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Filomena Martins acusa Governo de bloquear investimentos para S. Vicente: “A CV Trade não tem competências, é uma mera caixa de ressonância”

A deputada Filomena Martins voltou a acusar o Governo de andar a promover o bloqueio económico da ilha de S. Vicente, numa intervenção feita esta manhã na sessão parlamentar. Segundo essa eleita do grupo parlamentar do PAICV, os investimentos estão praticamente parados na ilha do Monte Cara porque, em parte, a própria representação da Cabo Verde TradeInvest em S. Vicente passou a ser uma mera caixa de ressonância, uma instituição desprovida de competência para dar andamento aos processos. “A CV Trade foi esvaziada de todas as competências. Recebe os projectos de investimento destinados a S. Vicente e às ilhas de Santo Antão e S. Nicolau, mas não tem competência para passar certificados nem estatutos de utilidade pública. Envia os processos para o Balcão Único, onde ficam emperrados. Portanto, estamos perante um retrocesso”, considera Martins. Para esta política, há um evidente bloqueio ao desenvolvimento económico de S. Vicente, mas que acaba também por afectar as ilhas de Santo Antão e São Nicolau, por estarem dentro das atribuições da delegação da CV Trade no Mindelo.

Devido a esse emperramento, prossegue Martins, há investidores que acabam por arcar com prejuízos com a chegada dos equipamentos ao Porto Grande para as suas obras. Como os processos estão atrasados são obrigados a pagar o tempo excessivo de armazenamento das cargas, o que onera os custos previstos.

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“O caricato é que São Vicente se sente esmagada entre dois polos: por um lado as indústrias e investimentos existentes que não conseguem dar o devido escoamento dos produtos em tempo útil e a baixos custos; por outro lado, os investidores deparam-se com uma ausência de visão política, o que cria um emaranhado de obstáculos administrativos e processuais, porquanto todo o poder de decisão está deslocado para a cidade da Praia, o que desmotiva os investidores”, critica essa deputada eleita pelo círculo de S. Vicente.

Outro assunto que preocupa Filomena Martins é o ponto de situação do projecto da Zona Económica Marítima Especial anunciado pelo Governo como solução para desencravar a economia da ilha de S. Vicente. Como relembra, o Executivo de Ulisses Correia e Silva garantiu que a obra começaria em 2018, o que, para Martins, foi uma declaração irresponsável. É que, explica, só os estudos, que estão a ser feitos por peritos chineses, deverão demorar dois anos, pelo que nem em 2020 será possível iniciar a obra.

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No tocante à prometida Escola do Mar, Filomena Martins relembrou que agora passou a ser um “campus”, mas que mesmo assim, volvidos dois anos, o processo está “completamente parado”. “A faculdade de Ciências e Engenharia já se posicionou sobre a matéria, assim como a Reitoria da UniCV, mas parece que o Governo não sabe para que lado virar”, diz Martins, relembrando que Ulisses Correia e Silva garantiu ter soluções para Cabo Verde, só que, nas palavras dela, o Governo está a deixar S. Vicente para trás. “Prometeram soluções, mas não fazem parte da solucionática, mas sim da problemática.”

A intervenção de Filomena Martins suscitou a pronta reacção do deputado João Gomes, eleito por S. Vicente nas listas do MpD, que assegurou que todas as questões levantadas serão solucionadas, assim que for aprovada a Lei da Regionalização, que deveria acontecer ainda na sessão de hoje. “Assim não haverá mais estrangulamento porque os assuntos já não serão remetidos à cidade da Praia, pois serão discutidas e tratadas directamente em S. Vicente”, explicou Gomes.

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Conforme este politico, a Zona Económica Marítima Especial será certamente uma realidade, tal como a construção do Terminal de Cruzeiros, cujas obras, assegura, vão arrancar este ano. Por outro lado, reforçou que a construção da Estrada Baía-Cidade do Mindelo vai a bom ritmo.

“Portanto, devagar, devagarinho vamos fazendo e levando a felicidade às gentes de S. Vicente”, concluiu Gomes. Mas, como retorquiu Martins, as coisas vão tão devagar que estão quase paradas. “Como se diz em S. Vicente, ‘tude manera e ba devagar’”, brincou a deputada.

Kim-Zé Brito

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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7 Comentários

  1. Esse João Gomes parece o João do Carmo no tempo de PAICV, defende o partido com unhas d’cabra, dentes d’tubarão…passam o tempo inteiro a defenderem os partidos e nunca São Vicente. Há não ser por conveniência quando estão na oposição.

