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UCID considera “surreal” a comunicação de Ulisses Silva sobre os resultados da governação

Medidas tomadas pelo Governo, segundo a UCID, foram à custa dos recursos do INPS, tido com caixa 2 do Palácio da Várzea.

O presidente da UCID afirmou esta manhã que a comunicação feita por Ulisses C. e Silva sobre os dois anos de governação choca com a realidade “nua e crua” existente em Cabo Verde. João Santos Luís classifica de “surreal” o discurso do Primeiro-ministro quando, diz, o Executivo tomou medidas neste período que desrespeitaram a Constituição da República e não se vê resultados práticos nos domínios dos transportes, saúde, segurança, economia e educação. Além disso, acrescenta, o tema Regionalização parece ser um assunto encerrado.

“O PM diz que protegeu empregos, rendimentos e empresas, mas não diz que essas medidas foram tomadas à custa dos recursos de uma instituição – INPS -, tida com caixa 2 do governo e que o mesmo teima em não devolver ao instituto os seus recursos para que possa fazer uma melhor gestão dos referidos recursos, que pertencem aos cidadãos contribuintes do referido sistema”, critica o líder dos democratas-cristãos.

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Prossegue esse dirigente partidário que Ulisses Silva fala em crescimento, mas é incapaz de incluir os dados de 2020 (que foram -19,3%) e “esqueceu” de dizer que o crescimento de 7% e 17,7% atingidos em 2021 e 2022 foi conseguido à custa da alta inflação. Fenômeno este que, segundo Santos Luís, até ainda sufoca as famílias cabo-verdianas porque o Governo tem sido incapaz de introduzir medidas que amenizem o custo de vida e a perda do poder de compra.

O Primeiro ministro, diz o presidente da UCID, continua a culpabilizar o contexto da crise pelos resultados da governação, mas não teve a coragem de reduzir a máquina governativa, “que é o mais longo da história de Cabo Verde em plena crise”.  A UCID considera, aliás, que o governo aproveitou a embalagem da pandemia da Covid19 para continuar a manter as pessoas mais pobres com mãos estendidas à espera do Rendimento de Inclusão, em vez de criar as condições para que possam trabalhar e terem o seu próprio rendimento. Por outro lado, afirma que o combate à Covid foi o único aspecto positivo alcançado até agora pelo Executivo.

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O fomento empresarial, diz Santos Luís, é outro parente pobre da economia nacional, apesar das potencialidades do país. A UCID diz concordar que CV tem de crescer em 2023, mas espera que isso seja alcançado com base numa “verdadeira retoma económica” e a partir de investimentos privados. Isto ao contrário do verificado nos anos 2021 e 2022, em que, segundo Santos Luís, o crescimento foi obtido com base na alta taxa de inflação, sem que quaisquer iniciativas de reforma fiscal fossem tidas em conta. Ou seja, conclui, as famílias é que pagaram a factura.

A UCID quer tambºem transparência nos processos de reforma do sector empresarial do Estado, lembrando que a privatização das empresas estatais tem sido feita com base em total secretismo e ajuste directo. Deste modo, considera que não há a imparcialidade requerida quando se trata de activos dos contribuintes, “e não de meia-dúzia de pessoas que estão temporariamente a gerir o património e os recursos de todos os cabo-verdianos”.  

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Outro ponto criticado pela UCID tem a ver com a partidarização da administração publica, prática que, lembra, afecta os jovens licenciados, mestrados e doutorados, cortando-lhes as possibilidades de ascenderem a cargos de chefia. Isto quando, sublinha, o chefe do Executivo nomeia militantes e amigos do seu partido para funções de destaque no aparelho do Estado, sem concurso,.

“O PM diz que no próximo ano lançará um pacote de reabilitação de casas e construção de casas sociais, pergunta-se qual a razão de ser somente no próximo ano? Será porque é ano de eleições autárquicas?”, questiona o dirigente político, para quem Ulisses Silva deveria dizer aos cabo-verdianos se vai resolver os problemas laborais e a precariedade salarial e ainda a falta de médicos em todo o país. Santos Luís quer saber quando, por exemplo, o aparelho de TAC será instalado no hospital de S. Vicente para servir a população da região norte.

Seguindo a embalagem, a UCID lembra que Ulisses C. e Silva prometeu aos cabo-verdianos a Regionalização por forma a que o poder possa estar mais próximo do povo, bem como a promoção de um desenvolvimento mais harmonioso e equilibrado de todas as ilhas, dossier que acabou por ficar em banho-maria. Segundo Santos Luís, fica-se com a perceção de que o chefe do governo tirou ganhos eleitorais em algumas partes do território, nomeadamente em São Vicente, ilha que mais briga pela Regionalização. Chegou a fazer uma tentativa, não teve sucesso, e nunca mais Ulisses Silva falou sobre o assunto; para esse partido, o chefe do Governo conseguiu o que de facto queria e o processo para ele terminou.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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