Taxistas trabalham em clima de medo em São Vicente e apoiam reforço á restrição de pessoas no país
Os taxistas em São Vicente encararam com naturalidade a medida do Governo de encerrar as fronteiras nacionais e adoptar mais medidas restritivas de circulação de pessoas, apesar de terem a noção de que o movimento irá decair ainda mais com a detecção do primeiro caso de infecção pelo coronavírus em Cabo Verde. Aliás, dois taxistas confirmaram esta manhã ao Mindelinsite que a facturação já atingiu níveis drásticos. Neste momento, dizem, se conseguirem dois mil escudos por dia já se dão por satisfeitos. Isto porque o movimento no aeroporto e no Porto Grande registou quebras sem precedentes.
Segundo profissionais entrevistados pela nossa reportagem, o clima em que trabalham é de medo e insegurança, sobretudo quando transportam turistas e cabo-verdianos vindos do exterior. No entanto, a situação era pior antes quando o controlo dos passageiros era menos rigoroso. “Eles chegavam sem nenhuma proteção e não sabíamos se traziam o vírus para o país, no entanto tínhamos que trabalhar, tocar nas suas bagagens para as meter no carro, por exemplo”, frisa o taxista Jota de Pina. Ao mesmo tempo que parabeniza o Governo, este condutor ressalta que algumas medidas, como o encerramento da fronteira a voos da Europa e outros países, deveria ser tomada há mais tempo. Jota admite, entretanto, que até hoje não usou nenhum tipo de proteção durante o serviço, mas pondera começar nos próximos dias a adotar medidas preventivas, mesmo sabendo que o número de clientes irá diminuir.
Até este momento, o citado taxista revela que sentiu a sua faturação diária cair cerca de 85% pelo que decidiu alterar a sua forma de trabalhar, ou seja, apostar agora em transportar passageiros locais para ajudar a manter o negócio nestes “tempos mais difíceis”, mesmo se tratando de um “transporte turístico”.
“Calu” Brito diz que registou também uma quebra substancial no movimento, sobretudo no número de turistas transportados por estes dias. “O medo às vezes nos impede até de trabalhar, mesmo tomando algumas precauções e neste momento se faturarmos três contos num dia já é bom.”
Sem ter como saber se os passageiros que desembarcavam no país estavam ou não doentes antes do encerramento das fronteiras aéreas e marítimas, Calú se apegava apenas à esperança de que tivessem passado por triagens durante a viagem e estavam saudáveis. Por isso, mesmo prevendo também tempos difíceis, acredita que o encerramento da fronteira era necessário.
A Associação dos Taxistas de São Vicente acredita que o movimento em geral deverá cair em mais de 5O porcento. À semelhança dos outros taxistas ouvidos pelo Mindelinsite, Belarmino Lima concorda com a medida de restrição da fronteira imposta pelo Governo.
“A maioria dos taxistas ia todos os dias para o aeroporto. Os restantes ficavam a rodar pela a desenrascar-se. Agora todos vão concentrar-se por aqui”, frisa Lima, ao mesmo que realça a necessidade de os taxistas seguirem normas de segurança transmitidas pelas autoridades nacionais. Pede, por exemplo, para não ligarem o ar-condicionado, para andarem com os vidros do carro abertos, desinfetar o carro com álcool nos locais em que os passageiros têm acesso e manter uma distância mínima das pessoas.
Sidneia Newton (Estagiária)