Amigos foram pegos ontem de surpresa com a notícia do falecimento de Alfredo “Fefa” Brito, conhecido desportista, professor e fundamentalmente amante da dança. A informação foi partilhada no Facebook por algumas pessoas que tinham uma relação muito próxima com Fefa, um dos fundadores do Batuque FC e que integrou o plantel deste clube e o da Académica do Mindelo quando ainda era bastante jovem.
“Fefa era um futebolista que tinha um dos pés esquerdos mais finos que já conheci no mundo do futebol”, considera Alcides “Tcheps” Graça, amigo de infância do malogrado e que jogou também na equipa do Batuque. Segundo Tcheps, o talento desportivo de Fefa foi de tal monta que, ainda muito jovem, foi aceite pelo treinador Carlos Alhinho na década de oitenta, quando a Micá tinha uma equipa de luxo. “Ele não era titular, mas foi um prémio para ele, tendo em conta a sua idade.”
Fefa, para Tcheps, era um indivíduo que emanava paixão pela vida, fundamentalmente quando dançava. Na sua perspectiva, o falecido amigo levou uma vida intensa, por isso gostaria de recorda-lo a partir do seu lado lúdico. “Fefa conseguiu desenvolver a sua técnica de dança do estilo Salsa, abriu a escola Salsa com Sabor e deu aulas a muita gente. Era notório como ele saboreava dançar, não havia nada que lhe desse tanto prazer”, considera Tcheps.
Mário Jorge Menezes, outro amigo de infância, vai nessa mesma linha de elogio quando fala de Fefa Brito. Juntos fizeram parte do grupo fundador do Batuque FC em 1981 e desde então mantiveram uma intensa relação de amizade.
“Toda a gente tem o hábito de fazer elogios fúnebres, mas, no caso de Fefa, ele era um amigo fino e diferenciado. Uma pessoa sempre presente, que costumava telefonar-me a toda a hora, mesmo quando ele estava na Áustria e eu em Portugal a estudar”, revela Mário Menezes, que ficou abalado com a notícia do falecimento do colega. Sabia que Fefa tinha problemas cardíacos e foi internado no hospital Baptista de Sousa, mas confessa que não estava à espera desse desfecho. Acrescenta, aliás, que foi informado pelo próprio Fefa por telefone que deveria ter alta.
Fefa sofria de problemas cardíacos e tinha uma pacemaker no coração. Conforme fontes do jornal, foi internado algumas vezes e estava de novo hospitalizado havia duas semanas. Mário Menezes afirma que Fefa era uma pessoa muito activa, mas ficou condicionado desde que lhe foi diagnosticado o problema cardíaco. Ele que tanto amava as suas actividades físicas, em particular dançar.
“Ele tinha duas grandes dimensões na vida: a intelectual e a lúdica. A partir do momento que começou a sentir problemas cardíacos a parte física ficou limitada”, diz essa fonte, enfatizando que Fefa fez o doutoramento na Áustria e deu aulas na UniCV, Universidade Lusófona e na escola secundária Augusto Pinto. Por estes e outros motivos, diz Menezes, o falecido docente era uma pessoa muito querida em S. Vicente.
Futebolista e bailarino, Fefa começou a dançar ainda criança. Por gostar tanta dessa actividade, levou essa paixão para o futebol, o que lhe valeu a alcunha de “Samba”. Entretanto, quando foi estudar na Áustria deparou-se com a magia dos salões de dança e deixou-se apaixonar pelos estilos caribenhos Salsa, Merengue, Cumbia, Tango e o Samba. Para ele, a dança caribenha tem tudo a ver com o DNA do cabo-verdiano, porque tem a sua base na cultura negra.
Após algumas paragens, Fefa retomou a sua paixão pela dança em 2019 com um grupo de adultos no restaurante Boston, na cidade do Mindelo e tinha em mente fazer alguns espectáculos. Para ele, a dança combatia o envelhecimento porque fazia um enorme bem para a mente, o coração e o corpo físico.
O funeral de Fefa Brito, 58 anos, está marcado para hoje, dia 2, pelas 16 horas. O Mindelinsite apresenta as suas sinceras condolências aos familiares e amigos.