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Cultura

Catálogo com mais de 400 espécies da Enseada de Coral da Lajinha apresentado no CCM

Foi apresentado ontem, no Centro Cultural do Mindelo, um catálogo digital com 421 fotografias de espécies da biodiversidade da Enseada de Coral da Lajinha. A apresentação da obra esteve a cargo dos biólogos Rui Freitas e Keider Neves, este último, de acordo com o autor da livro, Guilherme Mascarenhas, descobriu a pouco mais de uma semana mais uma espécie de coral onde já foram catalogados mais de dez espécies diferentes. 

Segundo o fotógrafo e ambientalista Guilherme Mascarenhas, que antes não gostava de mergulhar por ser friorento, começou a acreditar no sonho de fazer um catalogo das espécies existentes na enseada de coral da Lajinha após adquirir uma maquina que permitia fazer fotografias de mergulho com grande qualidade. “E cá estamos com um catálogo com 421 espécies, com variações. Cada espécie tem juvenil, macho, fêmea e coloração diferente devido a época de acasalamento. Há uma grande variação de espécies marinhas”, disse.  

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Apesar de contabilizar muitas horas de mergulho e de já ter sido sinalizado mais de 500 espécies, Mascarenhas diz que ainda é possível descobrir espécies novas nesta enseada de coral, destacando a mais recente descoberta do biólogo Keider. “Ele acaba de descobrir mais uma espécie de coral na enseada, elevando para 11 o número de corais distintos identificados no local. A descoberta foi feita a pouco mais de uma semana. Infelizmente ainda não está no livro, mas irá de certeza estar brevemente”.

Para Mascarenhas, que voltou a insistir na “riqueza” da Enseada de Coral da Lajinha, o principal objectivo deste livro, que pensar editar também em físico, é preservar o local. “Infelizmente, a enseada está sob ameaça por causa da saída das águas fluviais e da saída das águas dos dessalinizadores da Electra. Já convidamos todos os intervenientes e até temos uma proposta de solução. A enseada já está num processo de degradação rápida. Há corais a morrer”, alerta. 

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Constituído por 15 capítulos, o livro traz ainda duas frases de impacto de Jacques Cousteau que pedia as pessoas para protegerem o que amam e do neto que complementou o avô dizendo como podem as pessoas amar o que não conhecem. “Por isso é que digo que o objetivo deste livro é dar as pessoas a conhecer para depois amarem e protegerem. Todos os fins-de-semana estamos na enseada disponíveis para levar quem quiser mergulhar para conhecer”, informa. 

Para o biólogo Keider Neves, que explicou tecnicamente as fotografias do livro, a enseada é um local com uma biodiversidade incrível porque tem mais de 500 espécies catalogadas, incluindo algumas existem apenas em Cabo Verde, três factores tornam a enseada única: a heterogeneidade de habitats, ser uma zona abrigada e pouco profunda e ter uma água quente e límpida, ideal para o desenvolvimento de corais.

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Este criticou a falta de politicas para protecção apesar dos discursos das autoridades sobre a riqueza da biodiversidade do país. “Não se faz nada para salvaguardar o mar. Apesar dos discursos, poucos são os esforços e as políticas no sentido de conservar e preservar o mar. Seria melhor preservar e conservar o que temos temos agora do que futuramente restaurar o que já foi perdido. Isto é um apelo às autoridades no sentido da preservação e conservação do meio ambiente”, declarou, ilustrando esta sua intervenção com fotografias mostrando o impacto das obras de drenagem das águas fluviais na enseada corais, totalmente cobertas de lama e, posteriormente, mortas.  

Já o biólogo Rui Freitas, que falou sobretudo das aventuras marinhas e do interesse do fotógrafo e docente Guilherme Mascarenhas, mas também dos feitos do antes alunos mais agora colega Keider Neves, destacou importância da Enseada de Carol, que apelidou de “um laboratório para reconhecimento da fauna e da flora marinha cabo-verdiana e para a educação ambiental”. Por isso, lamentou a falta de resposta do Governo a uma proposta para criar um sítio de interesse científico na enseada de coral da Lajinha desde agosto de 2019. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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