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Presidente da LIGOC reconhece “falhas”, mas afirma que o Carnaval de Verão foi espectacular

O Carnaval de Verão retornou ontem à noite ao centro da Cidade do Mindelo que, apesar da chuva de críticas nas redes sociais sobre a “banalização” da festa do Rei Momo, esteve com as ruas a abarrotar. Uma presença que, para Jorge Castanheira, ex-Presidente da liga brasileira do Carnaval, mostra o nível da paixão que o povo mindelense nutre pelo evento. “Tanta gente que tivemos dificuldades para entrarmos na Rua de Lisboa. Tudo isto é emocionante”, salienta esse palestrante, para quem a presença do público acaba por prestigiar o projecto, que culmina com uma apresentação pública dos conhecimentos adquiridos nos workshops com os especialistas vindos do Brasil.

Para Marco Bento, presidente da Ligoc-SV, a performance dos foliões foi espectacular, mas reconhece algumas falhas, como a falta de vedação do circuito e a escassa propagação do som. “Poderíamos estar melhor preparados em termos de infraestruturas, mas precisamos aumentar os recursos para fazermos um desfile com mais qualidade. Temos de levar em conta, entretanto, que este é um carnaval de retoma pós-pandemia”, frisa o responsável da liga dos grupos oficiais de S. Vicente, lembrando que o objectivo do projecto é ajudar a aprimorar o Carnaval do Mindelo no seu todo e servir como mais um cartaz turístico. Na sua perspectiva, o workshop deste ano trouxe melhorias, mas que nem todas as pessoas conseguem captar durante o desfile.  

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Esta visão é partilhada por António “Patcha” Duarte, presidente do grupo Monte Sossego, para quem esta edição trouxe um elenco de formadores mais rico e equilibrado, que proporcionou um “up” na capacidade organizativa dos grupos e na qualidade de dança das passistas. “Houve contributos importantíssimos em sectores-chaves do nosso Carnaval”, afirma o dirigente de Montsu, lembrando, entretanto, que o desfile é apenas uma réplica do concurso oficial. Mesmo assim considera que foi apresentado um grande espectáculo na cidade do Mindelo.

Porta-bandeira Lucinha Nobre

David “Daia” Leite, presidente da escola Samba Tropical, enfatiza que esta edição aconteceu após um interregno de três anos devido a pandemia. Daia notou a falta de colaboração de pessoas, que invadiram a pista, mas mostrou-se grato com o convívio propiciado pelo desfile. Para ele fica difícil comparar as edições, mas volta a lembrar que os outros desfiles estavam a seguir uma dinâmica, que foi quebrada com a pandemia.

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O projecto Carnaval de Verão é para ser acarinhado, na perspectiva de Guilherme “Regy” Oliveira, membro do grupo Monte Sossego, por possibilitar o crescimento contínuo das pessoas envolvidas directamente na preparação da festa do Rei Momo em S. Vicente. “As pessoas devem entender que precisamos exercitar, adquirir e aprimorar os conhecimentos. O conhecimento, como se costuma dizer, não ocupa espaço, e tudo o que pudermos aprender será aplicado na melhoria do nosso Carnaval”, enfatiza esse folião, que minimiza as críticas daqueles que consideram que se está a banalizar o Carnaval. “Quem critica são pessoas que sequer vivem em S. Vicente e que nunca fizeram nada pelo nosso Carnaval. Estamos aqui a aprender e vem ver o desfile quem quer, ninguém é obrigado a estar aqui”, diz, salientando que, apesar de toda a informação passada nos workshops houve atraso no arranque do desfile. Sinal, para ele, de que é preciso continuar a aprimorar os processos.

Mari Mola, professora e Rainha do Carnaval do Rio de Janeiro 2023

Dailene Rocha, ex-rainha da bateria de Monte Sossego, também dá o troco a quem critica a dinâmica incutida nessa manifestação cultural na cidade do Mindelo. Para ela, fica difícil entender como tanta gente manda bocas e no entanto a cidade é invadida por milhares de pessoas para ver o desfile de verão. “Deveríamos era ter Carnaval o ano inteiro”, considera.

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Enquadrada na ala das passistas, Mari Mola, Rainha do Carnaval do Rio de Janeiro, considerou incrível e inesquecível a experiência de desfilar no Mindelo. E um dos aspectos que a professora brasileira enalteceu foi a interação com o público. “Ter essa interação com as pessoas repassa uma forte vibração”, sublinha essa passista. Mari Mola assume que o desfile ultrapassou a sua expectativa.

O show arrancou a partir da praceta Don Luiz com uma hora de atraso e um dos pontos que logo chamou atenção do público foi a propagação do som por todo o cortejo. Como é natural, o volume da batucada e do trio eléctrico era mais forte no centro, enquanto ia perdendo potência nas extremidades. Além disso, a falta de vedação permitiu a invasão da pista pelo público. E, nota final, o desfile terminou de forma abrupta porque o andor de Monte Sossego foi bloqueado por viaturas estacionadas nas traseiras do Centro Cultural do Mindelo, que dão acesso à Rua de Lisboa. Devido a esse impasse, os músicos e foliões acabaram por dispersar, mas já depois de terem dado praticamente toda a volta ao circuito.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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