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Geração “mulher fitness” em S. Vicente: Combinar um físico bem estruturado com a saúde

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Por Natalina Andrade (Estagiária)

As mulheres mindelenses estão cada vez mais determinadas e focadas em trabalhar o seu físico, “construir” um corpo escultural e bonito, mas também em cuidar da sua saúde física e mental. Prova disso é o número cada vez maior delas nos ginásios de S. Vicente, espaços que já estão melhor preparados para dar resposta a esta procura, com ofertas específicas para cada necessidade.

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Aeróbica, pilates, cardio, musculação e spinning (bicicleta) são algumas das ofertas no menu dos ginásios, incluindo profissionais que acompanham os clientes como forma de orienta-los na execução do programa de treino que melhor se adequa a cada necessidade e de forma correcta. Os treinos, segundo a instrutora Ivone Mendes, assumem uma dimensão enorme na vida da mulher que, diariamente, precisa incorporar vários papéis. Nos treinos ela encontra um momento que é só dela, física e mentalmente. 

No geral, para Ivone Mendes, as pessoas estão mais sensibilizadas  com o que é saúde e bem-estar e ter um bom físico faz parte desse desejo. ‘’Querem se sentir bem e procuram o ginásio para reduzir o peso, definir o corpo ou simplesmente descansar a cabeça e aliviar o estresse. E não precisa ser apenas o ginásio fechado. Poder ser qualquer exercício físico, como natação, caminhada ou outra actividade.’’ 

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Desta procura, segundo Ivone Mendes, cerca de 50% quer diminuir o peso, mas existe também o grupo que quer aumentar. A faixa etária entre os 25 e 35 anos representa o grupo que, assegura, mais procura os ginásios. Entretanto, segundo Ivone Mendes, cada vez mais, jovens a partir os dezoito anos procuram este serviço, que é quando as pessoas começam a ficar mais conscientes do seu corpo, de quem são ou querem ser. Há também procura por parte de idosos, que representam o menor grupo. Este facto, de acordo com a instrutora, deve-se a uma ainda fraca sensibilização e divulgação por parte dos profissionais da área, no sentido de fazê-los saber que há treinos adequados a cada idade e que o ginásio não oferece apenas exercícios pesados. ‘’Este é o grupo menos activo e, como tal, que mais precisa de actividade física.’’

O instrutor Marlon Mota conta que actualmente há mesmo mais mulheres do que homens no seu ginásio. ‘’Estamos também perante uma questão de estética. As mulheres querem estar com um corpo bonito, muitas vezes influenciadas pelo corpo de outras mulheres que treinam. Se repararmos, hoje em dia toda agente quer estar ‘em forma’.  Mas não é só isso. Hoje eu sinto que são movidas pela busca do bem-estar em geral. Um corpo melhor acaba por interferir na saúde e autoestima das pessoas.’’ 

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Mesmo os que inicialmente não procuram o ginásio por questões de saúde, depois de um tempo acabam por perceber os benefícios, segundo Marlon. Os treinos, acrescenta, assumem um papel ainda mais preponderante quando interferem na mudança do estilo de vida dos praticantes. ‘’Desvia o foco de coisas negativas, como o uso do álcool e drogas. Por exemplo, numa convivência de fim-de-semana, a pessoa não vai beber de forma exagerada porque sabe que no dia seguinte tem treino cedo e o álcool afeta muito os músculos. Eu já tive casos de pessoas que usavam drogas e depois de algum tempo treinando e percebendo os benefícios no seu corpo abandonaram o vício.’’

Aumento de autoestima, confiança e beleza física

Ilsevania Alves é uma das mulheres apaixonadas pelo exercício fisico e pelos ginásios, uma relação que já caminha para os seus quatro anos. Rainha de bateria e actualmente se preparando para um concurso fitness de fisiculturismo, Ilse conta que sempre gostou de cuidar da sua saúde e aparência física, mas, hoje já mantem uma rotina  mais disciplinada no ginásio. ‘’Actualmente as mulheres estão mais interessadas no ginásio e no exercício físico porque, além de realçar a beleza, aumenta muito a auto-estima. O treino deixa qualquer pessoa bonita, muda o visual, dá um outro brilho à mulher. Não há nada melhor de que olhar-se no espelho e se sentir bem consigo mesma’’, explica Ilsevania.

Lysiane Luz faz musculação há dez anos, mas já praticava boxe desde os catorze.  ‘’Se estou triste, se estou contente, se estou estressada, relaxada, independentemente do estado em que estiver, treinar é um compromisso que eu já tenho comigo mesma. Tenho o maior prazer em fazê-lo e, quando assim é, fica muito mais fácil alcançar os objectivos’’, explica.

Para esta jovem, os treinos nunca foram uma forma de se ajustar a padrões disseminados nos meios de comunicação social, como o  corpo das mulheres que aparecem na televisão e redes sociais. ‘’Sempre quis ter a melhor versão que o meu corpo me podia dar. O meu objectivo é simples: meu bem -estar fisico e mental, ser saudável, ter resistência e força muscular.’’ 

Por outro lado, Miriam Rocha, ex-rainha de bateria de Monte Sossego, conta que nem sempre gostou de ginásios, apesar de ser praticante de desportos. No entanto, confessa, hoje ja não consegue viver sem o ginásio. ‘’Eu aprendi a gostar. É algo que me relaxa, é onde encontro a minha paz. Treino para a minha saúde, para me sentir bem com o meu corpo quando eu me olhar no espelho.’’ 

