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Wender, o pequeno tocador de repinique que sonha estar no “sambródromo” do Mindelo na terça-feira do Carnaval

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Tem apenas 7 anos, mas toca repinique como “gente grande”. Começou muito cedo e aprendeu sozinho, agora é parceiro indiscutível do pai, o maestro Nuno Gonçalves, da bateria Ritmo do Norte, de que é mascote. O seu sonho maior é tocar nas ruas do Mindelo numa terça-feira de Carnaval, mas vai ter de o adiar por alguns anos por causa da pouca idade. 

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Segundo meus pais, comecei a tocar com apenas 1 ano de idade, após um familiar oferecer-me um pequeno tambor no Natal. Tocava sozinho no meu quarto. Mais tarde, comecei a tentar acompanhar as músicas de Carnaval. Depois passei a frequentar os ensaios com o meu pai e, sozinho, tentava acompanhar a bateria”, conta com desenvoltura e entusiasmo este tocador mirim.

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Esta sua disposição e aptidão surpreenderam Nuno Gonçalves que, afirma, levava o filho para os ensaios sem qualquer compromisso. “Estava na altura no grupo carnavalesco Flores do Mindelo. O Wender acompanhava-me nos ensaios e pegava o repenique e começava a tocar. De início não prestava atenção, mas depois percebi que tocava no ritmo e, inclusive, criava algumas coisas novas.”

As qualidades de Wender são reconhecidas e incentivadas por outros ritmistas, inclusive por estes dias esteve em vários desfiles, entre quais no Carnaval dos Professores. Mas, por causa da pouca idade, 7 anos, não poderá estar activo esta terça-feira de Carnaval.  “Normalmente toco repenique, que é o instrumento que mais gosto. Todos os dias estou no ensaio junto com o meu pai, na bateria Ritmo do Norte. Mas, infelizmente, esta terça-feira ainda não vou poder estar a tocar”, lamenta. 

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Wender com o maestro Vady, Mauro e o pai Nuno Gonçalves no desfile dos Professores

Esta afirmação deste “pequeno grande tocador” é explicada pelo pai, Nuno Gonçalves, que revela que o regulamento do Carnaval não permite crianças com menos de 10 anos integrarem os grupos. “O Regulamento fixa a idade mínima em 10 anos. Acredito que já em 2025 o meu filho fará o seu primeiro Carnaval nas ruas de morada. Já falei com ele e, apesar de triste, aceitou.”

Wender diz-se orgulho de ser considerado o mascote da bateria “Ritmo do Norte”, sendo o seu elemento mais novo. Também é tocador mais novo em actividade no conjunto das diversas baterias, que este ano recebem um grande número de adolescentes e jovens, já pensando na continuidade. 

Questionado sobre a escolha do repenique, Nuno Gonçalves acredita que deve ser por sua influência porquanto, não obstante tocar vários instrumentos, também ele sempre priorizou este . “Se calhar, meu filho percebeu que gosto do repinique e desenvolveu o mesmo amor por este instrumento. Mas gosta de brincar com outros tambores, como por exemplo contratempo, surdo, caixas, de entre outros. É algo dele, nunca lhe ensinei nada. E tudo começou com um pequeno tambor oferecido por um amigo quando ele tinha apenas um ano e estava no jardim. Chegava em casa e começava a tocar sozinho.”

Hoje, admite, quando está a criar uma batida diferente em casa chama Wender para tocar algum instrumento enquanto ele complementa com outro. “Acabamos por nos tornarmos parceiros, inclusive aqui mesmo na bateria Ritmo do Norte temos ritmos criados por Wender no repinique. Ele estava a tocar, ouvi, enquadrou e decidimos integrá-los.”

De forma simples, Wender garante que o seu sonho é tocar nos desfiles oficiais de terça-feira.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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