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Revista NosAgenda doa 1.000 euros para projecto de galeria de arte do artista “Boss” Brito

O artista plástico João “Boss” Brito foi agraciado com a oferta de um cheque de mil euros encaminhado da Holanda pela revista semestral Nos Agenda para ajudar na implementação de uma galeria de arte na cidade do Mindelo. Esse valor surge na sequência de uma promessa feita pela emigrante Elga Fernandes de reverter um euro para o projecto por cada exemplar vendido da edição dedicada à memória da falecida cantora Cesária Évora.  

A revista traz na capa a fotografia de uma pintura de Cise da autoria de “Boss” Brito e que foi descoberta ao acaso pela proprietária da publicação. “Costumo fazer pesquisa na net para ver e promover os nossos artistas e acabei por encontrar a obra de João Brito. Quando decidi homenagear a nossa Cise, quando completou 10 anos sobre a sua morte, achei que essa pintura seria ideal para ilustrar a capa”, explica essa produtora, que entrou em contacto com Boss e recebeu a devida autorização para colocar essa imagem na capa de “NosAgenda”.

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A edição foi primeiramente feita no formato digital e, segundo Elga Fernandes, a capa encantou muita gente pelo que se viu obrigada a fazer um lançamento impresso, que saiu em junho passado em português e holandês. A venda da magazine tem decorrido dentro da normalidade, pelo que a proprietária decidiu cumprir agora a sua promessa de oferecer um euro ao artista Boss por cada exemplar vendido. A entrega do cheque de mil euros aconteceu na galeria do artista na cidade do Mindelo por Marlene Neves, organizadora do concurso Miss 40+, em representação da amiga Elga Fernandes.

O artista plástico aceitou com agrado o valor, que será aplicado no projecto da galeria destinada ao ensino das artes e exposição de obras. Segundo Boss, há algum tempo que quer abrir uma escola de arte para repassar os seus conhecimentos e chegou a adquirir mesas e cadeiras para esse espaço. No entanto, foi obrigado a vender esses materiais devido a crise da pandemia.

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Por coincidência ou obra do destino, Boss pretendia vender o quadro de Cesária Évora para investir esse dinheiro no projecto. Conta que resolveu criar esse grande quadro – que tem 2,30 por 1,73 metros – com a intenção de ser adquirido pela ASA e ficar exposto no átrio do aeroporto internacional Cesária Évora, em S. Vicente. “Repare que o aeroporto não tem uma imagem da Cesária no seu interior e pensei que seria do interesse da ASA comprar essa pintura”, conta Boss, que pintou a tela em oito horas.

A obra tem suscitado interesse de alguns compradores, como um português que adiantou parte do dinheiro, e do próprio Ministerio da Cultura. Mas Boss, que avalia a pintura em 1.500 contos, ainda não fechou negócio com ninguém. “No caso do português, eu quis restrituir-lhe o montante enviado, mas ele disse que o dinheiro serviria como um investimento para o meu trabalho. Quanto ao Ministério da Cultura não foi possível chegarmos a um acordo, mas eu disse ao ministro que o valor seria para ser aplicado nessa galeria, que iria aumentar os espaços artísticos em S. Vicente e servir para formar novos artistas”, revela o artista, que chegou a expor o trabalho no átrio do aeroporto de S. Vicente durante um evento promovido por um núcleo de artistas mindelenses.

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A tela, segundo Boss, vai se valorizando a cada dia que passa. Afirma que gostaria de vende-la porque vive da arte, mas assegura que não faria isso se tivesse autonomia financeira. O conhecido carnavalesco do grupo Monte Sossego, cujos andores já ganharam vários prémios, diz que a sua sina é a mesma que enfrenta quem vive apenas da arte em Cabo Verde. Frisa que costuma ficar meses sem trabalhar devido a sua dedicação ao Carnaval. “Perco a minha linha de trabalho porque concentro a minha atenção na construção das alegorias. Por exemplo, desde o Carnaval deste ano que já fiz apenas dois trabalhos”, ilustra.

Esta foi a primeira vez que a pintura de Cesária Évora foi capa de uma publicação. Para Boss, o trabalho ficou em “grande estilo” na revista.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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