Vereador elenca Cidade do Carnaval, Panteão e Palácio da Cultura como algumas das obras prementes para futuro de SV
O vereador Samuel Santos elencou a construção da Cidade do Carnaval, o Panteão Municipal, os palácios da Cultura e o das Instituições do Estado, a Universidade Africana do Atlântico e a Casa do Ouril como alguns dos projectos prementes a serem edificados em S. Vicente. Obras que, na opinião desse arquitecto, poderão agregar valor à ilha e serem até referência turística para quem visita o município.
Segundo Samuel Santos, algumas dessas ideias têm sido amplamente debatidas pela sociedade mindelense e até no seio de arquitectos em encontros informais. “Algumas dessas ideias foram inclusivamente tema de trabalhos académicos de fim de curso de arquitectura”, enfatiza Samuel Santos, que elencou essas propostas esta manhã, durante mais uma sessão das jornadas técnicas realizadas no Salão Nobre da CMSV para o “Fórum S. Vicente 2035”, marcado para 19, 20 e 21 de janeiro. Desta vez, o tema central foi ordenamento territorial e urbanístico de S. Vicente.
O Panteão Municipal, explica, será um espaço destinado a homenagear figuras de S. Vicente e a nível nacional, que promoveram o nome de Cabo Verde, como por exemplo a cantora Cesária Évora. Pessoas já falecidas, mas cujo legado precisa ser preservado e contado. Deste modo, diz, seria construído um edifício com uma arquitectura notável, aonde seriam depositados restos mortais dos homenageados num mausoléu, com um resumo das suas histórias de vida.
O Palácio Municipal das Instituições do Estado serviria para permitir a realização de trabalho por parte do Governo e do próprio Presidente da República, onde o Chefe do Estado pudesse receber os seus homólogos e até fazer cimeiras. Além disso, essa infraestrutura teria condições para receber sessões da Assembleia Nacional. “O actual Presidente da República afirmou que pensa passar uma semana em S. Vicente por mês a trabalho. Para que isso seja possível, a sua comitiva precisa dispor de certas condições”, ilustra o vereador que coadjuva o edil Augusto Neves na área do Urbanismo, para quem essa obra seria também enquadrada no âmbito das políticas de desconcentração do Estado. Como diz, se começa a haver a desconcentração de ministérios, porque não realizar as sessões da Assembleia Nacional noutras ilhas.
O Palácio da Cultura é outro investimento que, segundo Samuel Santos, faz todo o sentido numa terra tão rica em termos culturais como S. Vicente. Uma ilha que herdou hábitos dos colonos portugueses, mas também dos ingleses, cujas marcas ficaram cravadas na arquitectura, língua e jogos como o ténis, golfe e cricket.
A proposta é a construção de um auditório com capacidade para pelo menos mil pessoas, o que iria fomentar a realização de eventos culturais de grande amplitude e com o devido conforto. “No caso de um grupo cultural, este não precisaria fazer dois ou três espectáculos seguidos. Bastaria um, o que lhe permitiria poupar energia e tempo”, exemplifica Samuel Santos, lembrando que neste momento os espaços fechados existentes em Mindelo cabem no máximo 300 lugares sentados.
Outro investimento lógico para potenciar Mindelo, na óptica do proponente, é a construção da Cidade do Carnaval, sendo S. Vicente a ilha onde esta expressão cultural é mais forte em Cabo Verde e tem características muito próprias. “Apesar de S. Vicente ser carinhosamente tratada como um ‘Brasilim’, o nosso Carnaval é diferente. Incorporamos vários carnavais e a nossa batucada tem a sua própria assinatura, incorporando os nossos próprios ritmos”, justifica.
Neste caso, essa cidade iria dispor de pavilhões amplos para acolher as oficinas dos grupos carnavalescos, onde estes pudessem construir os seus carros alegóricos e promover formações artísticas. Seria igualmente possível fazer desfiles, mas não numa lógica do sambódromo linear do Rio de Janeiro. O sambódromo, diz, seria inspirado no trajecto do desfile na cidade do Mindelo, mas com melhorias. “Porque não reproduzir a fachada dos edifícios mais emblemáticos e com valor histórico por onde o desfile passa no centro da cidade?”, provoca.
Mindelo, frisa o vereador, é uma cidade universitária, recebendo neste momento várias escolas do ensino superior. O próximo passo seria construir a Universidade Africana do Atlântico, que iria aumentar exponencialmente a quantidade de alunos vindos do continente africano.
Por último, Samuel Santos elencou a edificação da Casa do Ouril, um jogo muito popular em Cabo Verde, particularmente na cidade do Mindelo, onde é praticado em várias pracetas. Para ele, esse jogo, que é caracterizado por exigir contas mentais e estratégias bem delineadas, precisa ser valorizado.
Segundo Samuel Santos, várias outras ideias podem ser sugeridas pelos interessados em enriquecer as propostas no domínio urbanístico. Ele que, diz, defende o concurso de ideias vindas de arquitectos experientes ou recém-formados, sendo certo, a seu ver, que Mindelo tem capacidade técnica suficiente para desenhar as obras que forem precisas.
Tratando-se ainda de ideias, o sítio onde cada uma dessas estruturas seria construído não foi avançado na apresentação, tão pouco a forma de financiamento. Estes aspectos serão provavelmente revelados durante o “Fórum São Vicente 2035”, marcado para acontecer de 19 a 21 de janeiro. Sob o lema “O futuro é de quem o planeia – tudo será possível no futuro”, esse evento visa discutir o desenvolvimento de S. Vicente enquadrado na região Norte, em parceria com as ilhas de Santo Antão e de S. Nicolau. E a meta para esse futuro é o ano 2035.
Com o tempo a apertar, nos últimos dias tem acontecido algumas sessões técnicas, que visam recolher subsídios para esse grande debate sobre o futuro da ilha de S. Vicente.