Sindicatos afirmam que Congresso da UNTC-CS é uma “farsa, fraude e tentativa de golpe” da secretária Joaquina Almeida
O presidente da União dos Sindicatos de S. Vicente afirmou esta manhã que o “alegado” congresso da UNTC-CS marcado para o dia 9 de março não passa de uma “autêntica farsa”, uma “enorme fraude” e sobretudo uma “tentativa de golpe” de Joaquina Almeida para conseguir mais um mandato no comando da central sindical. Para Tomaz Aquino, tudo isso fica evidente logo na ordem do dia, que elenca apenas dois pontos para discussão nessa magna reunião dos delegados sindicais: a análise da evolução da situação político-social e sócio-laboral do país e a eleição dos órgãos da central sindical.
“Só por esta insólita ordem do dia se vê que o objectivo da Secretária da UNTC-CS é o de apenas se fazer reeleger o quanto antes por mais um mandato de cinco anos”, conclui o responsável da USV, para quem fica também claro que Almeida não pretende prestar contas ao Congresso.
Em conferência de imprensa, Tomaz Aquino argumenta que se trata de uma farsa porque Joaquina Almeida foi mandatada pelo Conselho Nacional para este Congresso numa reunião deste órgão, mas que sequer teve quórum. “Está provado em acta que, para além da falta de quórum, nem todos os membros desse órgão foram convocados e/ou permitidos a nela participarem. Além de ter havido participantes que nem sequer eram membros do referido órgão, por não terem sido eleitos no último congresso da UNTC-CS”, frisa esse dirigente sindical, enfatizando que o agendamento do congresso é da competencia do CN e não da Secretária-Geral.
Continuando a sua explanação, Aquino adianta que o congresso é uma tentativa de golpe na medida em que, para afastar os sindicatos mais representativos e fundadores da Central Sindical, bem como os membros do Conselho Nacional, Joaquina Almeida usou o estratagema de aumentar a quota de filiação para poder colocar os sindicatos em dívida. Esse porta-voz dos sindicatos de S. Vicente afirma que a secretária da UNTC-CS chegou a aplicar aumentos em torno dos cem por cento, ciente de que os sindicatos não tinham condições para arcar com esse encargo.
“O Simetec, por exemplo, pagava e paga 17 mil escudos mensais e foi aumentado para 32 contos. O Sintap passou de 15 mil escudos para 30 mil escudos; o Sics de 10 para vinte contos; o Stif de 48 contos para 150 contos…”, ilustra Tomaz Aquino. Para ele, Joaquina Almeida usou esse “expediente” com a clara intenção de afastar tantos os sindicatos por ela considerados devedores, como os membros do Conselho Nacional que pertencem a esses mesmos sindicatos.
Os sindicatos de S. Vicente, segundo essa fonte, têm estado a pagar as suas quotas com base numa decisão tomada pelo Conselho Nacional em 2010 que permitiu o aumento dos valores em dez por cento, e não com base no aumento “artificial e administrativo” de 100 por cento determinado mais tarde pela SG da UNTC-CS.
É certo, adianta, que nenhum sindicato da USV vai enviar delegados ao Congresso, pelo simples facto de serem considerados em dívida pela direção. Isto significa, segundo Tomaz Aquino, que os representantes seriam impedidos de votar e de apresentar uma lista concorrente.
Este sindicalista afirma categoricamente que Joaquina Almeida perdeu a maioria no Conselho Nacional e sabe que, se o processo eleitoral decorresse com normalidade, jamais seria reeleita. “Daí ter montado esta farsa com recurso a fraudes”, diz Aquino, acrescentando que, para além do “truque” do aumento das quotas, Almeida criou “pseudossindicatos” para conquistar apoios e votos. Um deles, adianta, foi criado na ilha da Boa Vista com pessoal que viajou de Santiago e S. Vicente. Esse sindicato, diz, ainda não tem os Estatutos publicados e já é considerado filiado na UNTC-CS, o que, afirma, fere as regras desta organização.
Segundo Tomaz Aquino, os sindicatos vão ficar a aguardar o resultado do congresso na cidade da Praia para poder decidir quais serão os próximos passos. Assegura que o recurso aos tribunais está em cima da mesa.