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Investigadora Raffaela Gozzelino: “O Covid-19 não parece ser mais contagioso e letal que outros vírus”

A cientista e investigadora italo-cabo-verdiana Raffaella Gozzellino defende para Cabo Verde uma “aliança” entre a política e a ciência que, no seu entender, poderia ajudar na capacidade de resposta a questões importantes de saúde pública. Gozzellino gostaria de colocar o país no mapa internacional da ciência que, segundo ela, só será possível com a estrita colaboração entre os cientistas da diáspora e os residentes. Nesta entrevista, a investigadora do departamento de ciências da Faculdade de Medicina da Universidade Nova de Lisboa manifestou-se “triste com a desorganização” dos países para conter a proliferação do novo coronavírus. Para ela, as medidas chegaram tardiamente, quando o vírus não parece ser “mais letal” do que os anteriores.

 -Por João A. do Rosário-

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Mindel Insite – Vivemos num momento em que, nessa fase da pandemia, a ciência está na linha da frente. Como vê esta questão? 

Raffaella Gozzellino – A ciência tem um papel essencial que nos ajuda a enfrentar situações tão graves como esta. É graças a avanços científicos que podemos desenvolver terapias rápidas e eficazes para tratar sintomas, retardar a progressão de doenças, salvar vidas e defender a saúde pública. É necessário uma constância do investimento por parte dos Estados, o que ajudaria a prevenir a desorganização verificada nesta pandemia, o que me fez sentir muito triste.

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MI – Que características tornam este vírus mais contagioso do que os outros?

RG – Esse vírus não parece ser mais contagioso que outros, pelo menos de acordo com os estudos realizados até agora. O vírus nem parece ser mais letal quando comparado ao SARS-CoV de 2003. Entretanto, contrariamente a esse último, não foram tomadas medidas suficientemente eficazes de saúde pública capazes de conter a sua propagação. Assim, a mitigação dos efeitos do vírus, que já contagiou o mundo todo, tornou-se a única aposta para a larga maioria dos Estados. Infelizmente, o longo período de incubação do SARS CoV-2 e os sintomas leves manifestados por infetados dificultam a sua deteção. Há, contudo, muitos casos positivos completamente assintomáticos ou que não desenvolvem manifestações por vários dias. Por não se detetar quem está infetado, esse vírus é de difícil contenção, o que facilita a sua transmissão.

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“Este vírus não parece ser mais contagioso do que outros, pelo menos de acordo com os estudos realizados até agora. O vírus nem parece ser mais letal quando comparado ao SARS-CoV de 2003.”

MI – De que forma o sabão e o álcool actuam no vírus?

RG – Lavar as mãos frequentemente com água e sabão, por períodos de 20 segundos, ou higienizá-las com álcool são algumas das formas de prevenção da infeção na medida em que conseguem destruir o envelope viral, que é a parte mais externa do vírus que é composta por uma camada de gordura. Expondo o material biológico, o sabão ajuda o vírus a perder a sua proteção e proteínas responsáveis pela sua ligação às células. Uma vez desmontada essa estrutura, o vírus perde o seu poder de infeção, já que, envolvido pelo sabão, é retirado da pele com água. O álcool, a partir de uma percentagem equivalente a 70 por cento tem o mesmo efeito, isto é, desestabiliza e desidrata seja as proteínas como o invólucro.

MI – Será que nesta pandemia os políticos fizeram adormecer os cientistas?

RG – A taxa de letalidade observada em muitos países refletiu a sua capacidade de resposta. Houve até muitas evidências científicas a alertar os governos e instituições do potencial alastramento desse vírus que foram simplesmente ignoradas. Infelizmente, essa latência começou na China, que só avisou a OMS quando a situação era já insustentável. Na Europa, assim como na América, os perigos foram minimizados. Outros ficaram com o credo na boca a aguardar sem tomada de medidas para se proteger. Quando comparamos o número de pessoas falecidas e infetadas, não se pode excluir, eventuais predisposições genéticas que poderiam levar a que algumas populações tenham desfechos mais severos.

“A taxa de letalidade observada em muitos países refletiu a sua capacidade de resposta. Houve até muitas evidências científicas a alertar os governos e instituições do potencial alastramento desse vírus que foram simplesmente ignoradas.”

MI – O que é que pode determinar quem morre, quem sobrevive, quem adoece ou não com o Covid-19? 

