Edil Augusto Neves evita comentar processo de perda de mandato à saída de encontro com PR
O edil Augusto Neves evitou comentar com a imprensa o processo administrativo de perda de mandato e afirmou, à saída de um encontro com o Presidente da República, que ainda não decidiu sobre a retirada de pelouros e de todos os poderes aos cinco vereadores da UCID e do PAICV.
Questionado pelos jornalistas se está disponível a sentar à mesa com os autarcas da oposição mesmo antes da decisão judicial, Neves assegurou que estará sempre interessado no diálogo, independentemente do pedido de cassação do mandato. Acrescentou, entretanto, que quinzenalmente, todas as quintas, tem encontro marcado com a vereação, mas o problema reside na aprovação da agenda de trabalho.
Sobre a ameaça de retirada dos pelouros aos vereadores da UCID e do PAICV, deixou perceber que o assunto ficou em standby a partir do momento em que esse grupo decidiu entregar o processo ao Tribunal de S. Vicente. “Tivemos que esperar para que as coisas se resolvam da melhor forma”, disse o presidente da CMSV, que negou também comentar sobre a sua equipa de defesa, que, conforme consta, envolve quatro juristas.
No tocante ao encontro com José Maria Neves, o edil assegurou que foi “frutífero” e que não era a primeira vez que os dois abordavam assuntos relacionados com a situação política na edilidade mindelense. Segundo Augusto Neves, o Chefe do Estado tem demonstrado vontade para que S. Vicente tenha uma imagem positiva e, do seu lado, prometeu trabalhar neste sentido. Isto porque, na sua opinião, a ilha está a passar por um bom momento e diz acreditar que a crise será ultrapassada com o apoio de todos.
“Já falta menos de metade do mandato e tudo faremos para continuarmos a trabalhar”, frisou o presidente do Município de S. Vicente. O autarca acrescentou que tem cumprido as suas responsabilidades no tocante às contas de gerência, apresentação do relatório de actividades, orçamento e plano de actividades. Estes instrumentos, assegura, já estão prontos à espera da aprovação na assembleia municipal.
Pedido para comentar uma declaração da ministra da Coesão Territorial, segundo a qual vai continuar a fiscalizar as ações da CMSV, Neves frisou que esta é uma competência do Governo e que a autarquia estará com as portas escancaradas para todas as inspeções/averiguações que o Executivo entender fazer. “Estamos tranquilos. Temos todos os instrumentos prontos, assim como todas as agendas das reuniões. Da nossa parte tudo fizemos para que as coisas funcionassem”, reagiu.
O Presidente da República assegurou, por seu lado, que a conversa que costuma manter com os actores políticos a nível nacional e local vai sempre no sentido de se colocar “água na fervura”, reduzir a tensão para se criar oportunidades de diálogo. “A política é antagonismo; a democracia é divergência de opiniões, mas também oportunidade para construirmos consensos e pontes de entendimento”, realçou José Maria neves, para quem é preciso ver a política por este prisma, e não como um campo de batalha.
José M. Neves sublinhou que é fundamental proteger as instituições democráticas, como as autarquias, os órgãos de soberania, as escolas, igrejas… O PR voltou, entretanto, a chamar atenção para as consequências da judicialização excessiva da política, numa referência indirecta ao processo de perda de mandato do edil Augusto Neves. A continuar por esse caminho, diz, a justiça pode ser politizada e isso vai desgastar as instituições. Neves enfatizou que o caso relactivo à perda de mandato do Presidente da CMSV já está na alçada da justiça e diz esperar que haja uma decisão o mais rapidamente possível.
Hoje de manhã, José M. Neves deve receber em audiência a presidente da Assembleia Municipal de S. Vicente, os vereadores da oposição e o líder da UCID.
