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Alfândega pede 60 contos para despacho de 100 pares de sapatilhas doadas: Kukart considera valor exagerado para um projecto social

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O treinador de basquetebol Kukart Almeida está a enfrentar sérias dificuldades para levantar 100 pares de sapatilhas novas enviadas dos Estados Unidos pelo amigo David Nadelman para a sua escola de mini-basquetebol. Há quatro meses que a encomenda chegou, mas a Alfândega do Mindelo exigiu sessenta contos de despacho, valor que ele considera exagerado, por se tratar de um projecto sociodesportivo direcionado para o ensino da modalidade a crianças desfavorecidas, em Chã d’Alecrim.

Segundo Kukart, o amigo David Nadelman, um norte-americano que esteve durante quatro anos em Cabo Verde inserido no Corpo da Paz, visitou o seu projecto no polivalente de Chã d’Alecrim, viu muitas crianças jogando descalças e prometeu ajudar. Assim, organizou um fundo para recolha de 2 mil dólares e conseguiu enviar 100 pares de sapatilhas novas para os aprendizes dessa escola e que serão também repartidas para os alunos das escolas de Zé Baia, Sarda, Cruzeiros, All Blacks e internos do Centro Irmãos Unidos.

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“São sapatilhas novas, se fossem usadas certamente o preço seria menor. Acho que estão a pensar que, por serem novas, serão vendidas, mas elas serão repartidas pelas escolas”, assegura Kukart, responsável da escola C.A. Soudiers Chã de Alecrim Basket. Este técnico diz que trabalha com quase 50 crianças desfavorecidas no polivalente de Chã d’Alecrim e que elas precisam desses materiais.

Porque a sua escola não é ainda legalizada, Kukart aceitou que a encomenda fosse enviada para o clube All Blacks. Porém, esse facto, em vez de ajudar, acabou por criar mais problemas. É que a Alfândega decidiu cobrar 60 contos para o despacho da mercadoria. Como explica Octávio Costa, um privado não pode fazer donativo de forma individual. “Se assim fosse, tudo o que um privado remetesse para Cabo Verde seria enviado como donativo”, explica.

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Neste caso, as sapatilhas teriam que ser enviadas por uma organização para uma associação reconhecidas nos Estados Unidos e em Cabo Verde. O director da Alfândega do Mindelo explica que não podem agir de outra forma por não haver suporte legal. “Aquilo que podem tentar fazer é solicitar uma isenção de despacho junto da Direção-Geral das Alfândegas. Normalmente costumamos ajudar, mas quando é pouca coisa e usada. Mas estamos a falar de cem pares de sapatilhas novas, que foram enviadas por um privado. Não tenho competência para dar uma franquia”, afirma Octávio Costa. Acrescenta o responsável da Alfândega do Mindelo que o despacho de pagamento já foi efectuado e que um dos pressupostos de isenção é a associação que recebe um donativo ter estatuto de utilidade turística, o que não é o caso.  

Kukart Almeida diz que já apresentaram todos os documentos comprovativos, bateram em todas as portas para tentarem resolver essa questão, mas sem sucesso. Para ele é muito custoso um projecto de carácter social vir pagar tanto dinheiro para ajudar crianças que andam a ser formadas de forma gratuita.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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