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COVID-19 – O marido continua a “pular a cerca”

Antes de começar esta minha reflexão de hoje permitam-me mandar um pequeno recado às amantes que não apreciam a minha forma de escrita: se achas os textos longos e sem utilidade, não leia. Simples assim! E se continuares a abri-los, mesmo que seja apenas para contar as visualizações, vais contribuir para que elas aumentem e com ela também aumenta a tua “dor de cutubelo”. Entendeu? Recado dado, vamos ao que interessa: ao nosso “marido” em comum.

Depois do meu último texto de reflexão decidi que ia dar “um tempo” ao marido, para que ele tivesse a oportunidade de pensar melhor nas suas ações e redefinir a sua estratégia de “defesa” contra as investidas sedutoras das amantes. Durante esse tempo de espera, em que ele deveria ter-me enviado flores e feito surpresas boas, para que eu voltasse a confiar nele, eis que ele decidiu mostrar-me que é “mas brabu di ki mi” e que ninguém manda nele, mantendo inalterada a sua estratégia de “meia tigela”.

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Vejamos o que aconteceu desde então.

O marido, na “calada da noite”, decidiu abrir uma pequena exceção – da regra que ele mesmo criou – para duas das suas “amantes de luxo”. Mas, para sua desgraça, o diabo não dorme! Foi tanta a pouca sorte do marido que acabou por ser “panhadu na fora jogo”, sentindo-se coagido a assumir perante as esposas a “cagada” que fizera: que, afinal tinha sido ele a autorizar que as “amantes” viessem da Boavista para a capital do país. A sério!! A regra afinal tinha exceções! E tomaram essa decisão com base em quê? No vosso faro de detetives do vírus? Acharam que tinham tudo sob controle, não era? Agora toma! Eis o resultado. Como diriam os justos: “regra pa um é pa tudo”.

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Depois que a “bosta” da Boavista começou a feder, o marido, querendo então ser mais “papista que o papa”, decidiu dar-nos uma prova do seu amor, de como está connosco “pa tudu i na tudu hora, sem djobi pa lado”: apanhou o primeiro avião, nesse momento de crise financeira, e rumou à Boavista para dizer e fazer aquilo que podia ter dito e feito via videoconferência. Uma ideia de génio! E mais: depois de regressar, porque usara uns óculos infalíveis, que lhe permitiu ver “undi ku undi” estava o vírus, decidiu que não seria preciso fazer quarentena, porque havia com certeza “fintado” o vírus. E siga a marinha! É caso para se dizer que “ku es nhos pouca sorte, tomara que bosta ka tchera dipos”.

A partir dessa altura, não sei se repararam, o marido e seus amigos foram sempre vistos usando máscaras. Ah é?! Já se “liberou” o uso de máscaras?! Ou foi novamente mais uma exceção para “os que são”? Sinceramente, não estou a perceber o ritmo dessa dança. É “cotxi pó” ou é morna? O uso de máscaras já não é apenas para as pessoas com sintomas e profissionais de saúde?! Ou já conseguiram finalmente perceber que, porque não se sabe a “olho nu” quem está infetado, o melhor seria todos usarem máscaras? E se assim é, porque não se aconselha a todos os que tiverem de sair de casa – sim, porque alguns terão mesmo de sair – a fazer o mesmo? 

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Disse a senhora PCA do Instituto Nacional de Saúde Pública que é preciso saber como usar as máscaras. Sim, é verdade. Mas a senhora acha que não somos capazes de aprender? Quando é que pretendem começar a dar instruções nesse sentido? Quando o estado de emergência terminar e “nu largadu tudu na tchada”? Não têm capacidade para garantir máscaras suficientes para todos? Digam! Não tenham medo de assumir. Nós já sabemos disso. Ninguém acreditou – pelo menos as esposas que pensam – quando disseram – a brincar, como é óbvio – que o país estava preparado para a luta contra o covid-19. No entanto, há outras alternativas que, mesmo que não tenham a mesma eficácia, serão de grande utilidade nessa luta pois, “mais vale pouco do que nada”: as máscaras caseiras. Deem orientações sobre as suas características, quais os melhores materiais a serem utilizados, como confecioná-las para garantirem melhor proteção, como serem utilizadas, etc etc, mas não fiquem especados à espera que aconteça um milagre e chovam máscaras de última geração. Ora bolas! Num país em que nem chuva tem caído, para nossa desgraça, infelizmente, imaginem agora máscaras!

Para mais uma desgraça minha, essa “maratona” contra o vírus continua no mesmo ritmo e na mesma direção de antes: a caminho dos números apontados nos tais estudos que de início nos pareciam “lunáticos”. É que ainda os contactos continuam a ser colocados em quarentena apenas quando se confirma o resultado positivo da “fonte” de contágio. E mais: sequer se colocam todos os contactos de quarentena logo de imediato. Vou trocar por miúdos: o caso do agente da Guarda Fiscal: acreditaram mesmo que todos os contactos foram colocados de quarentena? Então se enganaram. Colocaram apenas uma parte e disseram aos demais – que tomaram a iniciativa de ligar para a famosa linha e se identificarem como contactos do caso positivo, já que são colegas de trabalho – que tinham de esperar, que a Delegada de Saúde já tinha conhecimento da situação e que depois entrariam em contacto. Resultado: essas pessoas tiveram de continuar a ir trabalhar – sim, porque não podem se autocolocar em quarentena – correndo o risco de serem positivos e estarem a espalhar o vírus por aí. E nem se fale dos seus possíveis contactos!

