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Dia do Trabalhador: PR defende um ‘djunta mon’ na defesa de uma vida mais digna

De Paris a Atenas, com passagem por Lisboa e um breve desvio por Cabo Verde, há diversas manifestações marcadas este dia 01 de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, contra o agravamento do custo de vida. Na sua mensagem alusiva ao 1º de maio, o Presidente da República reconhece a situação sócio-económica dos trabalhadores cabo-verdianos neste último ano foi de muito sacrifício. Uma conjuntura que, afirma José Maria Neves, desafia a um ‘djunta mon’ na defesa de uma vida mais digna.

A nível internacional, antevê-se hoje um clima tenso em diversas capitais europeias, sobretudo em Paris, onde se espera mais de 100 mil manifestantes. Os protestos, na Europa, assim como em Cabo Verde, tem por base a primeira manifestação de 500 mil trabalhadores ocorrida em Chicago, nos Estados Unidos, em 1886, e replicado em França em 1891. Tem igualmente por base o resgate da essência do 1º de maio, como uma dia de luta, conforme explicou em conferência de imprensa para anunciar a manifestação dos trabalhadores em todo o país, a União dos Sindicatos de S. Vicente. 

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Entre as muitas razões apontadas pelos diferentes sindicatos no país para justificar as manifestações está a perda do poder de compra e a excessiva precariedade laboral, com consequências directas para os trabalhadores e suas famílias e para a economia. Estes protestos colectivos, refira-se, resultam de um encontro entre diferentes sindicatos, filiados ou não nas duas centrais sindicatos, segundo o sindicalista Tomás Aquino, que criticou a passividade tanto da UNTC-CS como da CCSL. 

Quem se mostra atento e activo é o Presidente da República que começa por desejar que esta data marcante, que nasceu da luta contra a exploração e por melhores condições de vida, possa ser comemorado da melhor forma, mas admite que a situação sócio-económica não é boa. “A persistente inflação vem degradando, de forma continuada, o poder de compra dos trabalhadores, sendo que, em muitos casos, o salário já não cobre as necessidades básicas, servindo apenas para sobreviver. O cenário é, também, de acentuado desemprego e de precarização dos empregos, com muitos trabalhadores a sentirem-se desamparados, com as suas famílias a passarem por muitas dificuldades.”

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Segundo José Maria Neves, este conjunto de circunstâncias adversas tem penalizado os cabo-verdianos e, principalmente, as mulheres chefes de família, que são as mais pobres de entre os pobres de um país empobrecido. “O futuro da nossa economia demanda que sejamos mais assertivos, mais metódicos e mais organizados, de forma a eliminarmos as disfunções do presente”, diz, citando como exemplo a deficiente conetividade entre as ilhas que, afirma, tem constituído em um fator inibidor do desenvolvimento do país porque reduz a actividade económica, coube as potencialidades de negócios, enfraquecendo a dinâmica de comércio, com todos os efeitos negativos daí advenientes. 

Entende o Chefe de Estado que os trabalhadores já deram provas da sua capacidade de resiliência e de superação. Consentiram sacrifícios e perdas, mas anseia pela recuperação dos seus rendimentos e do poder de compra, o que só acontecerá com um impulso mais forte na economia, revitalizando-a. Face à esta conjuntura, diz, devem reconhecer a necessidade de um ‘djunta mon’ na defesa das conquistas e dos direitos, com vista à superação neste momento difícil, da defesa de uma vida mais digna. 

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Para o PR, nesta data emblemática para a classe trabalhadora, e quando a precaridade laboral ganha terreno, o papel dos sindicatos adquire uma relevância particular. “Quanto mais unidos estiverem os trabalhadores, inscritos em sindicatos, e quanto mais fortes forem esses sindicatos, tanto melhor os interesses dos trabalhadores serão defendidos,” pontua, acrescentando que cumpre à classe trabalhadora ter a plena consciência desse facto, e aos sindicatos, o pragmatismo para evitarem atritos e falsas divergências, concentrando-se na defesa dos direitos dos trabalhadores. 

Termina dizendo compreender o actual espirito dos trabalhadores e a escolha da data para expressarem sentimentos de preocupação, tendo em conta a situação presente e as perspetivas para o futuro.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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