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Empresário Samba Bathily pede três anos para colocar S. Vicente no “centro” do turismo mundial

O CEO do grupo empresarial Africa Development Solutions, responsável pelo Floating Music Hub que está a ser construído na baía do Porto Grande em S. Vicente, quer colocar a cidade do Mindelo no “centro” do turismo no mundo. Para isso, o empresário Samba Bathily pede às autoridades cabo-verdianas três anos para atingir esse propósito. Entretanto, Bathily espera concluir e inaugurar o estúdio de gravação de alto nível na Avenida Marginal dentro de três meses, um empreendimento que trará cantores internacionais para fazer os seus registos nesta ilha. Neste exclusivo ao Mindelinsite, Samba fala ainda da sua entrada em força no sector do turismo, graças a aquisição da empresa que tem a concessão do Ponto d’ Agua e da residencial Casa Branca, e promete ainda para breve construir um resort de grandes dimensões no Mindelo. “A cidade do Mindelo é hoje a minha paixão”, justifica o maliano, que pretende ainda investir no sector aéreo em parceria ou a nível particular. 

Por Constânça de Pina/Kimzé Brito

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Mindelinsite: Para começo de conversa como “descobriu” a cidade do Mindelo?

Samba Bathily: Faz três anos que conheci Mindelo. Vim para Cabo Verde no quadro de um projecto solar. Vi que havia aqui muitas oportunidades, sobretudo a nível do turismo cultural. Sou apaixonado pela música e, enquanto estava na cidade da Praia, esta paixão aumentou. Mas, quando cheguei em S. Vicente vi que aqui era “o lugar” porque vi o melhor da cultura cabo-verdiana e africana. É isso que me trouxe a Mindelo. Dois anos depois comprei uma casa e de seguida decidi investir aqui. Neste momento estou a desenvolver o projecto Floating Music Hub, mas tenho também projectos a nível da hotelaria. Já adquiri a empresa que tem a concessão do hotel Ponto d’ Agua e da residencial Casa Branca. E pretendo construir mais adiante um grande resort.

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MI – Onde será localizado o resorte?

SB – Será construído em S. Vicente, mas ainda estou a reflectir sobre isso porque o problema aqui é a dificuldade de trazer as pessoas para a ilha. Não há infra-estruturas suficientes. Para se ter uma ideia, para o evento que realizamos no último sábado (encontro internacional de criativos africanos e media), tínhamos previsto trazer 150 pessoas, mas tivemos de recusar cerca de 200 devido a dificuldades de transporte. Um grupo de pessoas acabou por ficar retido no Sal e outro em Dacar por causa da falta de aviões. É preciso que se resolva rapidamente o problema de transportes aéreos para a ilha.

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MI – Enquanto investidor, como vê o problema dos transportes aéreos em Cabo Verde, particularmente em S. Vicente? E como afecta o desenvolvimento da ilha?

SB – Penso que o problema resulta sobretudo da falta de aviões. Mas, se quiserem verdadeiramente desenvolver a ilha de S. Vicente, as autoridades precisam resolver rapidamente a questão de transporte. Acredito que, através  da parceria entre o Governo e a Islandair, as coisas  com a Cabo Verde Airlines podem funcionar. Mas é preciso salvaguardar as companhias aéreas, principalmente, a demanda.

Investir nos transportes aéreos 

MI – Há alguma possibilidade de Samba Bathily investir também no sector dos transportes aéreos?

SB – Porque não? Eu reflito em ecossistema. Se podemos investir nos hotéis e espaços de diversão é preciso resolver a priori o problema dos transportes. A minha primeira opção é trabalhar em parceria com as empresas existentes em Cabo Verde nesta matéria, no caso a CV Airlines ou outra. Mas, se não tivermos escolha, seremos obrigados a encontrar outra solução. Estou a fazer grandes investimentos aqui e é preciso que as pessoas consigam chegar a esta ilha e sejam alojadas. Então temos de encontrar soluções.

