O Samba Tropical apresenta este sábado aos mindelenses o enredo e as figuras de destaque para o Carnaval 2023 no renovado edifício do CNAD, mas a saída do grupo está neste momento ensombrada por um grande ponto de interrogação. O problema é que o grémio ainda não encontrou um espaço para instalar os estaleiros de construção dos carros alegóricos e já só faltam dois meses para o grande momento.
Por esta altura do campeonato, o Samba Tropical costuma estar com o estaleiro montado e algumas esculturas bem avançadas, mas a realidade deste ano é outra, e pela negativa. “O Samba está a enfrentar este ano um problema gravíssimo porque estamos até este momento sem estaleiro e sequer temos uma promessa. Já batemos em várias portas, pedimos o apoio da Ligoc e da CMSV e nada de concreto até agora. Estamos demasiado preocupados ao ponto de estarmos a repensar se vamos realizar o desfile”, desabafa David “Daia” Leite. Segundo este dirigente, a situação será analisada durante uma reunião agendada para o dia 17 de dezembro e decidido se vai haver desfile.
O grupo enfrenta ainda outro desafio que, informa Daia Leite, tem a ver com o fornecimento de materiais pelas lojas chinesas para a confeção dos trajes e acessórios. Segundo o presidente do Samba, os empresários chineses não fizeram a importação atempada dos utensílios partindo do princípio que o Carnaval seria cancelado de novo em 2023 e agora já não há tempo suficiente para resolverem esse handicap.
Entretanto, está programada para esta segunda-feira uma viagem para o Brasil de uma comitiva composta por elementos de todos os grupos para efectuarem compras de adereços, penas, plumas, tecidos e de materiais para as respectivas batucadas. Só que, enfatiza Daia Leite, não poderão trazer grandes quantidades visto que a viagem é de avião e cada pessoa tem direito a duas malas.
Daia Leite mostra-se desgastado com o facto de os grupos enfrentarem ainda tantos problemas, nomeadamente a disponibilidade de um estaleiro, tendo em conta o nível que o Carnaval já atingiu em S. Vicente. “Faltam dois meses e estou a sentir-me neste momento mais cansado do que no dia do desfile”, enfatiza Leite. O carnavalesco afirma que este ano todos os grupos estão a sentir na pele o problema da falta de espaço e de fornecimento de materiais pelas lojas chinesas.
Cruzeiros do Norte
Abordado pela nossa reportagem, Nuno Costa confirma que o Cruzeiros do Norte está a enfrentar sérias dificuldades nesses quesitos. O grupo conseguiu o mesmo espaço onde costuma trabalhar, mas, diz, as condições são péssimas. Explica que será preciso arranjar chapas para cercar a área, mas os trabalhadores podem ficar expostos ao sol e ao vento e não disporem de espaços condignos para refeições. Além disso chama atenção para aspectos ligados à segurança dos funcionários e dos próprios carros alegóricos.
“Acho que chegou o momento de os grupos baterem com a mão na mesa e exigir a resolução de determinados problemas. As pessoas vêm o nível dos desfiles, mas não imaginam as perenes que os grupos passam”, comenta esse membro da direção do Cruzeiros do Norte. Para ele, o problema dos acessórios e tecidos para os trajes pode ser resolvido desde que houver dinheiro, mas coisa diferente é arranjar um estaleiro.
Nuno Costa tem a mesma opinião de Daia Leite sobre a viagem ao Brasil. Para ele, os grupos terão de dar prioridade a materiais leves e pouco volumosos e isto não será suficiente para satisfazer todas as necessidades.
O Mindelinsite tentou ouvir os dirigentes de Flores do Mindelo, Monte Sossego e Estrela do Mar, mas só conseguiu chegar à fala com o presidente deste último grupo. Porém, Nando, como é conhecido, estava muito ocupado e prometeu abordar o assunto mais tarde.