O líder do PAICV enfatizou hoje que o Governo não pode lavar as mãos como Pilatos perante a crise política que assola a Câmara Municipal de S. Vicente. Rui Semedo fazia deste modo uma referência indirecta ao posicionamento da ministra da Coesão Territorial, para quem não se deve exigir ao Governo que se intrometa no caso por respeito à autonomia da CMSV.
Porém, no entendimento de Rui Semedo o Governo não deve esperar mais para agir, quando há um problema que ultrapassa a esfera local. “O Governo mandou fazer uma inspeção, disse que há violação da lei e mandou repor a legalidade. Só que a CMSV não cumpriu, pelo que estamos perante uma desobediência da CMSV em relação ao Governo. Assim sendo, o Governo não pode vir dizer que não é parte quando constatou uma falha, que mandou ser suprida e foi ignorada”, esclarece o líder desse partido da oposição.
Para Semedo, a situação exige uma solução que deve passar pela mesa do diálogo e da negociação. E essa solução, adianta, deve ser urgente devido aos danos que o impasse político vem provocando ao desenvolvimento da ilha de S. Vicente.
Questionado sobre a responsabilidade do PAICV nesse imbróglio, uma vez que tem dois vereadores eleitos, Rui Semedo assegurou que o seu partido não está a recusar a sua quota parte de responsabilidade, mas que, na sua perspectiva, deve ser na medida do poder atribuído nas urnas. E, segundo esse político, desde o início da crise que o PAICV defendeu o recurso ao diálogo. “O PAICV não desiste da perspectiva do diálogo e da negociação. Se esta via falhar podemos activar outros mecanismos”, deixou claro.
Semedo garantiu que o seu partido não está a pensar na realização de eleições antecipadas em S. Vicente e nem sabe dizer o que pensa também a UCID a esse respeito. Isto quando os vereadores dos dois partidos tomaram a iniciativa de pedir a intervenção do Ministério Público visando a perda de mandato do edil Augusto Neves, candidato do MpD. Perguntado se concorda com essa medida enquanto líder do PAICV, Semedo enfatizou que a mesma partiu dos vereadores e que estes têm poder de iniciativa. Assim sendo, diz, não se coloca a questão de concordar ou discordar, mas sim de respeitar e voltar a chamar atenção para se avançar com o diálogo. É que, para ele, na política não há instrumento mais importante que o diálogo.