Director Nacional da PN: “A BAC não foi eliminada, mas sim reestruturada”
O Director Nacional da PN assegura que a Brigada Anticrime não foi desactivada, tal como muita gente pensa, nomedamente na ilha de S. Vicente, onde a criação da unidade foi bastante aplaudida. O que ocorre, segundo Emanuel Estaline, é apenas uma reestruturação da PN que levou à instalação da Direção Central de Investigação Criminal na cidade da Praia e que terá a sua estrutura também no Mindelo. As operações, diz o Chefe da PN, continuam e são adaptadas à demanda. Sobre a criminalidade em S. Vicente, salienta que os furtos e roubos estão a ressurgir e classifica o comportamento de certos motoqueiros uma prova de incivilidade e de desrespeito pela segurança e sossego das pessoas.
Mindel Insite – Há uma curiosidade em S. Vicente sobre o que se terá passado com a Brigada Anticrime, a unidade dos “agentes ninjas” que vinha fazendo um trabalho reconhecido pela sociedade. Afinal, o que aconteceu com a BAC? Continua a existir?
Emanuel Estaline – Estamos a fazer uma reestruturação da nossa direção, pois, como se sabe, foi instalada a Direção Central de Investigação Criminal na cidade da Praia. Logo, estamos num processo de reestruturação. De salientar que na Orgânica da direção existe a Brigada de Investigação Externa. Em vez da BAC, agora temos uma Brigada de Investigação Criminal dentro da direção. No futuro, a Esquadra de Investigação Criminal terá a sua estrutura em S. Vicente, dando continuidade ao trabalho de investigação externa.
MI – Gostaria de entender se, entretanto, foram suspensas as operações típicas da BAC, cujos agentes costumavam actuar encapuzados.
EE – Nada disso, houve, sim, uma readaptação do serviço. Antes tínhamos uma brigada anticrime, agora temos uma esquadra onde, em função da demanda, são acionadas as unidades operacionais.
MI – A BAC costumava fazer operações, muitas delas noturnas, com policiais encapuzados e que provocaram uma diminuição da criminalidade na cidade do Mindelo. Ou, pode-se dizer, havia uma maior sensação de segurança na ilha de S. Vicente. De repente essas intervenções desapareceram.
EE – As operações não cessaram, apenas houve uma reorganização das unidades sobretudo nesta região. Estão a agir em função da demanda, que está muito relacionada com as épocas. Nos últimos tempos tem havido realmente situações que exigem intervenções especiais em S. Vicente. Nesses casos são acionadas unidades para agirem em conformidade.
Na cidade da Praia, por exemplo, estamos a fazer neste momento intervenções especiais de prevenção. Aqui em S. Vicente com certeza que vão acontecer também. Portanto, a questão da BAC não quer dizer que essa unidade foi eliminada, mas sim houve uma restruturação do serviço e agimos conforme a necessidade.
MI – Essa restruturação que faz referência trouxe melhorias no combate à criminalidade?
EE – A Direção de Investigação Criminal é uma estrutura com várias divisões que vão dar resposta à criminalidade, sobretudo no domínio da coadjuvação do Ministério Público, instrução de processos, investigação, etc. Em função da estrutura, que vamos actualizar também aqui na Esquadra de Investigacao Criminal de S. Vicente, vamos mobilizando recursos para o funcionamento.
Câmaras de videovigilância e o combate à criminalidade
MI – As pessoas questionam as reais vantagens do circuito de videovigilância na cidade do Mindelo. É que muita gente continua a relatar comportamentos na via pública e perguntam se os infractores – nomeadamente motoqueiros – são depois autuados.
EE – Sobre as câmaras de vigilância muita coisa já foi dita. É um sistema de apoio, que nos auxilia na prevenção e investigação. É um sistema que tem ajuda bastante o nosso trabalho, nomeadamente em situações mais complicadas, em particular na cidade da Praia, onde conseguimos resolver casos graças ao sistema.
MM – Considera que esse circuito tem dado grande contributo ao Comando da PN em S. Vicente?
EE – Sem dúvida e a intenção é alargar o sistema para mais bairros e outras cidades.
MI – Qual a apreciação que o Director da Polícia Nacional tem do nível da criminalidade em S. Vicente?
EE – A ilha está a atravessar uma situação diferente. S. Vicente, como outras ilhas, está a sair da contingência imposta pela pandemia, embora a Covid-19 ainda continue, e as pessoas estão ansiosas para saírem e se divertirem, o que é normal. Em consequência disso, começam a surgir roubos e furtos em residências e temos de fazer de tudo para diminuir essa incidência.
MM – Continua a haver uma grande preocupação sobre o comportamento de motoqueiros na cidade do Mindelo e as pessoas consideram que isso demonstra a impotência da PN. Qual a apreciação que tem desse fenómeno?
EE – Esta questão revela pura e simplesmente um elevado nível de incivilidade. A PN tem estado a fazer o seu trabalho que é precisamente tentar acabar com esse enorme desrespeito pela segurança e o sossego das pessoas na cidade do Mindelo.