O cantor e instrumentista Zezé Barbosa representa Cabo Verde na iniciativa da UCCLA “A Cantar em Português #FICOEMCASA” com a canção “Um Beijo di Bô”. Este projecto surgiu na sequência do adiamento de espectáculos e exposições por causa da pandemia do Covid-19, que tem penalizado fortemente o sector da cultura um pouco por todo o mundo.
Em comunicado da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, (UCCLA), o Secretário-geral Vítor Ramalho disse tratar-se de uma iniciativa que tem como missão trazer música, com autores dos países de língua portuguesa, num momento em que milhares de pessoas se encontram em isolamento social, resultado desta pandemia.
Vítor Ramalho indicou ainda que a ideia surgiu num contexto em que os espetáculos foram adiados, as exposições proteladas e a cultura, de uma maneira geral, passa por uma fase menos favorável.
Para além de Zézé Barbosa, participam nesta iniciativa músicos como Camila Masiso (Brasil), Cao Bei (China) Costa Neto (Moçambique), Guto Pires (Guiné-Bissau), Paulo de Carvalho (Portugal), Paulo Flores e Yuri da Cunha (Angola), Tonecas Prazeres (São Tomé e Príncipe). Os vídeos das canções destes artistas poderão ser visualizados no site da UCCLA.
Antes a UCCLA já tinha desafiado os escritores a publicarem pequenas produções literárias, contribuindo, através delas, para uma reflexão sobre o novo modelo de vida com que poderemos vir a ser confrontados no futuro. O escritor cabo-verdiano José Luiz Tavares foi, como anunciado pelo Mindelinsite, o primeiro crioulo a abraçar esta iniciativa.
José Pedro Vieira Barbosa, refira-se, nasceu em 1962, em Cabo Verde, Ilha de Santiago, Porto Ribeira da Barca. A sua infância foi vivida em Angola até aos anos 70 onde, com a sua mãe, rumou apenas com um ano de idade. O despertar para a música cedo se apoderou de si, pois, já com os amigos de infância tentava dar cor às notas na viola de lata. Regressando a Cabo Verde anos mais tarde, este reencontro com a terra que o viu nascer e que está alojada no seu coração teve o impacto fulcral em sua vida. A paixão pela música fez com que tivesse que tocar muitas vezes escondido.
Na Associação Cabo-verdiana de Lisboa, que considera ser a sua segunda casa, começa a cantar Morna sob a luz do Sol, nos almoços dançantes. Lá permanece até aos dias de hoje. Mais tarde, em 1995, dá a estampa o seu primeiro CD “Kal é bu sonho”. Resultado de um trabalho acústico e mais tradicional, apresentou-se em digressão em 2014 com “Um beijo di bó”. Em 2018 gravou Mornas d’sodade, lembrando poetas da sua terra saudosa.
João A. do Rosário