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Proposta de desfile de Carnaval no Estádio Adérito Sena “cheira” a plágio ao diretor da bateria do Cruzeiros do Norte

A proposta da Comissão Adhoc + S. Vicente de construção do Sambódromo do Mindelo na Avenida 12 de Setembro, com desfile dos grupos oficiais no Estádio Adérito Sena, “cheira” a plágio ao maestro da batucada do grupo Cruzeiros do Norte. Recorrendo a um projecto elaborado em outubro de 2021, e que foi remetido à redação do Mindelinsite, Nuno Gonçalves comprova que o grémio chegou a sugerir à Câmara de S. Vicente a realização do desfile carnavalesco de 2022 no campo municipal de futebol, com a colocação de bancadas metálicas atrás das balizas.

Nessa proposta, os grupos fariam a concentração nos entroncamentos dessa via rodoviária e depois uma entrada no estádio pela porta situada junto a Academia Carlos Alhinho. Cada um dos seis grémios (Samba Tropical, Cruzeiros, Estrela do Mar, Monte Sossego, Vindos do Oriente e Flores do Mindelo) faria o seu show para pelo menos 10.000 pessoas dentro do estádio e depois a dispersão num terrapleno na zona da Torrada.

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“Eu não posso afirmar que estamos perante um plágio porque não tenho provas. Agora, é um facto que, enquanto lia a notícia do sambódromo, via o nosso projecto passando na minha mente. Há muitas coincidências”, comenta Nuno Gonçalves, que não descarta a possibilidade de haver ideias parecidas ou até idênticas. Enfatiza, no entanto, que tem a forte sensação de haver plágio do projecto, que foi elaborado tendo em conta a fase descendente da pandemia da Covid-19 em Cabo Verde, quando já se falava na eventualidade de a sociedade voltar aos poucos à normalidade.

“Se o Cruzeiros do Norte não tivesse entregue o projecto eu não estaria aqui a falar do assunto”, frisa esse dirigente. Segundo Gonçalves, houve inclusivamente uma reunião com o Presidente da CMSV, que chegou a mostrar a sua preocupação sobre a preservação do relvado, tendo o grupo demonstrado que o desfile seria realizado apenas na pista à volta do retângulo de jogo.

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“A ideia surgiu durante uma conversa com o presidente Jailson Juff, quando já se falava na possibilidade de haver desfile em 2022. E pensamos que o estádio Adérito Sena seria um local alternativo ao centro da cidade”, explica Nuno Gonçalves, para quem a proposta da comissão adhoc + São Vicente apresenta 85% de coincidências com a do Cruzeiros do Norte. As diferenças, enumera, residem apenas na edificação do Monumento ao Carnaval na rotunda da Rua do Coco e a dispersão nesta mesma rua, após os grupos contornarem a rotunda da Ribeira Bote.

Avenida 12 de Setembro, rotunda da Rua do Coco

Perguntada a sua opinião sobre a proposta da referida comissão, Nuno Gonçalves afirma que a transferência do sambódromo da Rua de Lisboa para a Avenida 12 de Setembro poderia ser viável. “Se fosse contra essa proposta, seria contra o meu próprio projecto. A minha questão é saber como a comissão teve a mesma ideia”, diz o dirigente do Cruzeiros do Norte.

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Fátima Monteiro refuta possibilidade de plágio

Confrontada com a reação do director da batucada do Cruzeiros do Norte, a professora Fátima Monteiro nega categoricamente a possibilidade de plágio. “A ideia é minha e foi operacionalizada pelo arquitecto Carlos Hamelberg, que concebeu o monumento ao Carnaval”, responde essa representante da Comissão Adhoc + São Vicente.

Segundo Fátima Monteiro, o máximo que se poderia dizer é que há coincidências, mas, reitera, em nenhum momento soube da proposta/projecto do Cruzeiros do Norte. “Aquilo que o grupo deveria ter feito era socializar a sua ideia, tal como a nossa comissão está fazendo”, frisa Monteiro, acentuando que a comissão é composta por gente séria e competente, que age a partir de critérios académicos, no estrito respeito pela obra alheia.

Contundente, Monteiro diz que o Cruzeiros do Norte deveria formalizar uma acusação se acha que o seu projecto foi plagiado. Diz que se tem mantido discreta no seu trabalho, mas que não tolera esse tipo de suspeição. A docente assegura que a Comissão vai respeitar a autoria de projectos e fazer referências aos autores, como ditam as regras dos trabalhos científicos.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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