RG – Há muitos factores, por vezes genéticos, que podem aumentar o risco e a gravidade da infeção, um conceito de extrema importância até para o vírus. Alterações no seu material genético são consideradas normais, mas se desconhece quantas mutações o vírus pode acumular no tempo e no local, se pode tornar mais ou menos infecioso. O objetivo de estudos é, também, tentar perceber a resposta imunitária do hospedeiro. Foi inclusive demonstrado que a predominância de COVID-19 em algumas populações está relacionada a uma maior expressão da enzima ACE2 (a enzima conversora da angiotensina 2) em células alveolares do pulmão. Existem dados a indicar uma maior susceptibilidade em populações cujos níveis de ACE2 em células pulmonares são mais elevados.

De uma forma similar, até a maior prevalência de tabagismo consegue explicar diferenças na gravidade da doença e sua incidência de acordo com o sexo, afetando, por vezes, mais homens que mulheres. O desenvolvimento de uma vacina é, portanto, uma necessidade no combate a um vírus que não respeita confins nem discrimina etnias e classes sociais. Contudo, é preciso tempo para que esse processo sofisticado, do ponto de vista tecnológico, consiga identificar alvos terapêuticos eficazes para prevenir a sintomatologia da doença. 

Acção do vírus nos idosos e nas crianças

MI –Será que o vírus afeta-nos mais devido as fragilidades dos sistemas imunitários? 

RG – Essa doença é muito heterogénea, mas a sua taxa de mortalidade, que é aproximadamente 3,5 por cento, se mantem nos diferentes países. O vírus afeta as pessoas de forma que algumas desenvolvem sintomatologias mais severa que outras. O ideal seria se os Governos que lideram, tomassem decisões rápidas, mas com base em evidências científicas, de forma a incluir competências especializadas e travar estratégias por vezes ineficazes. De fato, as pessoas idosas, obesas, diabéticas, hipertensas e com quadros clínicos complicados sofrem de uma “susceptibilidade acrescida”. Cabe esclarecer o porquê dessa doença afetar essas pessoas de forma tão agressiva. Nesses indivíduos verifica-se uma desregulação do sistema imunitário, onde as células por vezes não são capazes de activar uma resposta eficaz no combate a esse vírus, danificando o tecido pulmonar e comprometendo a função respiratória. Por vezes, há dificuldade em reconhecer agentes externos, como os vírus que, juntamente com a demora em originar uma resposta imunitária por parte do hospedeiro, facilita o desenvolvimento da infeção e contribui para uma maior mortalidade. Em países, como a Itália, onde a população é mais envelhecida, tudo isto poderia justificar o maior número de mortes observado. Nos países, como a Holanda, onde a política de hospitalização não prioriza os idosos, é a falta de cuidados intensivos que esses precisam e que aumentou drasticamente a letalidade da infeção. Tudo isso, leva-me a sublinhar a importância de manter doenças crónicas sob controlo, tomando medicamentos prescritos, mantendo-se activo, alimentando-se bem, não consumir bebidas em excesso e não fumar.

“Dos poucos dados recolhidos até agora, parece que a vantagem das crianças se deve a uma maior plasticidade do sistema imunitário.

MI – Por que razão as crianças são mais resistentes a este vírus? 

RG – Contrariamente aos idosos, que correm mais riscos, tanto as crianças como os jovens parecem estar mais protegidos da infeção pelo coronavírus, apesar de esta matéria estar a ser objeto de estudo. Entretanto, será fundamental, para o combate à pandemia, descobrir o porquê dos mais novos serem poupados. Dos poucos dados recolhidos até agora, parece que a vantagem das crianças se deve a uma maior plasticidade do sistema imunitário, o que, mais uma vez, sublinha a importância dos estudos científicos em esclarecer os mecanismos de propagação da doença.

MI – O que deve ser feito para se ganhar imunidade? 

RG – A imunidade depende de anticorpos, que se ligam às proteínas do vírus para neutralizá-lo e impedir a sua entrada nas células. As pessoas que foram infetadas activam uma resposta imunitária, que é avaliada pelos níveis de anticorpos no sangue. Contudo, precisa-se investigar para se perceber que anticorpos conferem imunidade e protegem as pessoas recuperadas da doença. Estão a ser desenvolvidos testes sorológicos neste aspecto, que também servem para avaliar como o vírus se espalhou nas várias populações e a capacidade de resposta de cada uma delas. Como não sabemos muito sobre a resposta imunitária originada contra o vírus, e até mesmo quando essa pandemia começou, a abordagem de alguns governos foi de confiar na aquisição da chamada “imunidade de grupo”, escolha essa que trouxe um preço muito elevado a pessoas vulneráveis. Outra pergunta sem resposta refere-se à duração da imunidade adquirida a esse vírus ou se tem que ser reforçada com vacinas consecutivas, como acontece anualmente com a vacina da gripe.

