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Passadeiras da Rua de Lisboa ganham cores inspiradas na bandeira LGBT e geram polémica

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As passadeiras na Rua de Lisboa, a mais emblemática via rodoviária da cidade do Mindelo, ganharam pintas coloridas inspiradas no movimento internacional LGBTQIAP+. A ideia partiu de Balta Ben David, activista cívico mentor do projecto “Um parede d’cada vez”, que tem estado a colorir paredes em S. Vicente e ao mesmo tempo a homenagear as grandes figuras desportivas e culturais da ilha.

A iniciativa está a dividir opiniões nas redes sociais, algo que Balta já estava à espera. Explica que trouxe a ideia dos Estados Unidos e frisou que essa prática já existe também em países europeus como um acto de respeito à comunidade LGBT. “Sei que seria criticado como acontece agora com algumas pessoas nas redes sociais. Há quem diga que voltei a Rua de Lisboa numa parada gay, coisas que não me espantam. No entanto, sei que a maioria gostou e apoia a ideia de darmos cor e vida à Rua de Lisboa, porque a cor agrada à vista e gera emoção”, reage.

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Várias pessoas apoiaram a iniciativa, mas uma das questões suscitadas pelos internautas tem a ver com o facto de as passadeiras serem pintadas em todo o mundo com as cores branca e preta. Deste modo questionam se essa pintura não infringe as regras universais de trânsito. Perguntado se teve o cuidado de abordar o serviço da Viação sobre este aspecto, Balta responde que conseguiu primeiro um patrocínio de Luís Gonzaga e depois apresentou o projecto ao edil Augusto Neves, que gostou da ideia e assumiu essa tarefa.

Este activista acredita que não haverá nenhum conflito com a Direção-Geral dos Transportes Rodoviários  porque, argumenta, não foram afectados os sinais de trânsito. Diz, no entanto, que está disposto a apagar as pinturas se essa for a decisão.

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O curioso, no entanto, é que a Junta de Freguesia de Campolite, em Lisboa, teve uma iniciativa semelhante, mas foi obrigada a retirar as pinturas pela Prevenção Rodoviária Portuguesa, por entender que isso alterava o sinal. Por outras palavras, essas áreas destinadas aos peões deixam de ser consideradas passadeiras.

“Foi feito um estudo nos Estados Unidos que comprovou o efeito benéfico que as passadeiras coloridas tiveram na diminuição dos acidentes de viação. Isto porque as passadeiras ficaram mais vsíveis, chamam a atenção dos automobilistas, que até reduzem a velocidade para apreciar essa imagem”, diz Balta.

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As cores escolhidas para pintar as três passadeiras da Rua de Lisboa foram inspiradas na bandeira do movimento mundial LGBT, como reconhece Baltasar Ben David. Frisa, no entanto, que não foram usadas todas as tonalidades.  

Apesar das críticas, mostra-se orgulhoso de ver a Cidade do Mindelo como uma das primeiras urbes cabo-verdianas a assumir esse acto que, para ele, significa o respeito pela diversidade e as escolhas individuais. “Tenho quase a plena certeza que Cabo Verde será um dos primeiros países africanos a tomar esta iniciativa, que me orgulha. Todos sabemos que os africanos são pouco tolerantes quando se fala da LGBT. E gostaria de ver mais países seguindo esta via”, salienta.

Segundo Balta, como é conhecido, ainda quando estavam a pintar, dois turistas foram fazer fotografias e mostraram-se maravilhados por ver um país africano a mostrar uma mentalidade mais aberta e moderna. “Há quem disse que copiamos coisas erradas. Discordo, neste caso”, comenta Balta. Por enquanto, só as três passadeiras colocadas junto ao bar Algarve e dos bancos BCN e BCA foram abrangidas. Balta explica que se trata apenas de um experimento, que pode ser alargado, se for o caso.

O próximo projecto de Balta Ben David será pintar em 2024 a fachada do estádio municipal Adérito Sena com figuras que marcaram a história do futebol em S. Vicente. Os desenhos serão reforçados com mensagens contra o uso do álcool e de outras drogas.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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