O Grupo Carnavalesco Monte Sossego venceu e impactou o Carnaval de São Vicente 2023 com um desfile impactante, carros-alegóricos inovadores e um enredo forte, “O povo das ilhas ainda quer um poema diferente para o povo das ilhas”, inspirado no poema de Onésimo Silveira, que lhe valeu ainda a conquista da maioria dos prémios individuais: Rei e Rainha, Primeira Dama, Melhor carro-alegórico, Rainha de Bateria e Bateria. Ainda assim, a diferença pontual do primeiro para o segundo classificado, Cruzeiros do Norte, não é significativo, 268.5 contra 264.5 pontos.
No seu timbre habitual e directo, António “Patcha” Duarte deixou claro que a expetativa do grupo Monte Sossego era desde sempre a vitória. “Sempre afirmei que o objectivo era vencer o Carnaval, tendo em conta o trabalho que temos estado a apresentar. O grupo Monte Sossego trabalha sempre para disputar e vencer. Aquilo que temos feito e que vamos continuar a fazer é contribuir para a elevação desta grande arte e a favor do Carnaval de São Vicente e elevar a cultura de Cabo Verde”, afirmou.
Mais do que vencer, segundo este responsável, o momento é de afirmação dos artistas do Carnaval de São Vicente. O desfile apresentado pelo grupo Monte Sossego foi a custa de uma quantidade enorme de ateliês locais, que produziram fantasias belíssimas, constatou. “Não foi preciso importar nada porque temos capacidade artística aqui mais do que suficiente para mostrar a estética e a plástica que apresentamos ontem. Esta é a nossa proposta. O Carnaval mindelense galgou mais um degrau no sentido da sua elevação e afirmação enquanto economia criativa deste país”, sustenta.
Sobre os prémios individuais, o presidente de Montou explicou que o grupo trabalha para o coletivo. Admite, no entanto, que era expetativa do grupo ganhar mais prémios individuais, nomeadamente do casal mestre-sala e porta-bandeira. “Ganhamos a música com ‘Djondjon que ta verga’ de Constantino Cardoso, Primeira Dama com Vera Spencer, com uma fantasia cheia de simbolismo. O Rei com Igor José Miranda, a Rainha com Catarina Cardoso, a Rainha de Bateria com Wendy Silva e ainda a bateria, exaqueo com o Cruzeiros do Norte. Ganhamos ainda o melhor carro-alegórico. Não foi especificado qual foi o andor vencedor, mas acreditamos que foi com a nossa segunda alegoria ‘Xadrez da Justiça’. Foi uma ousadia do grupo porque era um articulado, ou seja, dois carros acoplados. Arriscamos porque entendemos que aquilo que queremos para o Carnaval de SV é a monumentalidade.”
Por outras palavras, de acordo com Patcha, os grupos precisam investir em carros-alegóricos que impacto o Carnaval. No caso do Montsu, disse, apresentou três alegorias muito completas e cada uma com a sua história, conceito e memória. “Este carro em especifico tem estética diferenciada e foi feito com materiais totalmente inovadores. Foram utilizadas lonas acrílicas e iluminação indirecta que produziam um clarão em baixo. Aproveitamos o facto de estarmos a fazer a estreia do Carnaval á noite para ousar e dar um passo no sentido de trazer algo novo. O martelo do juiz, com um movimento permanente, acabou por criar um impacto naquilo que é a percepção das pessoas.”
Questionado sobre o desfile nocturno, a grande novidade do Carnaval de São Vicente ano, o presidente do Monte Sossego recusou tecer qualquer comentário, remetendo para a Liga Independentes dos Grupos Oficiais do Carnaval (Ligoc). “A Liga é a autoridade do Carnaval. As decisões são tomadas pela Direcção Executiva, após parecer do Conselho Directivo, que entendeu que este ano os desfiles deveriam acontecer à noite. Esteve à vista de todos o que são os ganhos. Depois de um tempo de trauma em que não tivemos absolutamente nada, renascemos das cinzas. Depois de um tempo de muita trauma, sem absolutamente nada, o Carnaval renasceu das cinzas e ganhou.”
Para além do troféu de campeão, Monte Sossego recebeu um cheque de 600 contos, Cruzeiros do Norte, o segundo classificado, levou para casa 500 contos, Flores do Mindelo, o terceiro, 400 contos e Estrelas do Mar, último, 300 contos. O grupo, que revalidou o titulo de 2020, recebeu 100 mil escudos pelo Melhor Carro-alegórico. Apesar de uma ligeira melhoria nos valores em relação ao último ano de Carnaval antes da pandemia, Patcha garante que este prémio não reflete aquilo que é o esforço financeiro feito pelos grupos se quiserem, de facto, marcar a diferença. “Os grupos precisam ser premiados com valores minimamente compatíveis com os investimentos feitos”, finaliza.
