Presidente da CPR do PAICV coloca cargo à disposição dos militantes
O Presidente da Comissão Política Regional do PAICV – S. Vicente colocou o cargo à disposição dos militantes do partido. Alcides Graça deixou claro que esta decisão nada tem a ver com o facto de ter sido atirado para o 5º lugar da lista tambarina para as legislativas, mas sim por consideração aos seus pares nesta região e também em nome do respeito e consideração pela legitimidade democrática da figura do líder da CPR, independentemente de quem esteja a ocupar o referido cargo no momento.
Alcídes Graça evoca a “forma humilhante” como a Região Política de S. Vicente foi tratada e a imposição arbitrária a que foi submetida. Foi neste sentido que, diz, após aturada reflexão e auscultação de “senadores” do partido, militantes, órgãos regionais e outras figuras decidiu sair da lista de candidatos às legislativas por S. Vicente e, ao mesmo tempo, colocar o cargo de presidente da CPR à disposição dos militantes.
“Partilho eta angustiante decisão convosco pelo respeito que me merecem e pela confiança que em mim sempre depositaram, mas também porque a mesma já foi comunicada à Presidente e ao Secretário-geral do partido”, afirma Graça, que deixa ainda claro estar de consciência tranquila porque fez tudo para evitar este desfecho, mas não encontrou abertura interna.
“Tomei esta decisão não pelo facto de ter sido atirado da 1ª para a 5ª posição na lista, mesmo sendo um lugar não elegível, atrás de um independente. Tomei esta decisão em nome do apreço e consideração que a Região Política de SV, no seu conjunto, me merece”, refere, acrescentando ainda ter tomado esta decisão em nome do respeito e consideração pela legitimidade democrática da figura do presidente da CPR e também porque a CPN fechou-se para qualquer negociação neste “delicado” processo.
Graça evoca igualmente a imposição, por parte da CPN, de uma lista alterada nos seus primeiros seis lugares, incluindo o cabeça, para justificar a saída da lista para as legislativas e a colocação do cargo à disposição. “Estamos perante uma lista com um novo alinhamento imposto à revelia e à margem dos Estatutos do PAICV, que apontam o diálogo como o primeiro caminho para se ultrapassar eventuais divergências entre quem propõe (CPR) e quem aprova (CPN)”, citando, como exemplo, a imposição da Direção de Campanha e do mandatário e a escolha da força para impor uma “decisão musculada e unilateral”, condenando a região ao ostracismo político.
Perante um partido intervencionado, este político opta por devolver a palavra aos militantes porque, afirma, não há condições para desempenhar as responsabilidades que lhe foram confiadas. “Devolvo a palavra porque não vos quero defraudar! Devolvo-vos a palavra para que, no âmbito dos Estatutos, nas próximas eleições internas regionais se possam livremente exprimir”, declara, prometendo manter-se no cargo interinamente até às próximas eleições internas para não criar instabilidade. E, mesmo não tendo sido convidado para integrar a direção de campanha, diz estar totalmente disponível para ajudar o partido por “lealdade ao PAICV”.
Questionado se esta polémica não poderá afectar o desempenho do partido nesta altura, Graça lembra que, nos períodos eleitorais, a CPR fica diluída dentro da estrutura da campanha. Mas, no caso, esta sequer foi contactada para integrar este órgão, mas acredita que ainda vai-se a tempo. Quanto a alegadas responsabilidades políticas, este deixa claro que, em 2016, a Região Política foi assumida por Manuel Inocêncio Sousa num processo em tudo similar ao atual, pelo que não aceita nenhuma culpa.