Residente em S. Vicente, Fattu Djakité escolhe Mindelo para lançamento do álbum “Praia-Bissau” em janeiro
A artista Fattu Djakité vai fazer o lançamento do álbum “Praia-Bissau”, o seu primeiro trabalho discográfico a solo, no próximo mês de janeiro em S. Vicente, ilha onde agora reside. O dia ainda é uma incógnita, mas é certo que a cantora será acompanhada por músicos cabo-verdianos, incluindo elementos da banda com a qual tem estado a ensaiar na cidade do Mindelo.
“Vou usar prata da casa porque temos excelentes músicos em Cabo Verde. Já estou a trabalhar com uma banda em S. Vicente e vou aproveitar este grupo”, comenta a compositora nascida na Guiné-Bissau, cujo trabalho foi gravado no Brasil com a participação de artistas cabo-verdianos, brasileiros, israelitas e guineenses e conta com a participação especial do rapper Emicida.
Após o show na cidade do Mindelo, Fattu Djakité terá como palco a Capital, que dá nome a esse disco intitulado Praia-Bissau, duas referências marcantes na sua vida e que simbolizam Cabo Verde e Guiné. A cantora lembra que veio para Cabo Verde aos cinco anos, viveu a infância, adolescência e a fase adulta no arquipélago, logo passou a se sentir, também, cabo-verdiana. Deste modo, para ela, o disco representa um gesto de gratidão à sua terra natal e ao país que a acolheu.
“Este disco é a história da minha vida, uma viagem de volta às minhas raízes, a minha visão de criança. Alguns dos temas escolhidos fazem parte da minha infância, como, por exemplo, ‘Guiné-Bissau’ e o clássico ‘Ké ki mininu na txora’…”, ilustra Djakité. A obra tem 10 faixas, sendo 7 inéditas e destas constam duas composições próprias: “Kumakê” – a primeira música que fez em crioulo da Guiné – e “Minina d’Oru”, que fala da sua visão de criança, adolescente e mulher adulta.
“Praia-Bissau” foi gravado no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, há cinco anos. Mas só foi lançado nas plataformas digitais no dia 25 de novembro deste ano. Segundo Djakité, o disco demorou todo este tempo devido a vários contratempos, um deles o facto de o produtor residir no Brasil e ela em Cabo Verde. Mesmo assim, para ela, a obra sai no tempo certo. “Sinto que agora estou mais madura para defender este trabalho, o que realmente sinto e significa para mim”, acentua Djakité, que se mostra muito satisfeita com o resultado desse álbum. Um disco com ritmos diversos, da world music, e que, segundo ela, pode ser levado a qualquer palco internacional.
A oportunidade de gravar o disco surgiu quando a cantora conheceu um produtor brasileiro na cidade da Praia e que trabalha com artistas de renome como Elza Soares, Maria Bethânia e Paulo Flores. A cantora remeteu-lhe algumas músicas e começaram o trabalho. Para o efeito, outro produtor, Maurício Pacheco, veio para a cidade da Praia, onde passaram uma semana selecionando as canções. De seguida, Fattu Djakité viajou para Rio de Janeiro, onde passou um mês gravando as vozes principal e coro.
A cantora sente que o lançamento do disco testemunha a maturidade adquirida ao longo da sua carreira. Segundo Djakité, o público pode agora conhecer e sentir a sua essência artística, que é composta pela sua raiz guineense e a vivência em Cabo Verde. Daí ter cantado no crioulo dos dois países e ter escolhido músicas referências das duas paragens. Uma forma, diz ela, de concretizar o sonho de Amílcar Cabral, quando lutou pela libertação da Guiné e Cabo Verde. “Sinto que personifico essa ligação. Ninguém consegue tirar-me isso e irei sempre defender as duas bandeiras”, afirma.