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Qual o interesse em descredibilizar a Oficina Central das FA?

...não consigo entender as razões que “obrigam” que a manutenção dos veículos militares seja efetuada em oficinas privadas.

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Por: António Santos

A Oficina Central das Forças Armadas de Cabo Verde (OCRA), que em tempos foi considerada uma das melhores da Costa Ocidental, tem como função principal assegurar a reparação e manutenção das viaturas e equipamentos das Forças Armadas, podendo também prestar serviços da sua especialidade, desde que seja solicitado, a qualquer instituição pública. Por isso, não consigo entender as razões que “obrigam” que a manutenção dos veículos militares seja efetuada em oficinas privadas.

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Claro que as responsabilidades devem ser assacadas ao desgoverno da má gestão dos órgãos dirigentes das FA. O meu jovem amigo Fidélio Cardoso (deputado da República) escreveu sobre a OCRA (a nossa oficina central), situada em Eugénio Lima, e não sobre as oficinas centrais como referiu no artigo.

Estou em desacordo com ele em relação ao equipamento. No meu tempo, esta estrutura militar era uma das mais bem equipadas da nossa Costa Ocidental. É óbvio que após da passagem do Major Spencer a reserva aquilo entrou em colapso, faltando uma boa gestão dos recursos humanos a nível dos técnicos.

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Não podemos esquecer que, por lá, já passou de tudo desde futebolistas a mecânicos de aviões. Por isso, não é de admirar que se tenha chegado à atual situação: passar para a responsabilidade das oficinas privadas a manutenção e reparação desses veículos. Não sei quais as razões que levaram à “descrebilização” da oficina central, mas desconfio

Funcionando desde 1995 a OCRA, que está sob a dependência do Comando da Logística, surgiu de uma Parceria entre os Ministérios de Defesa da Republica Federal da Alemanha e de Cabo Verde. Essa parceria incluía equipar a OCRA e assegurar a formação contínua do pessoal militar e civil nas áreas da sua responsabilidade. Nada disso acontece neste momento.

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Não posso deixar de estranhar que um grupo de Sargentos Chefes e Principais, formados nessa oficina, estejam nas secretarias das Regiões a fazer serviço burocrático. O que demonstra a ineficácia da hierarquia na gestão dos recursos humanos. Esses militares, especializados em mecânica, não seriam melhor aproveitados se estivessem a desempenhar as funções em que se especializaram?

Através dos relatórios que tem vindo a público, ficamos a perceber que uma viatura acidentada tem que recorrer a oficinas particulares privadas para ser reparada. Ora, não é obrigação do Governo dotar as Oficinas Centrais das FA de meios humanos e materiais técnicos especializados que permitam que sejam as próprias Forças Armadas, neste caso as Oficinas Centrais, a responsabilizarem-se pela manutenção de todos os investimentos, manutenções e reparações nos transportes terrestres militares?

Há outras duas perguntas que não posso deixar de fazer: primeira, quais foram as razões que levaram a Alemanha a deixar de apoiar a Oficina Central, fruto cooperação entre Cabo Verde e Alemanha; segunda, qual a razão que levou o Governo a centralizar tudo na Cidade da Praia e a deixar as outras duas regiões, São Vicente e Sal, órfãos?

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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