Governo cria gabinete de crise: “É preciso estar no terreno para se ver o verdadeiro impacto do temporal em S. Vicente”
Número de vítimas mortais sobe para oito.

O Primeiro-ministro afirmou hoje que é preciso estar no terreno para se constatar do verdadeiro impacto do temporal que atingiu a ilha de S. Vicente na madrugada de ontem. A partir de Salamansa, localidade onde houve três vítimas mortais – duas crianças e uma adolescente – assegurou que a prioridade das autoridades é ajudar as famílias mais afectadas para que possam minimizar os impactos patrimoniais, psicológicas e ao nível da saúde.
“Não há forma de compensar a perda de vidas humanas, mas há como minorar este mal. Isto significa que vamos intervir imediatamente para garantir que as famílias atingidas tenham o mínimo necessário para a subsistência e possam refazer a vida. Uma das grandes prioridades é a habitação”, declaração às antenas da RCV.
Ulisses Correia e Silva adiantou que foi criado um gabinete de crise, integrado pelos ministérios com responsabilidade nos domínios das infraestruturas, saúde, educação, finanças e evidenciou a necessidade de se restabelecer as vias de circulação rodoviária, que estão intransitáveis. Segundo Silva, a ilha precisa ser reconstruída. Daí o Governo ter declarado a situação de calamidade, que permite acionar os recursos financeiros do Fundo de Emergência Nacional e acelerar pedidos de ajuda à comunidade internacional. Neste sentido, adianta que já houve uma abordagem com a União Europeia e o Banco Mundial e a própria FIFA se disponibilizou a ajudar na recuperação de alguma infraestrutura desportiva e conceder apoio humanitário.
Estas ações, acrescenta, estão a ser realizadas em conjunto com a Câmara de S. Vicente para que as pessoas tenham o rendimento necessário para satisfazer as necessidades de alimentação, saúde e que as crianças possam regressar às aulas quando o ano lectivo começar. Adianta que está a ser feito um trabalho imediato de identificação dos casos mais urgentes.
Sensível ao drama que assola S. Vicente, os cabo-verdianos estão a tomar iniciativas no país e na emigração para auxiliar os mais necessitados. Nas redes sociais “chovem” apelos à solidariedade, com iniciativas diversas de carácter particular e também institucional. Por exemplo, a Associação Cabo-verdiana de Brockton juntou-se a activistas sociais nos Estados Unidos para recolher géneros alimentícios, roupas, cobertores e dinheiro para apoiar os desalojados.
Do seu lado, o projecto Zé Luís Solidário anunciou que está a mobilizar esforços para colaborar com ações de auxílio às vítimas da tempestade através da arrecadação de donativos. Em gesto de solidariedade, a Câmara Municipal de Santa Catarina decidiu, por seu lado, cancelar o Festival de Chão de Tanque e todas as atividades culturais previstas para estes dias, como gesto de respeito e união para com as comunidades atingidas em S. Vicente e na ilha de Santo Antão. Num comunicado vídeo, o edil Armindo Freitas, transmitiu a solidariedade do seu município a todo o povo de São Vicente e às autoridades locais e desejou muita força ao colega Augusto Neves e ainda às autoridades que estão neste momento a trabalhar para normalizar o quanto antes a vida social na terra do Monte-Cara.
Notícia avançada pelo jornal Expressodasilhas dá conta, entretanto, que o número de vítimas mortais subiu para oito. A informação, diz, foi avançada pelo vereador da Proteção Civil da CMSV à RCV, tendo especificado que esta morte foi provocada por electrocussão. José Carlos, conforme esse jornal, acrescentou que três pessoas estão dadas como desaparecidas e há 12 desalojados neste momento.
Outra informação actualizada dá conta que o auditório Onésimo Silveira, da Universidade do Mindelo (Uni-Mindelo), ficou completamente destruído e inundado pelas chuvas torrenciais. Os prejuízos foram estimados pelo reitor Albertino Graça em cerca de 12 mil contos, segundo a Inforpress. Em declarações à gência de notícias, Graças explicou que um muro desabou e bloqueou o curso normal da água, que acabou por se acumular à frente do auditório, provocar a ruptura da porta e a inundação total do espaço. O compartimento, acrescenta, ficou totalmente submerso em 500 metros cúbicos de água, que destruiu todo o mobiliário, equipamentos e infraestruturas.