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MP abre investigação criminal sobre alegada promessa de oferta de um Mercedes ao ex-ministro Luís F. Tavares

O Ministério Público determinou a abertura de uma instrução criminal sobre a alegada promessa de oferta de um Mercedes topo de gama ao ex-ministro Luís Filipe Tavares em troca da nomeação do português Caesar DePaço como Cônsul Honorário de Cabo Verde na Florida, nos Estados Unidos. A decisão foi anunciada ontem pela Procuradoria-Geral da Repùblica, duas semanas após a divulgação pelo canal português Sic da segunda parte de uma reportagem televisiva intitulada “A Grande Ilusão: cifrões e outros demónios”. Nesta edição fica revelada uma suposta intenção de troca de favores entre o ex-governante e o empresário luso tido como uma das principais fontes de financiamento do partido de extrema direita Chega, liderado por André Ventura.

No comunicado, a PGR revela que, após tomar conhecimento da notícia veiculada nos órgãos de comunicação social nacionais e estrangeiros dando conta de alegada promessa de beneficio patrimonial, na sequência da nomeação do Cônsul Honorário de Cabo Verde na Florida, o MP determinou a abertura de instrução criminal. “Em causa estão factos susceptíveis de integrarem, por ora, a prática do crime de corrupção, previsto e punido pela legislação cabo-verdiana”, diz a PGR, enfatizando que, finda a investigação, que corre termos no Departamento Central de Acção Penal da PGR, será tornado público o sentido do despacho de encerramento da instrução. Esta fase, salienta esse órgão máximo do MP, decorre em segredo de justiça. 

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O elemento-chave da investigação será certamente a reportagem do jornalista Pedro Coelho, que teve como mote explicar o sistema de financiamento dos partidos da extrema-direita na Europa, entre os quais o Chega. O elo, no caso, é o empresário Ceaser DePaço, considerado senão o principal financiador da força politica liderada por André Ventura e que acabou por ser nomeado Cônsul de Cabo Verde na Florida, sob proposta de Luis Filipe Tavares, então ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde. Na sequência da sua investigação, o referido jornalista descobre uma alegada promessa de benesse pessoal a Tavares, neste caso a oferta de um carro Mercedes Benz estimado em quase 5.500 contos cabo-verdianos.

O suposto esquema teria passado despercebido em Cabo Verde se não fosse a reportagem da estação televisiva. Assim que foi divulgada a primeira parte, onde fica clara uma recepção com honras de Estado na cidade da Praia de elementos ligados ao Chega – Luis Filipe Tavares apresentou o seu pedido de demissão no início deste ano. Antes, no entanto, o então governante chegou a afirmar que aceitou a indicação de Caesar DoPaco para Cônsul por se tratar de uma “pessoa de bem”. 

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A verdade é que essa reportagem fez derrubar o referido Cônsul e o próprio ministro Filipe Tavares, que se viu obrigado a pedir demissão, sendo substituído no cargo por Rui Figueiredo Soares. Se inicialmente essa poderia ser vista como uma atitude “nobre” do político,  as coisas mudaram de figura após a divulgação da segunda parte da reportagem. Neste episódio, o jornalista revela que a factura supostamente apresentada por Tavares seria uma viatura topo de gama. 

Uma acusação grave, que denuncia a alegada prática de um crime de corrupção e que agora o Ministério Público decidiu investigar. 

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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