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UCS admite falhas e erros na Boa Vista e acusa trabalhadores do hotel Riu Karamboa de irresponsabilidade

O Primeiro-ministro Ulisses Correia admitiu a possibilidade de o Governo ter cometido erros e falhas na gestão do caso Riu Karamboa, mas ao mesmo tempo considerou de extrema gravidade o comportamento dos funcionários em regime de quarentena no hotel e daqueles que os incentivaram a rebelar-se e sair do confinamento. “O Governo assume as falhas e erros que possam ter sido cometidos, apesar de ter cumprido os protocolos aceites internacionalmente. No entanto, deixa-me ser claro quanto às responsabilidades dos trabalhadores em quarentena no hotel Riu Karamboa: sob que tipo de protesto, foram de extrema gravidade, irresponsabilidade promover, estimular ou incitar trabalhadores em quarentena à rebelião e motim contra as forças de segurança. Assim como foi uma grande irresponsabilidade o não cumprimento de regras de confinamento nos quartos e as de distanciamento social para impedir o contágio”, afirmou o Chefe do Governo esta tarde, para quem a irresponsabilidade maior foi o desrespeito pelo isolamento rigoroso depois que as pessoas saíram do estabelecimento turístico e foram para as suas residências. Como resultado disso tudo, frisa Ulisses Correia e Silva, há mais 45 pessoas infectadas. 

O caso da Boa Vista, ilha com agora 51 casos positivos de Covid-19, é uma “dura lição para o Governo”, nas palavras do Chefe do Executivo. Tendo em conta as consequências dramáticas que possam advir desse quadro epidemiológico, Ulisses Correia e Silva assegura que serão endurecidas as medidas impostas pelo Estado de Emergência e que visam obrigar as pessoas a cumprir o isolamento mesmo que à força, tanto as em quarentena domiciliar como as nos espaços de isolamento apropriados. Segundo Ulisses Correia, será reforçada a fiscalização do mar da Boa Vista para impedir que um mero bote possa sair da ilha em direcção ao resto do arquipélago. 

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O drama vivenciado agora na ilha das dunas, segundo UCS, é também uma “dura lição” para a própria sociedade civil, uma prova das consequências da violação das regras de isolamento. Como especifica, isso demonstra que uma pessoa infectada pode alastrar o vírus para o resto de uma comunidade. “Estou certo que vamos vencer, mas a responsabilidade individual tem um impacto muito grande no bem-comum. A situação não é fácil, mas é controlável”, enfatiza Ulisses Correia e Silva, que não especificou, entretanto, quais as falhas e os erros que as autoridades sanitárias terão cometidos na gestão do processo dos trabalhadores do hotel Riu Karamboa.

MS não dá mão à palmatória

A posição do ministro da Saúde diverge, no entanto, da interpretação do Chefe do Executivo neste quesito. Em abono da verdade, Arlindo do Rosário em nenhum momento dá a mão à palmatória. Pelo contrário, afirma que as autoridades sanitárias respeitaram as regras e que tinham assumido há muito que os trabalhadores seriam submetidos a testes antes de abandonarem o hotel. Este insiste que o plano foi respeitado, tanto assim que as amostras foram recolhidas no dia 11 de Abril, após 23 dias de confinamento dos funcionários do hotel, após o prolongamento da quarentena devido ao surgimento do segundo infectado. Segundo Arlindo do Rosário, a estratégia era deixar avançar o tempo e permitir detectar o máximo possível de contaminados verdadeiros, e não falsos positivos. 

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Arlindo do Rosário relembra que foram enviadas amostras biológicas de 196 pessoas para análise laboratorial, 147 deram resultados negativos, 45 foram positivos e 4 testes precisam ser reconfirmados. Para ele, a realização desses testes permitiram às autoridades sanitárias dispor de dados objectivos do nível de circulação do vírus no hotel Riu Karamboa. A seu ver, o quadro espelha a situação no estabelecimento e não o quadro real da epidemia na ilha da Boa Vista. No entanto, o ministro admite que há sempre o risco de haver contaminados fora do hotel. Afinal quase 200 pessoas foram para as suas casas após um acto de rebeldia e fala-se que foram recebidas em festa por amigos e familiares.

Kim-Zé Brito

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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3 Comentários

  1. Q parte do Protocolo disse q não se pode fazer teste quando houver estas condições .

    Antecedentes Epidemiológicos

    Agrupamiento geográfico o social de enfermedades (aparición de 2 o más casos de fiebre y/o síntomas respiratorios en lugares como casas, oficinas, aulas escolares, etc. en un periodo de 2 semanas).

  2. O Governo falhou feio e é o único responsável. Eventuais más atitudes ou rebeldia dos “confinados” são consequências das ações do Governo. É a relação causa/consequência. O próprio texto faz referência que as amostras (para testes) foram recolhidas 23 dias após confinamento… como estratégia para detetar contaminados verdadeiros, em vez de falsos positivos. Má estratégia, quando demais países estão aplicando testes toda a hora, inclusive, dentro das viaturas, para despiste o mais cedo possível. Fazendo um paralelo, por quê as pessoas que estão em quarentena nos demais hotéis do país não fazem rebeldia, motim, etc., como diz o Governo? Não fazem, porque a situação deles é diferente da forma como a situação foi gerida pelo Governo, na Boa Vista. O resultado está aí, o Governo quer dividir as culpas e vem com ira prometer endurecer o confinamento, nem que seja a força. Ou seja, pede mais motins (quando a fome bater a porta)… A propósito, vários países levantaram “hospitais” da noite para o dia e perdoaram presos, para aliviar a possibilidade de contágio nas cadeias. Em C. Verde o Governo já levantou Cadeias, da noite para o dia, para colocar todos os que desrespeitarem a quarentena? Ou faremos da ilha de Santa Luzia, uma cadeia natural provisória?

  3. É necessário esclarecer que a maioria dos trabalhadores que desrespeitaram o isolamento e manifestaram-se são de Santiago. Pois em Cabo Verde eles se sentem superiores e a maioria dos militares, policiais e autoridades sanitárias são de Santiago também, ai a facilidade em serem ficarem impunes.

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