“Enfrentamos uma crise sem precedentes, que leva o crescimento económico, alcançado ao longo dos últimos anos com grandes sacrifícios, a níveis abaixo de zero. Contudo, não haverá economia se não houver pessoas.

MI – Tem acompanhado a evolução da saúde pública mundial que neste contexto, sem falar da questão económica e social, parece uma catástrofe. O que nos pode adiantar?

RG – A gravidade dessa pandemia atinge vários sectores do Estado, com impacto na economia de todos os países. Enfrentamos uma crise sem precedentes, que leva o crescimento económico, alcançado ao longo dos últimos anos com grandes sacrifícios, a níveis abaixo de zero. Contudo, não haverá economia se não houver pessoas. A vida é um direito fundamental e temos que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para preservá-la. Deste modo espero maior investimento para a investigação científica e a saúde, que fortaleça o sistema sanitário e ajude a prevenir tragédias como essas. Mesmo porque novos surtos estão previstos se a vacina não chegar rapidamente. Daí a importância de uma estrita colaboração entre a ciência e a política.

 Relação com Cabo Verde

MI – É filha de italiano e cabo-verdiana. Qual é a sua relação com Cabo Verde?

RG – A minha ligação com Cabo Verde tornou-se mais afectiva quando conheci a minha “doce metade”, também de origem cabo-verdiana, com quem partilho hoje a minha vida pessoal e profissional. Comecei a interagir efetivamente com o país após ter expressado interesse em conhecer a realidade local. Com o intuito de ajudar os mais carenciados, tenho vindo a apoiar as ações sociais da associação sem fins lucrativos “Anjos no Coração”, da qual a minha mãe é a Presidente fundadora. O dinheiro angariado com a organização de eventos realizados em Itália é depois usado em Cabo-Verde para a remodelação de escolas e creches em zonas desfavorecidas, para aquisição de material escolar, de cozinha, equipamento médico e hospitalar, assim como para apoiar as famílias mais carenciadas.

“A minha ligação com Cabo Verde tornou-se mais afectiva quando conheci a minha “doce metade”, também de origem cabo-verdiana, com quem partilho hoje a minha vida pessoal e profissional.

MI – Tem interagido com Cabo Verde, as suas gentes e a cultura. Em que consiste esta dinâmica?

RG – A nível profissional, a minha interação com Cabo Verde começou quando o programa doutoral ciência para o desenvolvimento (PGCD) foi lançado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência, onde eu trabalhava, em colaboração com a Universidade de Cabo Verde (UniCV). Tive o privilégio de lecionar em todas as quatro edições e ajudar estudantes residentes em ampliar os seus conhecimentos no campo da investigação científica. Graças a esse programa, tive a oportunidade de poder formar estudantes cabo-verdianos dirigindo, no meu laboratório na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, as suas teses doutorais, que em breve serão defendidas. Tenho muito orgulho em dizer que os planos de estudos das minhas estudantes foram pensados, dirigidos e levados a cabo inteiramente por mulheres cabo-verdianas.

Fui ainda convidada várias vezes a Cabo Verde como oradora em eventos organizados pelas universidades nacionais e, da mesma forma, dei palestras à convite de associações cabo-verdianas no estrangeiro. Recentemente, passei a fazer parte da comissão executiva da Organização Internacional dos Quadros da Diáspora Cabo-verdiana (OIQCV). A identificação de competências profissionais e a partilha do que a diáspora faz com o país ajudará a realçar os sectores da ciência, tecnológica, educação e cultura. Tendo as universidades como parceiras estratégicas, o nosso objetivo é, também, transferir conhecimentos em áreas específicas, colocando assim a diáspora disponível e ao serviço do desenvolvimento de Cabo Verde.

“Cabo Verde não tem nem meios nem recursos necessários para cuidar, em simultâneo, de um número tão alto de doentes como os que acabaram por ser hospitalizados em países com alto índice de transmissão da doença.”

MI – Cabo Verde a preocupa, enquanto cientista, tendo em conta as fragilidades em termos de respostas na área de saúde?

