inglês

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A cidade do Mindelo será palco de um campus de verão de carácter desportivo e educativo, que irá trazer treinadores e professores dos Estados Unidos, Portugal e Inglaterra para ministrar workshops a técnicos locais e aulas/treinos a 56 estudantes do ensino secundário.

Denominado Aminga – Youth Sports Development Program, o projecto está em fase avançada de preparação e o próximo passo será realizar um encontro entre a organização e a Delegacia de Saúde de S. Vicente para estabelecer um plano de contingência devido a pandemia da Covid-19.

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Fauzinha Gomes, uma das mentoras, adianta que estão a trabalhar com planos alternativos para garantir ao máximo a segurança dos participantes, mas precisa debater as ideias com o Delegado de Saúde para poder garantir a necessária autorização para o evento. 

“Estamos a trabalhar com afinco e espero que a Covid-19 não venha atrapalhar a concretização desta iniciativa, que se reveste de extrema importância para a juventude cabo-verdiana”, diz Fau Gomes, que se mostra optimista. Esta emigrante e ex-atleta da equipa de voleibol da Académica do Mindelo, adianta que, em caso de necessidade, a solução mais extrema será fazer uma “bolha”, ou seja, manter os participantes “confinados” durante o tempo que decorrer o evento, sem poderem sair. Os mesmos serão testados antes, durante e no final.

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O campus, que deverá envolver cerca de 100 pessoas – entre treinadores, professores e alunos – está agendado para acontecer de 5 a 11 de julho e, segundo a citada fonte, já asseguraram o alojamento dos convidados que vêm de fora e o local da realização – a Escola dos Salesianos. O staff que virá de Portugal, América e Inglaterra chega no dia 2 a S. Vicente, para poder ter tempo de ultimar os preparativos, e no dia 4 será feita a inscrição dos alunos. Para o efeito, a Aminga conta com o envolvimento das cinco escolas secundárias existentes na cidade do Mindelo. Os 56 estudantes serão repartidos para os treinos de basquete e voleibol, sendo

Desporto, informática e inglês

Para o arranque deste projecto-piloto, a Aminga decidiu apostar no ensino das modalidades de basquetebol e voleibol de salão e em aulas de informática e inglês. Além disso, incluiu no programa um curso de primeiros-socorros direcionado para os professores cabo-verdianos, a ser ministrado pela Cruz Vermelha.

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Fau e Bety Gomes

O objectivo desportivo é avaliar a mentalidade e a capacidade motora de atletas na faixa etária 15/16 anos, com aplicação de novas técnicas de treino, mas já perspectivando a possibilidade de seguirem carreiras profissionais. Por outro lado, pretende-se aumentar as habilidades dos estudantes em computação e na área digital. “Desta forma estaremos a criar ferramentas para uma maior empregabilidade dos participantes, preparado-os para a economia digital”, enfatiza Fau Gomes, acentuando que as pesquisas sugerem que conhecimentos em informática e da língua inglesa são os dois caminhos para o sucesso profissional dos jovens. 

Os propósitos do campus não ficam por aqui. O evento visa ainda promover a saúde mental e bem-estar dos participantes com a prática de Yoga, meditação e apresentação de testemunhos motivacionais, nomeadamente de líderes comunitários locais.

Descobrir talentos desportivos

Tudo começou quando Fau Gomes deu conta que atletas cabo-verdianos de várias modalidades estavam sendo contratados por clubes estrangeiros e alcançando um enorme sucesso. Muito próxima dela tinha o exemplo do irmão Betinho Gomes, basquetebolista profissional que acabou por integrar a seleção portuguesa. Mais recentemente o caso do “gigante” Edy Tavares, que chegou a entrar para o NBA e agora da cartas em Espanha em basquetebol. Apenas dois exemplos de jogadores que alcançaram o sucesso, mas que continuaram disponíveis a ajudar Cabo Verde.

“É nossa opinião que CV precisa de programas ou projectos desportivos para poder aproveitar melhor os seus talentos, pois muitos nao são detectados ou identificados. Precisamos de espaços onde possam ser vistos e tenham condições de desenvolver as suas potencialidades”, explica Fau Gomes, que jogou voleibol em S. Vicente até aos 17 anos, mas que, lembra, tudo acontecia por amor à camisola. Para ela, muitos atletas da sua geração poderiam ter outra carreira se tivessem sido detectados a tempo.

Disposta a mudar essa realidade, Fau expôs o seu pensamento à amiga Stephanie Guirand e começaram a trabalhar a ideia. Mas, nada aconteceu. Entretanto chegou a pandemia em Março de 2020 e o consequente confinamento em casa. Para Fau Gomes, era “agora ou nunca”. Tinha tempo de sobra para preparar o projecto e resolveu juntar parentes e amigos em torno da iniciativa. “A Covid-19 foi um choque negativo para o mundo, mas foi uma porta de oportunidade para este projecto”, comenta a jovem, que criou nos Estados Unidos a Aminga – Youth Sports Development Program, uma entidade sem fins lucrativos. 

Inserida em clubes e grupos de amantes do voleibol na América, onde vive, Fau Gomes não teve muitas dificuldades em conseguir o apoio dessa comunidade. Por outro lado, o irmão Betinho Gomes fazia a mesma coisa do seio dos praticantes do basquetebol. Aos poucos o projecto foi ganhando corpo e agora o seu primeiro grande desafio é organizar o campus de verão na cidade do Mindelo no início de Julho.

O programa tem a sua estreia em S. Vicente, mas a intenção é realizar eventos nas outras ilhas e até noutros países africanos. Por isso, o programa já está a abrir uma filial em Cabo Verde.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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