O compositor e intérprete Kaká Barbosa faleceu hoje aos 70 anos de idade, justamente no dia do seu aniversário. O conhecido músico encontrava-se nos últimos tempos com problemas de saúde.
Para o ministro da Cultura, a nação perdeu um nome incontornável da escrita em crioulo, da prosa tradicional, uma voz única no canto popular e na poesia de inspiração revolucionária. Segundo Abrãao Vicente, o malogrado artista bebeu da mesma fonte antiga que os tradicionalistas Nácia Gomi, N’Toni Denti Dóru e Bibinha Cabral. “Kaká era contudo mais moderno, mais consciente, mais politicamente activo em todas as frentes da cultura e do ativismo social e político”, enfatiza o governante numa publicação na sua página no Facebook, para quem Kaká era dos activos mais produtivos e talentosos do espectro cultural cabo-verdiano.
Carlos Alberto Lopes Barbosa nasceu na Ilha de S. Vicente, mas viveu toda a sua infância e juventude em Santa Catarina – Vila de Assomada – uma região do coração de Santiago que influenciou e marcou a sua personalidade artística. Autor de temas marcantes, muitos deles gravados nas rádios e em disco, participou como compositor e intérprete no disco “Trás di Son” e preparava-se para gravar uma colecção de novos trabalhos da sua autoria.
Poeta e contista, tem cinco obras publicadas sendo três escritas em cabo-verdiano: Vinti Xintido Letrado na Kriolu, Son di ViraSon e Konfison na Finata – poesia – e duas em português ChãoTerra Maiamo – poesia e Cântico às Tradições – contos. Tinha pronto para publicação duas colectâneas de poesia – Terra Dilecta e Gaveta Branca – escritas em língua
portuguesa. Além disso estava em preparação o livro das suas composições – Letras , Sons & Concertos.
Como cronista tem vários artigos de opinião dispersos em revistas e jornais nacionais e electrónicos. Foi membro fundador do Movimento Pró – Cultura; fundador Associação dos Escritores Cabo-verdianos; participou na formação de várias organizações sociais e culturais do país, nomeadamente o Grupo Simentera. Foi galardoado com o Diploma Recognition do Governo do Estado de Rhode Island and Providence Plantations – USA pelo contributo dado à cultura cabo-verdiana.
Foi também distinguido com a Medalha de Mérito por ocasião do 30º Aniversário da Independência Nacional pelo Primeiro-ministro José Maria Neves e com a 1ª Classe da Medalha do Vulcão pelo Presidente da República Pedro Pires. Considerado um artista autodidacta, Kaká Barbosa foi também deputado da Nação da VI Legislatura e VII legislatura.
Nadine Gomes