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Transporte marítimo interilhas: UCID pondera pedir a PGR para analisar contrato de concessão

A UCID convocou a imprensa no Mindelo para, uma vez mais, enumerar as suas preocupações relativas ao transporte marítimo de carga e passageiros, com ênfase na concessão de um aval no montante de 518 mil contos à companhia Cabo Verde Interilhas (CVI). O presidente deste partido espera que, a partir desta denuncia pública, a Procuradoria-Geral da República venha a analisar o contrato de concessão para ver se há incumprimentos daquilo que foi acordado. No entanto, caso isso não acontecer, segundo António Monteiro, a UCID não descarta a possibilidade de pedir ao assessor jurídico do seu partido para pedir a PGR para agir, tendo em conta que se está a lesar o interesse dos cabo-verdianos e de Cabo Verde.

Monteiro deixa claro que o seu partido não é contra a concessão deste aval, na medida em que, diz, o artigo 8º do contrato de concessão prevê a possibilidade de, nos próximos 20 anos o Governo, anualmente, conceder a esta companhia garantias de financiamento para que possa operar de forma tranquila. O que o preocupa, frisa, é a forma como foi feita a adjudicação e o não cumprimento por parte da empresa das demais cláusulas. “A UCID entende que o Governo está a navegar em águas turvas. Entendemos que o que está no contrato é para cumprir. Mas não entendemos que que se escolhe este ou aquele artigo para que o contrato possa ser colocado em prática. Estamos preocupados com o todo e gostaríamos de pedir ao Governo, na pessoa do Primeiro-ministro, para mandar reavaliar o processo, que é lesivo aos interesses dos cabo-verdianos”, afirma.

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Cita como exemplo, aquilo que acontece na linha São Vicente-Santo Antão e o facto de existir uma única ligação semanal na rota Santiago-São Vicente, enquanto que o caderno de encargos previa duas entre estes dois principais centros de desenvolvimento de Cabo Verde. Monteiro volta ainda a aventar a preocupação com a nacionalização da Cabo Verde Fast Ferry (CVFF) que, afirma, irá custar aos contribuintes cerca de dois milhões de contos. Neste caso em particular, o líder da UCID. “Aqui a questão que se coloca é saber se Cabo Verde tem esta capacidade financeira. Isto porque temos as acções e as obrigações da CVFF, que rondam os 15 milhões de euros. Estamos a falar de uma empresa antes em uma gestão privada. O Governo decide assumi-la para depois vir disponibilizar os navios a CVI. Questionamos que montantes o país estará a pagar para termos a CVI com quatro navios quando o previsto são cinco e que não cumprem os requisitos do contrato de concessão”, pontua.

É por estas que a UCID acredita que este contrato lesa os interesses dos cabo-verdianos. A somar a estes, lembra que o Estado vai repassar a esta companhia nos próximos 20 anos ultrapassa os 11 milhões de contos, o que o leva a questionar se o Governo tem estes valores para pagar a compensação, se não seria salutar dar aos armadores nacionais a oportunidade, na altura certa, para assumir a gestão dos transportes marítimos de carga e passageiros. “As coisas não estão devidamente clarificadas e queremos que o PM venha tirar todas as duvidas existentes relativamente a esta questão”, apela Monteiro, que estranha ainda o facto de o contrato de concessão não ter uma data, pelo que, com base em clausulas que remetem para seis meses, fica-se sem saber quando é que efectivamente entrou em vigor: 02 ou 15 de Fevereiro, ou ainda a 03 de Janeiro, altura em que foi apresentado ao Conselho de Ministros.

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Impacto na dívida pública

A UCID mostra-se preocupada com o impacto que o aval de 518 mil contos pode ter na dívida pública que, diz, já é elevadíssima. Sobre este particular, Monteiro questiona se o Ministério das Finanças estará a precaver-se de uma subida desta, colocando em perigo a sustentabilidade da dívida soberana de Cabo Verde.  “Estamos conscientes que o Governo não deu dinheiro, mas sim um aval. Mas, a certa de três anos, um armador nacional pediu um aval de 50 mil contos ao Governo para trazer um outro ferry e este negou. Agora aceito dar uma garantia em valores muito superiores. Em caso de algum infortúnio, quem vai pagar é o Estado. Estes avais conta. A haver incumprimentos, a dívida pública disparará. Repito, não estamos contra o aval, até porque está previsto no contrato. Mas nos preocupa a possibilidade de aumento da dívida pública e o não cumprimento das outras cláusulas.”

Instado se estará a criticar um alegado tratamento diferenciado, Monteiro opta por dizer que o Governo é da República e, como tal, deve tratar todos da mesma forma. O mais grave, prossegue, é que com o aval ao projecto da CVI, está-se ainda mais solidificar o monopólio já que o contrato não permite que outros armadores a operar nestas linhas. Por outro lado, está-se a criar dificuldades aos armadores nacionais que não entraram para este contrato e que têm um prazo de dois anos para adaptar a frota às exigências do Governo: ter navios rol on rol off e com velocidade nunca inferior a 15 nós. “Estará o Governo na disponibilidade de garantir o mesmo aval aos armadores que não entraram para esta concessão e que querem renovar a sua frota?”, interroga o presidente da UCID, para quem o Governo, perante factos e irregularidades, recusa-se pura e simplesmente dar a mão a palmatória, optando por levar esta empresa ao colo.

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Ontem o PAICV também criticou o aval concedido pelo Governo à CVI. Entretanto, o PM Ulisses Correia e Silva também já se posicionou dizendo que o aval a CVI significa que o Governo acredita no projecto.

Constânça de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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3 Comentários

  1. O PM E OLAVO CORREIA NÃO DERAM ESTE NEGÓCIOS AOS NACIONAIS NEM OS SUBSIDIARAM PORQUE DALI MESMO HAVENDO CORRUPÇÃO FICARIAM NAS MÃOS DE CABOVERDIANOS QUE UM DIA PODERIA LHES DEIXAR EM MAUS LENÇÓIS POR ISSO O MELHOR ERA FAZER COM OS PORTUGUESES ONDE TODOS COMEM E CALEM!!! NOJENTO. ISTO NÃO É HERANÇA DOS VOSSOS PAIS PARA VENDEREM AO DESBARATO.

  2. Monteiro esta de parabens na defesa dos recursos publico. PM e VPM podem tentar mas defender essa operacao eh dificil; no mundo de negocio o zelo do Governo em ofertas a Transinsular so significa que alguem recebeu uma maletinha em Lisboa. Agora, resta saber quem foi o PORTADOR e isto eh trabalho da PGR. Os PORTUGUESES trazeram nada meus amigos; tudo ja existia e continua a servir da mesma forma; so logotipo e cara dos gerentes que mudou alem da retirada de Liberdadi de SAntao e dormida di Kriola di Brava pa SNicolau – resultado CAOS e cada dia mais pior mesmo com IMP ta fitcha odjo.

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