No mundo dos negócios não há milagres. Todos os países para desenvolverem o turismo tiveram de reflectir sobre estas questões. Pegamos o exemplo do Marrocos. A Air Marrocos voa para todos os lugares do país, mesmo não sendo rentáveis. Mas, por causa do turismo, tiveram de ceder. Temos também o exemplo do Dubai, que cresceu assente na companhia aérea Emirates. Sem Emirates não haveria Dubai. Penso que o Governo de Cabo Verde está tentando encontrar uma solução para os transportes. Mas precisa trabalhar com o sector privado e seguir as nossas indicações porque estamos no terreno para que se possa encontrar as melhores soluções, que vão permitir que Cabo Verde tenha mais turismo. E quem fala de mais turismo, fala também de mais empregos criados e de mais oportunidades para os cabo-verdianos. Este sector emprega milhões de pessoas. Cabo Verde tem esta oportunidade porque é um pais seguro e culturalmente aberto. A África está a reflectir a necessidade de se fazer mais turismo interno. Isto é muito importante para os nossos países. É preciso que os africanos comecem a pensar em África porque é isso que vai criar outras oportunidades para os africanos.

MI – Fale-nos sobre a mesa redonda que reuniu os maiores criativos de África na ilha de S. Vicente? Quais os objectivos preconizados com o encontro?

SB – O evento foi sobre as indústrias criativas. Trouxemos actores do sector da criação, da moda, da arte, da música, da  produção cinematográfica e órgãos de comunicação social para reflectir sobre como melhorar a criatividade em África, sobretudo como aliar a criação aos negócios. Entendo que o problema da criação em Africa é que ela não é rentável. Se vermos bem, quase todos os países africanos possuem talentos. Mas todo este talento muitas vezes sequer permite aos criadores de viver, às vezes devido a falta de conhecimento. Outras vezes porque não há um mercado para rentabilizar todo este talento. Na maior parte do tempo os artistas africanos só são reconhecidos nos seus países depois do reconhecimento internacional. Em Cabo Verde, há o caso paradigmático da Cesária Évora que actuou durante anos sem o devido reconhecimento, bastou ser reconhecido na Europa para se transformar numa grande artista no país. No entanto, o talento sempre esteve lá. Podemos apontar muitos exemplos similares em África. 

Hotel Ponte Agua adquirido por Samba Bathily

É preciso mudar este paradigma. Hoje há uma nova geração em África, é preciso que ganhe consciência que deve colocar a África no centro. Os africanos precisam fazer turismo no continente, conhecer os outros países. Para mim, isto não é africanismo, é economia. Actualmente, o turismo movimenta milhões é preciso que estejamos conscientes disso, quer a nível do emprego, mas também da estabilidade nos países. Se não criarmos oportunidades para os africanos em África, vamos criar o caos nos nossos países e há o risco de isso tocar os vizinhos. Se não houver  oportunidades internas as pessoas serão obrigadas a emigrar. Por isso, digo, o desenvolvimento da África é uma questão de segurança nacional. 

MI – Como surgiu a ideia de realizar o encontro de criativos no Mindelo?

SB – A iniciativa surgiu de uma discussão de ideias. Reuni-me com a minha equipa e decidi avançar. Entendo que é preciso desenvolver o turismo. Estou disponível para investir em vários domínios em S. Vicente. Tenho um fundo de investimento que financia os africanos. Cito o caso do designer Alphadi. Também pretendo investir numa fabrica de têxtil em Dacar com um outro promotor que me procurou. A nível da música estou a investir no Floating Music Hub do Mindelo. Pretendo investir no turismo. Portanto, quero trabalhar com os africanos. Quero colocar o meu dinheiro em projectos que me atraem. Não é apenas conversa. O objectivo é que todos estes investimentos crescam e possam ajudar a desenvolver o nosso continente. 

Mindelo, cidade “efervescente” e “dinâmica”

MI – Porquê escolheu Mindelo para fazer os seus investimentos?

SB – Escolhi investir S. Vicente porque esta ilha é efervescente e dinâmica. Quando se fala no turismo, a primeira imagem que temos é mar, sol e praia. É isso que as ilhas nos fazem sonhar. Esta é uma primeira vantagem desta ilha. Outra razão é que Mindelo tem uma localização estratégica. Fica a apenas uma hora de Dacar. Somos todos inter-africanos e ainda há cultura e o aspecto caloroso. Há lugares turísticos que não são espontâneos. Para mim não são naturais. Cito Dubai, onde tudo foi criado. Aqui é tudo natural. 

MI – Concorda que Mindelo é um centro cultural?

