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Roupas e sapatilhas decoradas pelo artista “Blooting” apresentadas em desfile de moda exclusivo na cidade do Mindelo

Blooting”, um jovem cujo talento é “ressuscitar” roupas e sapatilhas velhas com desenhos artísticos, apresenta amanhã na cidade do Mindelo as suas obras num desfile de moda na chamada Rua Pedonal. Por estes dias, tem estado mergulhado no seu atelier produzindo as peças que serão usadas pelos modelos nesse evento organizado pela CV Stage.

O convite partiu da agência que, conforme a gerente Eliane Graça, tem como principal vocação captar e catapultar talentos. “E estamos a falar de um jovem talentoso, cuja arte tem estado a ser reconhecida em S. Vicente. Basta ver o nível de solicitação de trabalhos”, justifica Eliane Graça, que decidiu realizar um desfile exclusivo com peças feitas por Diego “Blooting” Silva.

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Até este momento 12 trabalhos já foram concluídos, mas o artista está a tentar aumentar a quantidade de roupas ornamentadas para o desfile, estimado em uma hora. Os desenhos foram executados em roupas jeans disponibilizadas pelos próprios modelos. Nalguns casos, os temas das pinturas foram propostos, noutros os donos das peças deixaram ao critério da criatividade do artista. Entretanto, além dos vestuários estarão à mostra algumas sapatilhas pintadas pelo referido artista.

“Sendo o meu primeiro desfile, confesso que estou ansioso e com um bocadinho de medo. Sempre que aparece algo positivo para ajudar-me a divulgar o meu trabalho fico um pouco receoso porque não foi fácil chegar aqui”, assume o jovem. Apesar deste receio, mostra-se confiante na sua capacidade em enfrentar e superar desafios.

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Nascido na zona da Ribeira Bote, mas residente neste momento em Cruz de João Évora, Diego Silva, seu nome próprio, está num processo de crescimento artístico. Foi preciso, no entanto, pisar em muitos espinhos durante esta trajetória. Como revelou ao Mindelinsite, descobriu o seu talento para a pintura em momentos de raiva e de desespero na sua adolescência. “Passei por muitos problemas familiares, tendo chegado ao ponto de sair de casa e abandonar a escola à procura do meu rumo e da minha independência”, revela, que começou cedo a trabalhar para se sustentar.

O jovem confessa que quando se sentia frustrado refugiava-se no seu quarto, pintava as paredes ou em roupas que rasgava. Nesses momentos, acrescenta, pintava basicamente cenas de “terror”. “Era o meu tema preferido porque era como me sentia.”

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Aos poucos, no entanto, foi descobrindo como lidar com os sentimentos e pensamentos. Uma maturidade que soube usar quando foi despedido do seu emprego. “Em vez de entrar em desespero vi isso como uma outra porta que estava a abrir no meu horizonte. Passei a trabalhar com mais afinco nos meus desenhos”, conta Diego Silva, que passou a ser outra pessoa.

Um dos efeitos foi ganhar coragem para passar a divulgar a sua obra nas redes sociais e a aceitar encomendas dos amigos. Em pouco tempo passou a ser elogiado e a receber cada vez mais pedidos, principalmente da malta jovem. Um dia, entretanto, simulou uma entrevista com um amigo, postou o vídeo e a sua fama disparou. Nesse ínterim foi abordado por uma jornalista, que ajudou a divulgar as suas criações.

Foi nessa altura que passou a ser conhecido pelo nome artístico Blooting, que lhe foi atribuído por um amigo. Diego explica que nessa altura tinha cabelo grande e, como não gostava de pentear, costumava usar um lenço vermelho na cabeça, que lhe dava um ar dos gângsteres norte-americanos. “Um dia, enquanto estávamos a curtir a noite, apareceu um amigo numa ‘paranóia’ e chamou-me de blooting. E o nome ficou”, conta o jovem, que se acostumou de tal forma com o seu nome artístico que se sente “estranho” quando é chamado de Diego.

Com o passar do tempo, Blooting ganhou segurança e aprimorou a sua arte. Além de desenhar em tecidos passou a apostar em sapatilhas, que sempre foi um dos seus objectivos. Hoje, diz, sente-se empolgado com essa nova linha de trabalho. Assume que tem conseguido dar conta do recado dos diversos desafios enfrentados, ao ponto de ter uma carteira considerável de clientes, na sua maioria jovens.

Blooting tem estado a expandir os seus tentáculos artísticos. Revela que já fez um trabalho para Mark Delman, mas que o seu grande sonho é conhecer e poder trabalhar para o artista Dino de Santiago. Diz sem pestanejar que se sente inspirado pela mensagem presente nas músicas do famoso artista cabo-verdiano, que este ano foi uma das principais atrações do festival de música Baía das Gatas.

Amanhã, dia 29, uma equipa de modelos vai apresentar um desfile com roupas pintadas por Blooting. É a estreia absoluta do jovem nascido na zona da Ribeira Bote e que precisou atravessar campos de espinhos para se singrar como um criativo.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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