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Governo protela esclarecimentos sobre semelhanças entre nova marca turística de Cabo Verde e logo de empresa portuguesa

O governo protelou um posicionamento público sobre a polémica em torno da marca turística do destino Cabo Verde, lançada com pompa e circunstância no dia 16 de fevereiro na Cidade Velha, Património Mundial da Humanidade. Abordado por email pelo Mindelinsite para reagir a uma forte polémica sobre a evidente semelhança entre o símbolo turístico de Cabo Verde e o de uma empresa portuguesa, o Executivo informou através do Gabinete do Primeiro-ministro que o Instituto de Turismo de Cabo Verde “fará os esclarecimentos atempadamente”. E nada mais disse.

Na mensagem, o Mindelinsite solicitou respostas a uma série de questões que se mostram pertinentes dada a sensibilidade da situação, que aponta para um eventual plágio do logotipo. O mesmo tem várias semelhanças com outra imagem que circula nas redes sociais associada à guesthouse e lavandaria Sea Ria – A Casa dos Maria. Ambos os logos têm o formato de um coração dividido por camadas de cores, que são, no entanto, mais diversificadas no caso da marca turística de Cabo Verde.

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Este diário digital quis saber se o Executivo tinha conhecimento da polémica nas redes sociais, se abriu uma investigação para esclarecer os meandros do caso, foi solicitado o nome da empresa contratada para prestar o serviço ao Estado de Cabo Verde, os critérios para escolha da mesma, se foi feita uma pesquisa para evitar eventuais plágios e se o Governo tinha recebido alguma reclamação da empresa A Casa dos Maria. A resposta sucinta é que o ITCV dará um esclarecimento mais tarde.

Entretanto, ontem o deputado Démis Lobo confrontou Ulisses Correia e Silva com o assunto na sessão parlamentar. Na sua intervenção, o parlamentar do PAICV trouxe à baila a descoberta do alegado plágio da marca turística de Cabo Verde com o logo da referida empresa e que tem mais de sete anos. O parlamentar perguntou ao governante como isso pode acontecer e quis saber quais as medidas que o Executivo pensa tomar sobre o assunto.

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Na sua resposta, Ulisses Correia e Silva começou por dizer que, em primeiro lugar, é preciso provar que se trata de um plágio. Em segundo lugar, prosseguiu o chefe do Governo, foi feito um concurso internacional com a participação de empresas externas, houve uma vencedora e foi feita a concessão com financiamento do Banco Mundial. “Na eventualidade de se constatar e de se provar que houve plágio, a empresa contratada será responsabilizada”, garantiu o “premier”, para quem é preciso aguardar até porque há indicação de que a empresa autora do design vai fazer o registo da marca.

A gritante semelhança entre os dois logos chamou a atenção de internautas, que publicaram imagens comparativas dois dias após a apresentação da nova marca na Cidade Velha pelo Primeiro-ministro e o ministro do Turismo. A iniciativa suscitou uma enxurrada de reações de indignação. Os comentários foram no sentido de criticar a “falta de rigor” de quem deveria estar alerta para evitar casos de plágio, a suposta ausência de um concurso público para escolha da empresa para prestação do serviço, o impacto que essa “gaffe” pode ter na imagem de Cabo Verde e, sem muita surpresa, houve quem tenha se lembrado de outras situações semelhantes ocorridas no país.

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Para um designer cabo-verdiano esse caso constitui uma falta de respeito à capacidade dos técnicos nacionais, quando, diz, o país tem bons profissionais na área. O mesmo apresenta um vídeo ligeiro para mostrar o quão fácil fica adaptar as cores do logo no programa Photoshop.  

A Marca Turística do Destino Cabo Verde é considerada pelo Governo um “símbolo e imagem de promoção do arquipélago dentro e no exterior”, com a seguinte designação em língua inglesa: “The islands of Cabo Verde from the heart”. O logo, conforme vem estabelecido no Boletim Oficial, capta a diversidade das ilhas e comunica o país como destino turístico para o mercado, simbolizando a “morabeza”, a origem, história, cultura, autenticidade e orgulho de suas ilhas. O seu uso, estabelece o Governo, é obrigatório pelo sector público, de forma uniformizada em todas as campanhas promocionais. Assegura o BO que se trata de uma marca registada a ser gerida pelo Instituto do Turismo de Cabo Verde, enquanto actual autoridade turística central.

O Mindelinsite tentou também entrar em contacto com a empresa Sea Ria – Casa dos Maria através do messenger da sua página oficial no Facebook. A nossa mensagem foi visualizada, mas até ao momento não houve nenhuma reação.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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