José M. Neves condecora Presidente João Lourenço com a Ordem Amílcar Cabral no Palácio do Povo, em S. Vicente
O Presidente José Maria Neves condecorou ontem na cidade do Mindelo o seu homólogo angolano com a Ordem Amilcar Cabral, a mais elevada distinção do Estado de Cabo Verde, pelo contributo relevante que João Lourenço deu na luta pela liberdade dos povos africanos e na promoção da paz em África. Segundo Neves, esse gesto é a forma como a nação cabo-verdiana homenageia os destacados combatentes pela liberdade e todos aqueles que contribuíram de forma relevante para um mundo mais justo.
“Queira interpretar esta distinção como gesto de respeito e apreço pelo seu percurso e um reconhecimento pela sua liderança para a promoção da paz ao nível sub-regional e no continente africano, pelos continuados esforços de estabilização do seu país e pelo estímulo ao aprofundamento e a diversificação das relações de solidariedade, cooperação e fraternidade que unem os nossos povos”, realçou o PR cabo-verdiano, que realizou essa cerimónia no Palácio do Povo, na Rua de Lisboa.
Neves enalteceu a relação histórica e os laços fraternais que unem os dois países desde a luta de libertação e lembrou que reside em Angola uma numerosa comunidade cabo-verdiana, “seguramente a maior em todo o continente africano”. Nesse país, prossegue, os cabo-verdianos encontraram um porto seguro e receberam um acolhimento fraterno quando decidiram emigrar devido as agruras e ao descaso das autoridades coloniais. “Muitas décadas depois constatamos com orgulho que os nossos compatriotas se integraram perfeitamente na sociedade angolana, desempenhando uma importante função de ponte humana e cultural entre os nossos povos”, enalteceu Neves.
São esses vínculos, conforme José M. Neves, cimentados pela confiança recíproca e visões convergentes, que legitimam as ambições dos dois países e a certeza de que percorrem numa vasta avenida rumo a novas oportunidades. Para ele, João Lourenço tem encarado as relações entre C. Verde e Angola de forma estratégica e vem introduzindo nessas uma perspectiva de futuro.
O Presidente angolano confessou-se “profundamente honrado” pela distinção. Deixou claro, no entanto, que interpreta essa homenagem como um gesto de reconhecimento pelo papel que o povo angolano desempenhou com profunda entrega no quadro da luta dos movimentos de libertação africanos, entre os quais a erradicação do Apartheid na África do Sul, e não como um acto de natureza pessoal.
“É ainda maior a minha emoção por estar a partilhar este momento com os cabo-verdianos que geraram um dos melhores filhos da África, um intelectual de craveira internacional e com uma estatura profundamente humanista, de quem nos inspiramos para a gesta libertadora em que nos envolvemos ao longo de décadas na luta contra a dominação colonial em África”, enfatizou João Lourenço, numa referênciaa Amílcar Cabral. Uma respeitável figura africana que, segundo o PR angolano, prestigia e dá o seu nome a essa honrosa medalha.
Para João Lourenço, essa homenagem, concedida no decurso da sua visita oficial a Cabo Verde, vai estimular o estreitamento dos laços entre os dois países.