Dora Pires considera que tem havido “falta de vontade política” dos governos em encetar uma verdadeira descentralização
A deputada Dora Pires considerou esta manhã que tem havido falta de vontade política dos sucessivos governos do PAICV e do MpD em encetar um verdadeiro processo de descentralização em Cabo Verde. Como refere, o debate sobre o tema tem sido recorrente desde a independência, e vai voltar ao Parlamento agora em abril, sinal de que as coisas continuam persistentemente a caminhar no sentido do centralismo.
“Parece que quem governa quer tudo nas mãos. E há situações em que o nível de centralização é excessivo”, comentou a parlamentar da UCID na Cidade do Mindelo, que admitiu a possibilidade de a centralização ser algo feito de forma intencional. Porém, diz, cabe aos referidos partidos a coragem de aceitar isso para os cabo-verdianos.
Dora Pires fez esta análise hoje na ilha de S. Vicente numa antevisão da sessão parlamentar agendada para finais de abril, onde consta mais um debate com o Primeiro-ministro sobre a descentralização e o desenvolvimento local. Como lembra, esta não é a primeira vez que se irá abordar essa matéria e diz esperar que as coisas sejam diferentes desta vez. “Há anos que falamos deste assunto. Começamos, as coisas parecem começar a entrar nos eixos e de repente acontece um corte. Quando começamos a ver uma luz no fundo do túnel caímos de novo na escuridão”, compara a parlamentar.
A descentralização, segundo Dora Pires, tem sido sistematicamente usada como arma de sedução nas campanhas eleitorais e lembra que o Governo liderado por Ulisses Correia e Silva já vai no segundo mandato. Na sua perspectiva, se o Executivo quer trabalhar para o desenvolvimento equilibrado das ilhas tem de aplicar uma verdadeira descentralização.
Neste primeiro estágio, diz, pode ser uma descentralização administrativa – desde que traga melhorias para a população das ilhas – para depois se saltar para uma descentralização mais ampla. “A UCID defende a regionalização política, mas podemos ir caminhando a partir de uma descentralização administrativa”, frisa a deputada.
Além da descentralização e desenvolvimento local, os deputados vão abordar a situação em torno do sector da Educação, um tema em plena ebulição neste momento. Para a parlamentar, este será um bom momento para se esclarecer todas as situações que afectam a classe docente e os alunos. Lembrou, aliás, que tanto os professores como os estudantes realizaram protestos públicos por estes dias.