Glúteos salientes e pernas torneadas

Em quase todos os lugares as mulheres tendem a considerar a parte inferior do corpo mais importante do que a superior, segundo Ivone Mendes. ‘’O que eu digo sempre: o nosso corpo é um só. As vezes chega alguém que quer perder apenas a barriga, mas manter os glúteos intocáveis. É quase impossível.’’ Para Ivone, esta obsessão por pernas e glúteos é o resultante de uma imagem presente no quotidiano, alimentada pelos media e redes sociais, de que a mulher tem de ter glúteos salientes e cintura fina. ‘’As pessoas precisam compreender que, se treinarem somente a parte inferior, o corpo fica desequilibrado. Pode-se focar mais numa determinada área, mas o treino deve ser geral’’, explica. 

Existe ainda um preconceito com os treinos na parte superior do corpo, que faz com que as mulheres tenham medo de ficar com músculos salientes e parecerem “másculos”. Entretanto, segundo Ivone Mendes, ter os braços musculosos como os homens exige um trabalho árduo de musculação, que na mulher seria ainda mais exigente, uma vez que ela não tem a quantidade de testosterona que permite, nos homens, alcançar uma musculação de forma mais rápida. 

Já para Marlon Mota, elas só precisam tonificar os membros superiores. O trabalho mais árduo fica para a parte inferior, nomeadamente pernas, glúteos e barriga, que acabam por dar uma imagem mais bonita à mulher. 

Atletas disciplinadas

No ginásio, elas são ainda as mais disciplinadas. ‘’São elas que mais procuram orientações e acompanhamento nos treinos e quem mais ouve as indicações do profissional. O homem quando chega no ginásio é acompanhado por uma semana e já pensa que sabe mais do que o instrutor’’, explica Marlon.   

Para a musa Ilsevania Alves, esta preocupação com glúteos e pernas tem uma relação com a imagem feminina e beleza corporal. ‘’Os próprios homens se interessam mais por estas partes do corpo feminino. Talvez por isso as mulheres se preocupem mais em trabalhar estas áreas específicas. Neste caso é mais uma coisa para mostrar do que para se sentirem bem com elas mesmas. O bom é treinar todo o corpo, de forma proporcional.’

‘’Uma mulher com glúteos bem trabalhados e pernas tonificadas é sempre bonito. Eu amo ver isso na mulher’’, confessa Lisiane Luz. Para ela, quando uma pessoa trabalha o seu corpo ganha uma postura física diferente. ‘’Sentes isso claramente quando chegas num determinado lugar e as pessoas questionam: tu treinas? Da para ver na tua postura, no teu corpo. É algo bonito que se destaca em qualquer lugar.’’ 

A personal trainer Jenysse Gomes recomenda que a mulher treine todo o seu corpo. ‘’Um shape maravilhoso é o que todas nós queremos, mas o treino de costas, peito e braços é tão importante quanto o resto.’’ 

Assédios e conversas descartáveis 

As mulheres, no geral, são alvo das mais variadas abordagens na rua, por parte dos homens. Por vezes meros elogios, outra ultrapassam os limites do respeito e se transformam em assédios. Claro está que uma mulher com um corpo escultural desperta ainda mais esse tipo de abordagem. Para Ilsevania Alves, os elogios são sempre bem-vindos, uma vez que qualquer mulher gosta de se sentir valorizada e bonita. Entretanto, outros comentários já são dispensáveis. ‘’Simplesmente colocar ‘dois espetos’ no ouvido e seguir em frente. Ignorar.’’

‘’Há sempre pessoas atrás de ti por causa do teu corpo. O que deves fazer é agradecer os elogios e ignorar o resto’’, defende Miriam Rocha, que pede ainda mais união entre as mulheres, para que lutem juntas. ‘’Por vezes vais ao ginásio e elas começam a dizer coisas como: ela está a treinar demais, a ficar com um corpo de homem, etc. Isto pode inibir ou desmotivar algumas pessoas.’’Para Miriam, é importante também que a mulher tenha uma pessoa ao seu lado que a incentive. ‘’Muitas vezes as pessoas são desmotivadas, desencorajadas. Não podemos deixar isso acontecer. Temos de olhar no espelho e sentirmo-nos ’a mulher’. Porque as mulheres estão a dominar o mundo (risos).’’

Para as mulheres que desejam frequentar o ginásio ou iniciar a prática de qualquer actividade física, Jenysse Gomes aconselha-as a levar em conta algumas considerações. ‘’Muitas vezes, pela pressa ou euforia, as pessoas acabam por esquecer alguns pontos importantes como uma roupa adequada para a prática do treino, a alimentação correta, o tempo de descanso, aquecimentos e alongamentos. Tudo isso vai repercutir nos resultados.’’ Por isso, segundo Jenysse, é importante procurar a orientação de um profissional.

Da mesma forma Lisiane Luz relembra que não existe treino milagroso ou dieta mágica. ‘’O que realmente conta é o foco, disciplina, perseverança e o mais importante, nunca desistir. Se for para desistir, desista de desistir.’’

Saber o seu limite e que não se pode fazer tudo ao mesmo tempo é outra regra básica para os treinamentos, segundo Ivone Mendes. ‘’Começa devagar. O teu corpo não está acostumado, portanto, se for sobrecarregado logo no início, vai chegar um momento em que ele vai se esgotar e bloquear.’’ É por isso que muitas pessoas acabam por desistir e nunca mais voltar, explica esta instrutora.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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