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Cabo-verdianos questionam decisão de concessionar gestão dos aeroportos que batem “recordes históricos”

Os cabo-verdianos dizem não entender a decisão do Governo concessionar a gestão dos aeroportos de Cabo Verde, que permitiram ao país bater dois recordes históricos em transportes aéreos. Questionam, principalmente, uma publicação do vice Primeiro-ministros, Olavo Correia, que fez alarde deste feito na sua página no facebook, cujo resultado, dizem, o Governo não tem qualquer mérito e, mesmo assim, mantém a sua decisão de entregar “a galinha de ouro” à privados estrangeiros.

Na sua publicação, o vice PM refere que o hub de Cabo Verde é cada dia um projecto mais viável, sustentando a sua afirmação com dados divulgados esta semana, que mostram que os aeroportos do país movimentaram mais de 2,7 milhões de passageiros em 2018. Com isso, diz, a ASA-Aeroportos e Segurança Aérea faturou um valor recorde de 56 milhões de euros. “O número de passageiros aumentou 2%, face a 2017, atingindo 2.702.232 pessoas. A Fir Oceânica do Sul controlou 51.694 movimentos de aeronaves, conforme o relatório e contas de 2018 da ASA”, escreve Olavo Correia.

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O governante congratula também com o volume de negócios da ASA que, garante, cresceu 14%, atingindo 6.170 milhões de escudos. Este aumento, prossegue, foi alicerçado essencialmente no trafego internacional, que aumentou 5,7%. “Estamos no rumo certo!”, completa Olavo Correia.

E as reações não se fizeram esperar. Alguns internautas perguntam o que o vice PM está a vangloriar. “É extraordinário esse vice-PM e ministro das Finanças. Quer os parabéns porque ´o Governo está a trabalhar bem`, batendo dois recordes históricos nos transportes aéreos. Grande façanha! O que este Governo tem a ver com este resultado”, interroga Piduca Brito.

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Para Brito, o mais estranho é que, mesmo perante todos estes bons resultados, o Governo quer concessionar a gestão dos aeroportos, para entregar os seus destinos nas mãos de privados não nacionais. “Absurdo!…Ninguém entende!”, constata. A opinião de Piduca é reforçada por Pedro Abel Freire, para quem ninguém entende, nem mesmo Olavo Correia, o que, a seu ver, deixa entender que “algo está por trás dessa sanha absurda”. Um outro internauta, José Moreno, concorda com esta análise e pergunta se houve “liberdade de circulação via aérea”, seria como então.

Recorda-se que o Governo espera fechar a concessão dos aeroportos até final deste ano ou inicio de 2020, conforme informações avançadas pelo ministro da Presidência, Fernando Elísio Freire, em conferencia de imprensa proferida em São Vicente. “O objectivo desta concessão é aumentar o número de passageiros e de aviões, permitir a Cabo Verde ser, efectivamente, uma plataforma de tráfego aéreo, uma zona comercial franca e de promoção do turismo de negócio,” explicou o ministro.

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Freire fez questão de deixar claro que os interesses de Cabo Verde estão totalmente salvaguardados. Para isso, prossegue, o Governo, aprovando a lei de bases, partirá para a negociação do contrato de minuto e, posteriormente, a concessão. “O quadro legal vai permitir ao Governo fazer a concessão dos serviços dos aeroportos internacionais e dos aeródromos que estão sob a supervisão da ASA”, assegurou, realçando que a ASA vai ser dividida em duas partes: uma de navegação aérea que continuará 100% pública e outra da gestão dos aeroportos que concessionada.

A expectativa é de que, com a concessão dos aeroportos, estes melhorem a sua performance, permitindo maior qualidade na prestação de serviço, mais passageiros e mais aviões, ligando ainda mais Cabo Verde ao mundo.

Constânça de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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4 Comentários

  1. Se a ASA vai bem,qual a razão para ser privatizada?
    O que pode prejudicar a ASA será a sua utilização como farramenta para política partidária.

  2. Sempre ha espaço para alaridos aquando de privatizações em Cabo Verde. Todos sabemos que a privatização traz competitividade e consequentemente rigor e melhores serviços. Se o governo desse conta da Administração Pública, Justiça e do Legistativo, já seria bom demais pela capacidade que têem demonstrado. Outro complexo é o de investidor extrangeiro; o setor privado é reservado ao investidor, venus de onde vier.

  3. Na verdade, não governantes, tão pouco “ESTADISTAS”. São homens de negócio, e estão fazendo bons negócios com o País inteiro. Com o País, e não com aquilo que lhes pertençam. Isto é uma quadrilha pessoal..

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