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Geofísico diz que actividade sísmica na ilha Brava merece atenção, mas não preocupação

O geofísico Bruno Faria garantiu hoje, em conferência de imprensa em São Vicente, que a actividade sísmica que se regista na Brava merece atenção do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, mas não representa preocupação. O responsável pela direcção de Geofísica do INMG reforçou ainda que a ondulação sísmica que se verificou na ilha das dunas na última semana nada teve nada a ver com a derrocada da rocha do dia 21, que deixou a comunidade de Fajã d’Água isolada. 

“Esta ondulação sísmica não teve nada a ver com a derrocada. No dia 21 de janeiro registamos dois sismos, mas não foram localizados na ilha Brava. Foram localizados no mar. Portanto, não se pode dizer que a derrocada seja uma consequência directa da actividade sísmica porque não se verificou nenhum sismo nem antes, nem depois. O registo que temos é da queda em si, com uma massa de rocha bastante importante. Esta queda provocou um pequeno sismo”, declarou este geofísico.

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Negou, por outro lado, que o acumular de sismos de pequena magnitude tenham desestabilizado a rocha. “Um sismo como aquele que sentimos ontem em SV e SA, se tivesse acontecido na Brava, podíamos até pensar que tivesse provocado a derrocada. Mas, na intensidade que se tem verificado nesta, não é possível. Neste momento, a situação no Fogo e na Brava é tranquila”, reforçou, lembrando que foi há apenas oito anos que se registou uma erupção vulcânica em Cabo Verde.

Por conta disso, afirma este geofísico, ainda se registam consequências do ponto de vista da actividade sísmica relacionadas com esta erupção. No caso da Brava, diz, a ilha está a recompor-se paulatinamente e as fendas estão a fechar. “É esta actividade de fundo que existe e, mesmo depois, ocorreram outras por ser um vulcão. Mas é uma situação que não representa preocupação, mas sim atenção da parte do INMG. Temos de manter atentos na analise dos dados.”

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Construção civil

Questionado sobre a necessidade de reforçar a atenção na construção, Bruno Faria garantiu que, no Fogo a atividade sísmica pode ser frequente, mas não é muito forte. “Se virmos as escalas e mesmos os códigos de construção civil em Cabo Verde, a magnitude dos sismos que se regista na ilha do Fogo – máximo de 3,5 na escala de Ritcher – não me parece que se recomenda cuidados especiais.”

O geofísico recorda que, entre 2015 a 2017, a Brava esteve sob uma crise sísmica bastante intensa. Inclusive, em agosto de 2016, apresentava níveis bastante preocupantes. No entanto, após 2017, a actividade começou a baixar, principalmente em Setembro deste ano, tendo atingido em 2018 os níveis habituais, ou seja, com o registo de sismos fracos e esporádicos. 

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Mas na semana passada verificou-se um ligeiro aumento da actividade sísmica. Felizmente, nada de preocupante, e já aconteceu no passado. “É o comportamento quase que habitual da ilha. Subiu, voltou a baixar e de novo a subir. Podemos dizer que tem estado a ondular mas, por enquanto, não representa nenhuma preocupação. Alguma atenção, mas preocupação não.”

Já relativamente ao sismo de ontem, pontua, foi sentido em todo Cabo Verde, mas muito distante, sendo que a comunidade mais próxima era a de Monte Trigo, a 20 quilômetros. Nesta distância, frisa, o sismo já está bastante atenuado para provocar danos, sobretudo na construção civil. 

Faria mostra-se ainda mais tranquilo porque, diz, a história mostra que os tremores de terra não têm provocado danos, salvo em 2006 em que se registaram fissuras e cortes em algumas paredes na Brava. Mas a vida das pessoas nunca esteve em risco por causa de desabamento de construções”, assegura, acrescentando que se em 500 anos não houve incidentes de grande monta em Cabo Verde é pouco provável que ocorram nos próximos 500 anos. “Não é a geofísica, mas a história a dizer.” 

Tudo isso para concluir que a derrocada registada na ilha Brava pode ter acontecido devido a natureza do solo, embora não se pode afastar outras causas. Como exemplo, cita o corte da base e do contraforte, mas também a natureza do solo que, diz, tornou-e “velho”, na expressão corrente. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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