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Colaboradores denunciam difícil situação laboral e “debandada” de pessoal na empresa BestFly

Alguns trabalhadores procuraram o Mindelinsite para denunciar a “difícil situação” laboral na Bestfly, numa altura em que esta companhia aérea acaba de enviar para Angola o avião que trouxe para Cabo Verde para “tapar” buracos por conta das avarias nos dois aparelhos em funções. Estes falam também em “debandada” de técnicos e falta de condições de trabalho, o que, do ponto de vista das nossas fontes, coloca em causa a segurança das operações aéreas. 

De acordo com as nossas fontes, neste momento a empresa não oferece as necessárias condições de trabalho. Citam, a título de exemplo, o caso do ATR que esteve duas semanas imobilizado no aeroporto de São Vicente por falta de peças. “É algo inédito. A companhia tentou justificar dizendo que não estava a encontrar as peças. Mas, internamente, sabemos que faltava dinheiro também. O nosso armazém está completamente vazio. São muitas desculpas”, desabafa uma das nossas fontes. 

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Por conta disso, prossegue um outro entrevistado, os colaboradores estão a trabalhar a toa. Para ilustrar esta afirmação, relata que recentemente, quando a empresa esteve com o segundo avião avariado, o pessoal técnico ia trabalhar por volta das 13 horas e só voltava para casa às 5 ou 7 horas da manhã do dia seguinte, se desse. “Ninguém nunca reclamou ou denunciou esta situaçãi porque fomos obrigados a assinar um contrato em que não podemos exigir horas extras e nem contestar qualquer ordem superior. Aceitamos assinar este contrato, que é lesivo aos nossos direitos para não ficar sem trabalho”, explica.  

Mas, os problemas na BestFly não são recentes. Segundo as nossas fontes, começaram desde que a empresa começou a operar em Cabo Verde, em maio de 2021. O primeiro a abandonar o “avião”, dizem, foi o director de safety, que preferiu ficar desempregado. Depois, prosseguem, foi um responsável da “velha guarda” que desistiu de trabalhar no país e emigrou para os EUA. “Pelo menos seis ou sete trabalhadores pediram demissão. E estamos a falar de uma área específica onde dificilmente se encontra substituto. Não há no mercado. O mais recente foi o Chefe de Linha, que pediu demissão em meados de setembro e foi para os EUA para tratamento”, detalham.

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Em termos operacionais, de acordo com estas nossas fontes, neste momento a BestFly está a operar com apenas dois aparelhos ATR72-600, tendo em conta que o terceiro avião que veio de urgência para “socorrer” a companhia na altura em que ficou sem nenhuma aeronave operacional foi enviado ontem para Angola. Enquanto isso, o terceiro aparelho, o Embraer que veio há quatro meses para operacionalizar o projecto de internacionalização da BestFly, continua parado. 

Não sabemos exactamente o que se passa em relação ao projecto de internacionalização da BestFly. O certo é que o aparelho continua imobilizado e o pessoal retornou para Angola. A nível doméstico, continuamos sem peças de reposição e com falta de mão-de-obra especializada”, acusam estes colaboradores, que falam em inexistência de técnicos de manutenção em Cabo Verde. 

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Tentamos ouvir a BestFly, mas sem sucesso. Há três semanas enviamos um email com diversas questões para a companhia, devido a impossibilidade de contacto telefónico, mas nunca recebemos qualquer resposta. O mais grave é que reenviamos o email pelo mesmo endereço que a empresa utilizou para reagir quando publicamos o texto sobre o corte do benefício social aos idosos e estudantes em que esta justificou esta medida com uma “falha” no sistema.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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