Cremos que está mais do que óbvio que, se se quiser ganhar essa batalha temos de ser sérios e isolar todos os contactos identificados de imediato, caso contrário, até sair o resultado do teste, o contacto poderá ser uma fonte de transmissão. Reparem que estamos a falar de uma classe profissional – Polícia – que não pode ficar em casa como nós. Já sei!! Colocam as pessoas de quarentena aos poucos e fazem os testes também aos poucos para que os números não deem o tal “BUUMM”. Não é? Matei a charada? Grande estratégia marido!

Agora falemos dos táxis e Hiaces. Meu amigos, querem um conselho também de graça? Se precisarem ir dar uma volta, seja para onde for, ainda que no interior de santiago, deixem as vossas viaturas na garagem e apanhem um táxi ou Hiace. Sim!! Nesses meios de transporte não têm de justificar para onde vão. “Granda palhaçada”!! Então não posso circular na minha viatura, que vou sozinha e segura, mas posso ir de Hiace? Se querem parar o vírus, parem tudo, por favor. Ou pelo menos, façam controle nas paragens de Hiace, para que se certifique que quem vai viajar o faz por alguns dos motivos previstos na lei. É claro que seria muito mais fácil se cada um fizesse a sua parte e não fosse visitar a namorada ou o amigo no interior ou onde quer que seja. No entanto, não podemos contar com a colaboração de todos, infelizmente. Nem Cristo conseguiu tal prodígio! Criem regras eficazes. Esses meios de transporte são uma “brexa” que precisa ser melhor analisada. Já viram que o vírus já viajou da Praia para o Tarrafal. Ir para outros Concelhos será “num tris” se nada se fizer a esse respeito. Não abram exceções para as amantes. Se o meu carro não pode circular, nem os Hiaces deveriam fazê-lo. Todo o mundo sentado em sua casa!

Vamos agora refletir um pouco sobre a decisão das autoridades de não divulgar os nomes dos bairros com casos positivos. Se de início a “desculpa fedi” era evitar a não estigmatização dos bairros, agora procuram ancorar-se na intervenção do Presidente da Comissão Nacional de Proteção de Dados. Mas reparem: o homem não disse que não se deve identificar os bairros; ele disse que não se deve divulgar dados da pessoa infetada como por exemplo a idade, a profissão; quanto à identificação dos bairros ele disse, “alto e a bom som”, que devia ficar a critério das autoridades ponderar e decidir se a divulgação dessa informação podia ou não ser útil para a estratégia de combate ao vírus. E como as nossas autoridades não sabem fazer ponderação de valores – como demostraram, por exemplo, no caso dos trabalhadores do hotel Riu Karamboa, em que perante os caprichos desses e a segurança/saúde pública de toda a população, aqueles, os caprichos, tiveram preponderância – decidiram logo pela não identificação dos bairros. Mas não seria de alguma utilidade a divulgação dessa informação? Haverá alguma estigmatização do bairro do Palmarejo se se disser que ali tem casos positivos de covid-19? Alguém vai deixar de lá viver por causa disso? Estigmatizar bairros por causa da covid-19?! Isso é disparatado! As “amantes” se calhar precisam mesmo saber disso, para sentarem em casa. Digam que todos os bairros têm covid-19 e verão se elas não sentam o rabinho em casa. 

Para terminar e para variar, vamos falar de uma coisa boa. Ou “metade” boa. Já nem sei. A VINDA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA CUBA!! Ótima notícia, num dia em que são anunciados mais 9 casos positivos na Praia. Mas, espera lá! Pareceu-me ter ouvido na conferência de imprensa de ontem que, afinal, cerca de metade desses profissionais terão vindo para substituir os que já estão cá há algum tempo e que terão de regressar ou já regressaram. E pergunto: quantos outros foram regressando sem serem substituídos e sem nos ser dado a saber? Nesse “troca troca”, o saldo é positivo? Creio que não! No entanto, como dizem os sábios “a cavalo dado não lhe olha os dentes”! Por isso, cala-te boca e bora lá agradecer a esses bravos profissionais que querem pôr o seu saber à nossa disposição. Agora rezemos para que os nossos “jogadores de segunda divisão” não coloquem a perder todo esse sacrifício!

Que juntos consigamos fazer um bom combate!

A você meu amigo que tem um bocadinho de juízo, continue em casa – enquanto pode, pois, a quarentena vai acabar! – e faça a tua parte porque estamos jogados à nossa sorte! Deus nos proteja a todos!

Aquele abraço de sempre

Di “Badjuda brabu”

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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