Deputado do PAICV desafia e incentiva universitários de Santo Antão a criarem associações
O deputado nacional do PAICV, Odailson Bandeira, acompanhado dos alunos-universitários Davitson Gomes e Tairine Rocha, naturais de Santo Antão, denunciaram hoje em conferência de imprensa, no Mindelo, a situação precária que muitos estudantes não bolseiros, oriundo de outras ilhas, enfrentam em S. Vicente. Desafiou estes alunos a criarem uma associação de estudantes de SA, para poderem minimizar esses constrangimentos.
Segundo Odailson Bandeira, desde que o Ensino Superior foi instalado em Cabo Verde, muitos jovens de Santo Antão deslocam-se para as cidades do Mindelo e da Praia, em busca de uma formação técnico-profissional ou um curso superior. Matriculam-se nas universidades na esperança de conseguir uma bolsa. Mas, infelizmente, muitos não conseguem e são obrigados a abandonar os estudos prematuramente. Esta situação desagradável e constrangedora, que se arrasta anos após anos, leva este eleito nacional tambarina a defender que é preciso flexibilizar e assegurar um acesso inclusivo e justo ao ensino Superior para todos os jovens cabo-verdianos.
“Por conta do baixo rendimento familiar no país apelamos ao Estado, neste caso à Ficase- Fundação Cabo-verdiana de Ação Social Escolar para redefinir os critérios e especificar quem classifica como carenciado para poder ter uma justa atribuição dos apoios. É que muitas vezes vemos estudantes com muitas poucas condições excluídos e outros com rendimentos consideráveis a serem contemplados com bolsa de estudo. Por isso estamos a pedir para terem mais justeza na avaliação da questão do rendimento do agregado familiar e flexibilidade para que se atribuir as bolsas de estudo mais justo”.
Davitson Gomes, estudante-universitário não bolseiro, explica que um dos requisitos exigidos pela Ficase é o aluno ter uma média mínima de 13 valores. Também avaliam o seu agregado familiar. “Terminei o 12º ano com média de 14.22 valores. Concorri a bolsa da Ficase, mas não fui seleccionado. Não sei que critérios utilizaram para apurar se eu tinha ou não condições porque minha mãe não trabalha e meu pai não ajudava a família”, relata este jovem, que diz não ter recebido nenhuma justificação para a recusa da bolsa por parte da Ficase.
Inconformado, Davitson desafia outros estudantes a avançarem com a ideia de criar uma associação já no próximo semestre para que no próximo ano lectivo possam travar uma luta em conjunto. “Penso que desta forma estaremos mais coesos e podemos conseguir a bolsa para podermos prosseguir os estudos. O meu sonho de terminar os meus estudos, mas não tem sido fácil porque neste momento sou estudante trabalhador. Quero definir os meus estudos como prioridade.”
Já Tairine Rocha admite que o seu caso é muito diferente do de Davitson porque a sua média final do 12º ano foi de apenas 12,4 valores, ou seja, ficou aquém dos 13 valores exigidos. Por causa disso, afirma, tinha noção de que dificilmente seria contemplado com uma bolsa da Ficase Mesmo assim, tentou a sua sorte e, como previa, ficou de fora. “Quando vão distribuir as bolsas de estudo, penso que não devem avaliar o aluno apenas pela média definida. Devem dar atenção a questão do agregado familiar”, sugere.
Lidiane Sales (Estagiária)