A final do campeonato nacional de andebol feminino será disputada amanhã entre o Atlético do Mindelo e o Amarante, as duas equipas representantes da região desportiva de S. Vicente. Ontem, em duas partidas emocionantes, disputadas até o último minuto, as atléticas e as amarantinas eliminaram, respectivamente, o ABC da Praia e Palmeira do Sal perante um público eufórico que encheu as bancadas do polidesportivo de Monte Sossego.
O primeiro jogo colocou em campo as meninas do Atlético e do ABC, que já se conheciam de outros dois embates no campeonato nacional da modalidade. As atletas da Capital entraram fortes com o claro intuito de dominarem os acontecimentos dentro do campo. Em poucos minutos estavam a vencer por 3 golos de vantagem. Porém, o Atlético começou a reagir e a correr atrás do resultado. Mesmo assim, o ABC foi para o intervalo a vencer por 11 x 9, dois golos preciosos tendo em conta o equilíbrio latente no primeiro período e que prometia continuar no segundo tempo.
E foi esse o mote durante o resto do jogo. Nenhuma das equipas deixava a adversária distanciar-se no marcador. No último minuto tanto o Atlético como o ABC tiveram nas mãos a oportunidade de vencer a partida. O Atlético atirou ao poste direito num lance de contra-ataque e logo de seguida o ABC perdeu um livre dos sete metros, quando faltavam 20 segundos para o apito final. A partida terminou empatada e foi para o prolongamento. Nesta fase, o Atlético foi mais eficaz e encerrou a disputa com uma vitória suada por 29 a 27.
Nhota, treinador-adjunto do ABC, assumiu que uma das equipas tinha que vencer, mas deixou claro que, na sua leitura, a arbitragem teve influência no resultado. “Uma arbitragem deste calibre é um roubo. Os pênaltis eram só contra o ABC, desta forma não dá. Apanham um árbitro de Santo Antão para apitar um jogo deste?! Deveriam colocar um juiz de outra ilha, mesmo que seja o do Fogo”, comenta o técnico da formação da Capital, enfatizando que sequer poderiam criticar as decisões porque corriam o risco de serem penalizados com cartolinas e outras sanções no banco, e ainda pagar multa.
Questionado se a arbitragem influenciou o rumo da partida, Nhota foi peremptório. Aliás, salientou que um dos juízes ria sempre que o Atlético marcava. No entanto, considerou grave o ABC beneficiar de um pênalti quando faltavam 20 segundos para o fim do jogo e falhar.
O Atlético, conforme o técnico Aquilino Fortes, sabia que ia enfrentar uma adversária difícil. Mesmo assim, sempre acreditou que era possível “abater” o ABC. “Sabíamos qual era o ponto forte do ABC, que é a transição rápida. Tivemos atenção nesse aspecto e tentamos anular os lances de contra-ataque. Mas foi uma partida muito difícil e reconheço que tivemos mais sorte na parte final”, admite o treinador, que deu os parabéns às jogadoras do Atlético e também à formação do ABC pela qualidade do jogo.
Pedido para comentar a arbitragem, Aquilino Fortes, que chegou a criticar o desempenho dos juízes na partida anterior disputada entre o Atlético e o Amarante, considerou que desta vez a dupla mostrou mais respeito pelas regras. Para ele é normal um erro aqui ou ali, mas, salienta, o Atlético foi um justo vencedor.
A segunda meia-final era também aguardada com enorme expectativa. Para os espectadores, a grande questão era saber se as duas equipas representantes da região de S. Vicente iriam conseguir o apuramento para a final. E, à semelhança do jogo anterior, o confronto entre o Amarante e a formação da Palmeira do Sal ficou marcado por um forte equilíbrio no placar. No entanto, as amarantinas conseguiram manter quase sempre uma ligeira supremacia no marcador. A meio do segundo tempo, a equipa treinada por Voz chegou a aumentar a distância para quatro golos, mas voltou a perder essa vantagem em menos de dois minutos.
Já nos instantes finais, a balança poderia pender para qualquer um dos lados. Mas a vitória foi agarrada pelas amarantinas, que fecharam a partida com o resultado de 25 a 23, carimbando desta forma a passagem para a final.
Pedido para analisar o jogo, o treinador Flávio Lima deixou claro que o objectivo da Palmeira era passar à final. “Estou orgulhoso das atletas, que deram tudo o que podiam no campo. Estou certo que o povo da ilha do Sal está também orgulhoso da representante no nacional. Mas o andebol é um jogo de pormenores. E o Amarante ganhou neste quesito”, considera Flávio Lima, que deu os parabéns às duas equipas e augurou uma final com a mesma qualidade competitiva dos jogos disputados nas meias-finais. Além disso, realçou o trabalho das equipas de arbitragem dos jogos entre o Atlético – ABC e Amarante – Palmeira. “Costumamos criticar a arbitragem, mas hoje temos de reconhecer que tiveram um excelente desempenho.”
Para o técnico Voz, o Amarante enfrentou uma adversária forte e conseguiu ultrapassar esta etapa. Pelo que o próximo passo é preparar o confronto decisivo com o Atlético e que vai determinar o título nacional. “O andebol de S. Vicente está de parabéns pelo nível demonstrado neste campeonato. Quero agradecer o povo de S. Vicente que veio apoiar as equipas representantes da região”, frisou o técnico, que espera um jogo equilibrado entre o Amarante e o Atlético, como, aliás, é de costume. Para ele, a equipa vencedora será a que menos erros cometer.
O jogo da final está agendado para as 20 horas de amanhã, terça-feira. Hoje é dia de descanso, após uma maratona de quatro jogos consecutivos disputados na fase de grupos e meias-finais. Refira-se que o Amarante e o Atlético já se enfrentaram várias vezes durante os campeonatos regionais de S. Vicente. O confronto mais recente foi na fase de grupos deste nacional, tendo o Amarante saído vencedor.