SB – Sim, sem dúvida. Estive no Sal e vi outras ilhas, mas eu sou um homem da cultura. Amo a música. Sou um apaixonado pela música e tudo o que é criação. A meu ver não ha lugar melhor em Cabo Verde. As pessoas nos dizem que, se quisermos investir em hotelaria, os lugares de mais fácil retorno são as ilhas do Sal e Boa Vista. Mas não sou motivado apenas pelo dinheiro. Mesmo dentro da minha equipa, quando decidi investir no Mindelo, as pessoas estranharam, alegando que até para chegar a ilha de S. Vicente é difícil. A minha resposta foi sim, hoje é difícil. Há desafios, mas é isso que me motiva. Não quero um turismo para dormir na praia. Quero um turismo que desenvolva a cultura local em que se dá e recebe.

MI – S. Vicente foi sempre uma ilha aberta ao mundo e hoje há uma grande comunidade africana residente, constituído por nigerianos, malianos, senegaleses

SB – Penso que se Cabo Verde jogar bem as suas cartas, um lugar como a cidade do Mindelo pode se transformar num carismático centro internacional. É preciso que os cabo-verdianos compreendam que os estrangeiros são a riqueza. Pegamos o exemplo dos Estados Unidos, um país com as maiores vagas de estrangeiros no mundo. Cada um que vem dá e recebe. Para mim, Mindelo pode ser a porta e deve ser a porta e o centro de toda a África. A ilha deve ser um centro internacional e quando alguém vier a Mindelo deve poder tocar a África.

Mindelo é hoje a minha cidade

MI – Como avalia a integração destas comunidades em S. Vicente?

SB – A integração nem sempre é fácil. Desde logo temos a barreira da língua e ainda cultural porque as pessoas não têm os mesmos hábitos. Porém, Mindelo é uma cidade aberta e receptiva. Eu me adapto facilmente. Sempre que vou para algum lugar, analiso e me adapto. Mindelo hoje é a minha paixão. Os meus funcionários dizem que casei com a cidade Mindelo. Em todas as minhas reuniões no exterior, convido as pessoas para virem conhecer S.Vicente. Nunca faço nenhum encontro lá fora sem falar do Mindelo. 

MI – Voltando aos investimentos em S. Vicente, o prazo de execução do Floating Music é de três meses. Estará concluído no Carnaval?

SB – O meu grande objectivo nos próximos três meses é concluir o projecto Mindelo Floating, mas quero fazer algo bem feito, sobretudo porque estamos a construir no mar. Todos os equipamentos para este projecto estão em Cabo Verde há sete meses. Neste momento já estamos a pensar no programa de inauguração. Pensamos trazer muitos artistas internacionais e celebridades, mas ainda não posso adiantar os nomes por questão de agenda. Posso garantir que iremos trazer mais gente que agora para o encontro que reuniu os maiores criativos de África em S.Vicente, em que trouxemos cerca de uma centena de pessoas e custou cerca de 600 mil dólares, entre passagens aéreas e alojamento. Algumas ficaram retidas na ilha do Sal e mesmo em Dacar devido a dificuldades de transporte. Tive de mandar o avião para buscar as pessoas que vieram também passar o 31 de Dezembro nesta ilha.

Porta-vozes do Mindelo

MI – Trouxe para este encontro o famoso actor de Hollywood Djimon Hounsou e outros destacados criativos africanos. Qual foi a intenção?

SB – Vocês vão ver. Quando falo com as autoridades cabo-verdianas peço apenas três anos para colocar Mindelo no centro do mapa turístico do mundo. Este é o meu desafio. Estou interessado em continuar a investir aqui. Dou como exemplo o studio flutuante que irá servir para trazer artistas internacionais para gravarem aqui. Eles serão pagos para virem aqui. Trazer um artista de renome custa muito dinheiro. Se tiver de ir busca-lo num avião privado nos EUA, pagar alojamento e cachet os números podem chegar perto dos 100 mil dólares. Acresce a isso os órgãos de comunicação social que terei de trazer para fazer a divulgação desses artistas e os valores disparam. Na verdade, divulgar a imagem turística de um país no mundo custa muito dinheiro. Mas é isso que garante o retorno do investimento feito.  

MI – Qual é o sentimento desses artistas em relação a Mindelo?