RG – O sistema de saúde em Cabo Verde, assim como na maioria dos países africanos, deve focar maioritariamente na prevenção de doenças, para além de proporcionar tratamentos e cuidados hospitalares. São precisas estratégias económicas para a aquisição de equipamentos e melhorar as condições de um sistema de saúde que, sem dúvida, é mais frágil quando comparado com a Europa. Ou seja, Cabo Verde não tem nem meios nem recursos necessários para cuidar, em simultâneo, de um número tão alto de doentes como os que acabaram por ser hospitalizados em países com alto índice de transmissão da doença. Além de que, face a esse tipo de emergências, é necessário capacitar os próprios funcionários, cujo desempenho profissional tem sido, e continua sendo, posto a duras provas, obrigando-lhes a responder atempadamente a emergências sanitárias, estabelecendo áreas de contenção da doença dentro do próprio hospital e possivelmente partilhando experiências com médicos cabo-verdianos no estrangeiro, que já passaram por situações semelhantes, e que poderiam fornecer orientações técnicas importantes até na elaboração de políticas de saúde. Isso é exatamente o que aconteceu na Europa durante essa pandemia, que viu a eficácia do sistema de saúde intensificada graças a integração de equipas médicas voluntárias, provenientes de várias nações. Entretanto, até tudo isso não ser uma realidade, espero que as características do vírus não permitam uma alta propagação no continente africano. De facto, há estudos que demonstram uma estabilização do vírus em condição de baixa humidade. Ou seja, o vírus parece instável quando a humidade é superior a 50 por cento. Contudo, falta demonstrar a veracidade dessa afirmação fora de experiências laboratoriais.

MI – A seu ver Cabo Verde esteve assertivo na tomada de posições contra o Covid-19? 

RG – Os governantes tiveram que considerar todos os riscos a correr face a uma possível instabilidade económica e social. É preciso muita coragem para declarar uma emergência quando ainda não se tem casos de doenças. Até porque a demora na tomada de decisões, na maioria dos países, levou a situações que se tornaram difíceis de gerir. Por vezes, é inevitável cometer erros, mas que uma vez reconhecidos, tem que se tomar as medidas mais adequadas possíveis para repará-los, aprender com eles e seguir em frente. A disposição de Cabo Verde, no combate a essa pandemia, deverá assentar-se, também, em toda a comunidade médico-científica da diáspora, que está sempre ansiosa para ajudar e partilhar conhecimentos em prol do país. De facto, os estados, onde as decisões políticas são apoiadas por instituições médicas e científicas eficientes, funcionam melhor. Assim que uma aliança entre política e ciência poderia ajudar na capacidade de resposta, que seria até mais eficiente tendo a noção de que médicos e cientistas da diáspora estão trabalhando com essa doença tentando entendê-la melhor.

MI – Fala-nos do projeto de colocar Cabo Verde na rota de investigação científica? 

RG – A minha visão de futuro coloca Cabo Verde no mapa internacional da ciência, que será possível só através de uma estrita interação e colaboração entre os cientistas da diáspora e os residentes. Isso permitirá a Cabo Verde desenvolver uma investigação internacionalmente relevante, porque será divulgada por canais de disseminação por vezes difíceis de alcançar a partir daí. De facto, há exemplos de países que apostaram numa integração de competências da própria diáspora que tiveram sucesso no desenvolvimento nacional. Esse processo permitiu maiores taxas de crescimentos, para além de benefícios políticos, económicos e sociais que levaram o país a dar aquele salto que tanto almejamos para Cabo Verde. 

Percurso

Raffaella Gozzellino é vice-Presidente da Organização Internacional dos Quadros da Diáspora Cabo-verdiana.  Diretora da Sociedade Internacional pelo estudo do metabolismo do ferro na biologia e na medicina, conhecida como “International BioIron Society” (IBIS). É igualmente Professora Convidada e Consultora na Academia de Ciência Internacional ENAGO, conhecida como “ENAGO Academy of Science”.

Consultora Científica na empresa de biotecnologia “Thelial Technologies S.A.” para o Programa de Descoberta e Desenvolvimento de Medicamentos contra doenças neurodegenerativas, conhecido como “TheBRAIN” (Thelial BarrierReinforcement applied in Neurodegeneration). Professora Assistente na Faculdade de Ciências Medicas/NOVA Medical School (NMS) da Universidade NOVA de Lisboa, Portugal.  Investigadora Principal do Laboratório de Inflamação e Neurodegeneração, que dirige no Centro de Estudos de Doenças Crónicas (CEDOC), Faculdade da Ciências Medicas/NOVA Medical School (NMS) da Universidade NOVA de Lisboa, Portugal,

Investigadora Sénior (no campo de Imunologia/Infeção) no Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras, Portugal. Cientista de Pós-doutorado (no campo de Imunologia e doenças infeciosas) no Laboratório de Inflamação, do Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras, Portugal.  Estudante de Doutoramento (no campo de Neurociência e Neurobiologia), no Laboratório de Sinalização Celular e Apoptose, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lerida e do Hospital Arnau de Vilanova, em Lerida, Espanha.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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