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Cantareira denuncia aliciamento de jogadores e pede leis para proteger clubes de formação

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O Cantareira Futebol Clube denunciou ontem, em conferência de imprensa, o aliciamento de jogadores em São Vicente, uma prática que diz se repete ano após ano. A ‘gota de água’ que fez esgotar a paciência deste clube de formação foi o desvio recente de sete jogadores do escalão sub-17 por indivíduos supostamente afectos ao FC Batuque, com a promessa e garantia de serem enviados para fora do país. 

O presidente da direção do Cantareira afirma que a equipa nada tem contra jogadores que queiram trocar de clube. Agora, o que diz condenar e criticar é o suborno de jovens atletas, situação que, segundo Punês, tem vindo a acontecer em S. Vicente. “Todas as épocas tem havido aliciamento de jogadores por parte do Batuque com promessas e garantias de que serão enviados para fora do país. Este ano sete jogadores do escalão sub-17, formados na nossa escola, se transferiram para o Batuque. Também temos conhecimento que outras equipas perderam jogadores do mesmo escalão.”

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Carlos “Punês” Lima entende que o propósito do Batuque, com este alegado açambarcamento de jogadores, é enfraquecer outras equipas. Diz, aliás, que tem conhecimento de equipas que não querem participar no Campeonato Regional Sub-17 em S. Vicente por causa disso. “Viemos saber agora que esta debandada de jogadores para o Batuque aconteceu porque foram aliciados com a promessa de participarem no torneio Africa Youth Cup, por forma a serem observados por empresários do mundo do futebol. Isto quer dizer que a equipa sabia há muito tempo da sua participação no torneio.”

Enquanto clube de formação, desabafa este dirigente desportivo mindelense, não é pretensão do Cantareira barrar nenhum jogador que queira ir para outro clube. Deixa claro, no entanto, que não pode compactuar com atos que em nada abonam a favor da formação de crianças e jovens. “Não temos mecanismo para travar esta prática. É este o motivo de estarmos a fazer esta denúncia. Queremos que sejam criadas leis para proteger os clubes de formação. Temos formado jogadores que estão connosco a partir dos seis anos. O FIFA Connet nos dá direito a ter o jogador inscrito apenas uma época.”

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Punês afirma que este é um debate que se arrasta há anos. “Continua tudo na mesma. Há muitas lacunas, mesmo a nível do futebol sénior. Somos amadores, profissionais ou semiprofissionais? Qual caminho temos de seguir, sobretudo no futebol de formação?, interroga este dirigente desportivo, que se diz frustrado e de mãos atadas. “Resta-nos continuar a assistir e a formar jogadores sem nenhuma recompensa. Do clube já saíram vários atletas para outras equipas, inclusive a nível internacional.”

Em termos concretos, explica o presidente do Cantareira, na época desportiva passada havia mais de 30 jogadores formados no seu clube a atuar tanto na primeira como na segunda divisão em São Vicente. “A pergunta que colocamos aqui é porque os clubes seniores nunca se empenharam em estar no futebol de formação. É que representa um custo. Não somos protegidos e sentimo-nos desmotivados. Estamos a falar de atletas que ainda são crianças e que são aliciados com promessas. Ficam logo convencidos. Foi a primeira vez que aconteceu isso no clube. Foram convencidos com promessas.”

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A questão é tão complexa que, diz Punês, há jogadores inscritos no Cantareira e no Batuque. Apesar isso, promete não impedir que estes joguem no outro clube, caso queiram. “Houve claramente desonestidade no aliciamento destes jogadores. Entendo que, nesta questão, os pais deviam ter um papel importante no acompanhamento dos seus filhos”, diz, rejeitando que os progenitores tenham incentivado os filhos a mudarem de equipa. “Podem ter ocorrido em um ou outro caso. Sabemos que há muitos meios, muitas voltas. É por isso que estamos focados neste assumo.“

O Mindelinsite espera poder ouvir a reação do FC Batuque sobre a denúncia feita pelo presidente do clube Cantareira.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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