SB – Todas as pessoas que vieram estão contentes por estarem em S.Vicente. São elas que serão as porta-vozes desta ilha lá fora. Sozinho não posso fazer muito. Trouxe agora uma centena de pessoas, que irão falar com outras tantas sobre tudo que viram e viveram aqui. Penso para o próximo ano trazer mil pessoas. Mesmo agora queria ter trazido mais, mas não pude devido a problemas dos transportes. Mais de 200 pessoas ficaram “chateadas” comigo porque não as trouxe. Algumas ligaram-me para queixar, mas não conseguia alojar todas. Tenho um amigo de infância em Nova Iorque que me telefonou chateado porque ficou de fora da minha lista de convidados. Desde já é o meu convidado especial para o Carnaval. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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16 Comentários

  1. Boa!.. Ele comprou hotel e casa, e ainda ele não sabe nada das dificuldades dos transportes? Ele quis trazer 150 pessoas e afinal ele deixou 200 pessoas? Ele tem meio-milhão de dolares para trazer um artista de Nova Iorque e ele não pode alugar um avião? Mindelo fica a uma hora de Dacar?

    … Estranho…

  2. Esse “empresário” tem uma varinha mágica. Vamos lhe dar 3 meses e ele com a sua varinha mageca faz “tlim tlim” e pronto. Ja ta: S.Vicente no Centro do turismo mundial. Uaauuuuuu !

    Exprimido essa entrevista desse “empresario” eis o que sai : tráfego de droga. lavagem de capital. financiamento de terrorismo. Mas nada.

  3. Estou interessada pelo projeto em referência musical ,pois sou diplomada do estado Francês e musica mais trabalho em coreçao de vozes doentes de cantores ,atores etc. Moro na América Central. Como pode entrar em relações com o Senhor Samba Bathily, por favor?

  4. Quero em nome de Cabo Verde ?? agradecer ao samba Bashily particularmente em nome de s Vicente a sua boa vontade a ilha do Mindelo.

  5. Ó empresário, o homem não é para essas coisas. Para mostrar sua humildade, tem à porta da ponte d´água um carrão de marca desconhecida prá mim, junto com um Rolls Royce preto. Alfândega de Mindelo deve estar felicíssimo com a grana do despacho desses carros e, com o desembolso da grana para o despacho, nosso homem deve ter ficado “quebrado”.

  6. Poderia até dizer que Samba Bathily tem olhos de “lince”.
    Mas, a verdade é outra: Há politicos em Caboverde que escolhem não ver o real S.Vicente.
    Aquele S.Vicente que os mindelenses, ano após ano, têm insistido educadamente, e às vezes, revoltadamente.

  7. Todas as vezes que aparece um “salvador” para S.Vicente, aparece logo um azedo “Emanuel Delgado” a tentar agoirar tudo.
    Esse Emanuel Delgado vive com a ilusão de ser um todo poderoso que sozinho com as suas bocas, consegue impedir o desenvolvimento de S.Vicente.
    Haja falta de noçåo e ignorância!!!
    Esse Emanuel Delgado vai morrer de velho, desejando que ninguém invista nesta ilha!

  8. Primeiro, o actor Djimon Hounsou revelou a sua amizade e uma apreciação positiva sobre S.Vicente e foi logo insultado por alguns caboverdeanos bem identificados.
    Depois, o empresário Samba Bathilly revelou a sua amizade e uma apreciação positiva sobre S.Vicente e foi tambėm, logo insultado por alguns caboverdanos bem identificados.
    Se algum dia, o “Papa” também revelar uma amizade e uma apreciação positiva sobre S.Vicente, nem ele será poupado e certamente, será também logo insultado por esses caboverdeanos já bem identificados.
    Que irracionalidade é essa???
    Só pode ser fruto de alguma descompensaçáo genética!!!

  9. Bh deve ser bara pateta pa faze um comentario des li…kont t parce alguém pa tra são vicente des brok k no t metit ke ninguém k t espia pa nós ne mesmo nos governante e k tem tal obrigação t parce um palhace moda bh t deseja cosas mal pa contce, seja optimista meu caro, pq não acreditar, é isso e k falta pq potencialidades esta ilha têm até que sobra, falta é gente para investir, seja bem vindo.

  10. É deverá badiu crê tut pá Ess cuidod de nos terra São Vicente tchas investi la também um terra linda cheio de festas e pessoas unidas. O que kej meste é pó mas voo directo pá São Vicente pá no para de bAi pá kel praia sem piada
    Kkkkkkkkk

  11. Estou particularmente satisfeito com a sinergia bem positiva do Samba. São Vicente, seu povo e sua Morabeza merecem. Faço votos que nunca se desencoraje. Os inimigos do progresso que se danem. O turismo representa a principal alavanca de desenvolvimento da ilha, por isso é de se apreciar e acarinhar quem está disponível para ajudar. Força Samba, não dê ”cavaco” aos perversos.

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