  2. Nada pior para este país do que falar no abstrato. Quando se denuncia deve- se dizer tudo e provar. Se tudo o que a deputada disse for verdade, mesmo sem citar nomes, a situação é grave e é ridículo meter a regionalização neste assunto. Há que chamar a responsabilidade da Presidente da Cabo Investe. Demiti – lá se assunto for tão grave como o descrito.

  3. … nos 15 anos do Governo do PAICV a Filomena o Inocente Manuel e o Alexandre Novais simplesmente falavam duma visao que o partido e o governo do Zemas tinha para Sao Vicente . A visao de 15 anos foi uma cegueira total. Para salvar a alma que ja estava no caldeirao do Lucifer ela optou fugir das regras do partido votou contra as linhas tracadas pelo Partido.
    Uma coisa e certa nenhum deputado Caboverdeano representa o eleitor e o Circolo .Sao Escravos ,Refens ou Mercenarios dos partidos.
    O Joao Ramos ,assim como os outros querem enrriquecer assim como toda a classe politica .Nao tem coracao Mindelense assim como o Gusto Presidente do Municipio de Sao Vicente .

  4. São Vicente só vai se desenvolver quando tiver a sua independência, mandem os badios para o ca…, porque eles só nos f.. Santiago só e mais desenvolvido que são Vicente por causa desses lobos, e inconpentendes..

  5. Pedimos ponderação e maturidade aos nossos Deputados para uma abordagem responsável dos problemas. As estratégias eleitoralistas e a luta pelo protagonismo político não deixam definir as melhores políticas do desenvolvimento do País, por isso, os quinze anos de governação do PAICV não foram bons, com uma elevada dívida pública e alta taxa de desemprego, constituindo hoje uma pesada herança negativa para quem governa. É preciso corrigir essa política para que o MPD não nos leve pelo mesmo caminho.

  6. O problema de Cabo verde,e essa democracia de fachada,alimentada e elogiada por “parceiros internacionais”,para justificar o dinheiro gastos em ajuda no arquipelago,fruto dos impostos pagos pelos contribuintes dos seus paises.Quem disse que a democracia cabovedeana esta proxima a dos Estados Unidos da America?Deixem de disparates!
    Em Cabo verde nao existe distribuicao de poder,de decisoes e recursos, igualitaria,como impoe a democracia e a constitucao da republica do pais.Vivemos uma farsa,todos sabemos!Enquanto as decisoes nao forem tomadas em cabo verde,num orgao colegial,com representantes de todas ilhas com poder de veto,e que obriga a procura de concesos,como acontece com a Uniao Europeia,nunca teremos cidadaos nacionais iguais em todas ilhas,como impoe a carta magna Nacional.A unica instituicao nacional verdadeiramente democratica existente em cabo verde(salvo o erro) e a federacao caboverdeana de turismo com representacao igualitaria de todas as ilhas.O restos funciona ao modelo ideologico e autoritario, com pendor socialista a moda africana,inspirado no cabralismo,que tem feito escola nesses 43 anos de independecia das nossas ilhas.Enquanto nao houver uma verdadeira mudanca de paradigma,da forma como se exerce o poder,nos nossos dez graozinhos de terra,nada mudara.Pode-se fazer a regionalizacao e outros expedientes,continuaremos na mesma!Enquanto houver o modelo de “nos mandamos e voces obedecem”,continuaremos parados!

    Portanto volto a reforcar ,mais uma vez aqui,a necessidade de Democratizar verdadeiramento essas ilhas, sem malabarismos!!!

  7. Olá João Gomes! Não compreendes português? Procurando simplificar-te tudo o máximo possível, no fundo a Filó disse que ainda não se lançou a primeira pedra para se começar a cumprir com pelo menos uma só das várias promessas feitas a S.Vicente. Para a construção do Campus do Mar, do terminal de cruzeiros, do Porto de águas profundas, dos estaleiros de reparação naval, do centro de alto rendimento desportivo; da certificação do Estádio Adérito Sena; etc. Se achas que tudo isto já foi feito, estás no direito de discordar dela; se tens dúvidas, faz uma visitinha ao cais e verifica se o terminal de cruzairos está lá; faz uma visitinha à Ribeira de Julião e verifica se o Campus do Mar está lá; faz uma visitinha à Saragaça e verifica se o Porto de águas profundas e o estaleiro de reparação naval estão lá; faz uma visitinha ao estádio e verifica se já foi certificado; etc. Só que se concluires que tudo o que ela diz é verdade, deves aceitar que é preciso ter muita lata para não concordar. “Outra coisa”: Pelo que vejo, a teu ver, tem-se de esperar pela regionalização para que se faça qualquer coisa pela ilha. Que ideia de jerico. Já aora, devias mandar o governo parar com a construção da estrada Mindelo-Baía, porque o país ainda não foi reionalizado.

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