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Escola Industrial e Comercial do Mindelo com aproveitamento escolar acima dos 80 por cento

A Escola Industrial e Comercial do Mindelo está com um aproveitamento acima dos 80%, repetindo o “bom desempenho” dos anos anteriores, conforme informações avançadas pelo director Donaciano Oliveira, num exclusivo Mindelinsite. A avaliação é no entanto distinta, consoante o ciclo, ou seja, até o 8º Ano (Ensino Básico Obrigatório) e 11 e 12º Ano (cursos técnicos), pontua.  

Em termos concretos, diz este responsável, no 8º Ano, que é o final de um ciclo, os alunos não podem transitar caso deixarem uma única disciplina para trás. Por causa desta exigência, o aproveitamento escolar é aqui ligeiramente inferior, um fenómeno que ocorre em todas as escolas de Cabo Verde. “Mas, no cômputo geral, o aproveitamento escolar tem sido bom, pese embora ainda notamos algumas turmas com uma percentagem elevada de negativa. Refiro-me especificamente às turmas onde temos alunos multi-repetentes, ou seja, que já reprovaram por diversas vezes e que já não querem estar no contexto escolar”, diz, realçando que, nestes casos, independentemente do número de reprovações, os discentes são obrigados a permanecer na escola até completarem 18 anos.

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Outro factor que também afecta o desempenho dos estudantes, afirma, é o número excessivo de faltas. Sobre este particular, Donaciano Oliveira refere que o sistema às vezes diz que os alunos podem ter 80 faltas, outras vezes 100, o que dificulta uma interpretação mais assertiva. “Esta questão de faltas não está bem parametrizada. Certo é que os alunos já perceberam que podem faltar as aulas porque nada acontece. Isto reflete no aproveitamento escolar. Infelizmente é a situação que temos. Mas, no 11 e 12º Ano, o desempenho está acima dos 80%, tendo em conta que são anos de mais responsabilidades.”

Escola Técnica do Mindelo

A prova disso, pontua, é que este ano a EICM terá 150 alunos finalistas, sendo certo que nem todos vão transitar. “Sabemos que alguns dos finalistas vão deixar disciplinas para trás, sendo que, até três reprovações, conseguem transitar e têm a possibilidade de repetir apenas as matérias em que não foram aprovados. Mas não deixa de ser um número expressivo a concluir o curso técnico”, pontua, indicando que os anos escolares mais problemáticos são 8º e 9º, sendo o primeiro por ser um fim de ciclo com maiores exigências e o segundo sobretudo devido as faltas. “Os alunos estão tão acostumados a falar que não percebem que no 9º Ano as regras são diferentes. As faltas são multiplicadas por três devido a carga horária, o que contribui para alguma taxa negativa.” 

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Questionado se sentiu os efeitos da pandemia da Covid-19 na EICM, o director admite que é perceptível, mas entende que só estudos científicos podem comprovar este facto. Explica ainda que o Ministério da Educação deu orientações para se rever os conteúdos perdidos, medida que surtiu efeito. “Esta  medida foi positiva, mas não suficiente porque tínhamos de avançar com matérias novas. Por isso ainda sentimos alguma deficiência. Possivelmente mais para frente iremos sentir um impacto maior quando os alunos afectados  no 7 e 8º Ano chegarem ao 12º ano de escolaridade”, perspectiva. 

Reconhece, entretanto, algum impacto positivo a nível da preservação da escola e melhoria do comportamento dos alunos. Isto porque, afirma, os alunos permaneciam no edifício apenas 2h30mn e nunca sem professores nas salas de aulas. Com isso, os equipamentos não estragavam e as paredes não eram pixados. “Havia muita paz. Os intervalos, de apenas cinco minutos, tinham muitos benefícios. Era o tempo apenas para a higienização das salas e troca de professores. Depois que voltamos para o sistema normal, os maus comportamentos e danificação de materiais retornaram”, lamenta o director. 

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Como ponto negativo, Donaciano Oliveira aponta a redução da carga horária de algumas disciplinas de 50 para 25 minutos ou de 100 para 50 minutos, com reflexos no aproveitamento. Isto porque, afirma, apesar da tentativa de rever os conteúdos ou de tentar nivelar, foi impossível recuperar as perdas na totalidade. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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