Augusto Neves afirmou hoje na tomada de posse como presidente da CMSV que não teme um novo escrutínio do eleitorado mindelense, numa clara alusão ao provável cenário de eleições antecipadas que muita gente já prognostica em S. Vicente. “Se for necessário vamos às urnas, olhem que gosto disto! Estaremos dispostos a sair novamente e demonstrar aos sãovicentinos o nosso programa de desenvolvimento desta ilha”, assegurou Neves, que se mostrou convencido do resultado desse hipotético embate político, caso a CMSV chegue ao ponto de ingovernabilidade política. Um caminho que parece possível pelos sinais dados no conturbado processo de formação da Mesa da AM, que aponta claramente para uma frente de batalha política entre a UCID, PAICV e MIMS contra o MpD.
Enquanto isto, Neves foi realçando que vai exigir o empenho abnegado de todos os eleitos municipais, em particular os vereadores das listas da UCID e do PAICV. O autarca garante estar disposto a trabalhar com todos e que não quer ver ninguém usar S. Vicente para passar férias ou ir dar corpo presente na CMSV e desaparecer. “Aqui ninguém tem asas nem Redbull pra voar para as Legislativas!”
Num discurso direcionado para o seu agora arquirrival político António Monteiro – que chegou ao ponto de o apelidar de corrupto -, o reeleito autarca disse esperar que ninguém venha a abandonar S. Vicente daqui a um-dois meses ou embarcar agora nas eleições Legislativas porque as Autárquicas foram goradas. Além disso frisou que não teme a fiscalização de ninguém, uma resposta directa para o deputado nacional da UCID, que disse várias vezes que houve falcatruas nos relatórios de conta da CMSV e que vai controlar agora e tirar tudo isso a limpo.
Para Neves, a vontade popular foi clara nas urnas: deu a vitória ao MpD com 1500 votos acima da UCID, 5.000 sobre o PAICV e 8.500 em relação ao movimento Más Soncent. Ciente da necessidade de negociar, disse Neves, o MpD tentou chegar a uma Mesa da Assembleia Municipal plural, o que não foi possível, como se verificou antes com a escolha da lista liderada por Dora Oriana, da UCID, para presidente. Para ele, tal nao aconteceu porque ha “motivações estranhar e negociatas” pelo meio. E aproveitou o embalo para dizer que nao se pode governar uma ilha como a de S. Vicente com ódio e rancor.
“Não há ditadura nem autoritarismo”
Em jeito de resposta, Dora Oriana Pires, a novel presidente da AM com 11 votos dos 21 eleitos, assumiu o púlpito para assegurar que não há ódio da parte dela e dos outros, mas sim a legalidade e o cumprimento das leis. “Quem fala em ódio é porque destila ódio”, disse.
Segundo Dora Oriana, é um facto que o povo de S. Vicente ditou mudanças nas urnas e quis uma Câmara plural. Esta deixou claro que os tempos são outros e que todos vão ter que conviver com a nova realidade política. A dirigente da UCID realçou que o seu partido entrou nas eleições para ganhar e que teve de ignorar muitas mensagens de intimidação e ameaças para poder seguir em frente. “Não há ditadura nem autoritarismo”, salientou numa alusão à “polémica” escolha da Mesa da AMSV, processo contestado tanto por Lídia Lima como por Augusto Neves. Enquanto a candidata do MpD para a AM acusou ou elementos da UCID, PAICV e MIMS de “assaltantes” do poder, Neves disse que aqui não se trata de uma “geringonça”, mas sim de uma “djagassida”, um termo mais crioulo para esse tipo de acerto politico entre as forcas politicas menos votadas para formarem governo.