O Atlético conquistou ontem à noite o segundo título nacional consecutivo em andebol feminino numa final inédita disputada no polidesportivo de Monte Sossego contra o Grémio Amarante, equipa da região desportiva de S. Vicente. Os dois emblemas mindelenses já se defrontaram vezes sem conta nos jogos regionais, mas esta vitória, como reconhece Lizica, capitã das atléticas, foi a mais saborosa.
“Sem dúvida que é a mais importante porque deu-nos o título maior a nível nacional”, salienta a atleta. Ser bicampeã de Cabo Verde foi uma “sensação plena de alegria” para a jogadora, ainda mais tendo em conta as dificuldades que, segundo ela, a equipa enfrentou esta época. Reconhece, no entanto, que valeu cada pinto de suor.
Para Marri, a central do Amarante, esta foi a derrota mais amarga que o clube encaixa num confronto com o Atlético. “Viemos para este jogo com muita confiança, tendo em contra o resultado do último confronto que tivemos com o Atlético. Mas reconheço que o Atlético foi superior”, diz a capitã do Amarante, que foi premiada como a melhor marcadora da competição. Na leitura da jogadora, a sua equipa cometeu muitas falhas técnicas, que foram bem aproveitadas pelas adversárias. Marri reconhece, por outro lado, que o Amarante acabou por concentrar o seu ataque na zona central, descurando o jogo pelas pontas. Uma opção que beneficiou o sistema defensivo do Atlético, que conseguiu eliminar boa parte das investidas de Marri, Lola e da pivot Josina.
E quando passavam a primeira barreira tinham pela frente a “gigante” Célia entre os postes. A guarda-redes foi uma das peças fundamentais na vitória das atléticas.
O Atlético começou a desenhar o resultado desde os primeiros minutos do jogo. Manteve sempre uma vantagem à volta de três golos e foi para o intervalo a vencer por 12 a oito. No arranque do segundo tempo, as meninas treinadas por Aquilino Fortes entraram ainda mais incisivas e dilataram a diferença para cinco golos. O Amarante reagiu, mas o máximo que conseguiu foi reduzir para 3 bolas. “Atiçadas” pelo enorme apoio dos adeptos, que encheram as bancadas, as atléticas mantiveram a dinâmica e fluidez do jogo até o apito final. Venceram por 21 – 18 perante um recinto superlotado.
Distinguida como a melhor jogadora do nacional, a central Letícia não conseguiu esconder a emoção de vencer o nacional pela segunda vez e ainda o troféu individual. “Lutamos muito por este título e tudo o que fiz foi pela minha equipa”, diz a jogadora, para quem o Atlético foi tendo um crescimento durante o campeonato até alcançar o seu principal objectivo.
Chegar a esse ponto, segundo o técnico Aquilino Fortes, foi uma tarefa árdua. Enfatiza que algumas atletas tiveram que deixar os filhos em casa para poderem treinar e sublinhou que pouca gente sabe o esforço que fizeram para competir esta época. Além disso, prossegue, foram vários jogos consecutivos no campeonato nacional, que exigiram ainda mais das jogadoras. Por tudo isso, Aquilino Fortes admite que o segundo título nacional teve um sabor especial. “Fizemos a nossa preparação para mostrar que somos os campeões em título. Tínhamos que revalidar o título, por isso estamos a transbordar-nos de alegria neste momento”, admite o treinador.
Segundo Aquilino Fortes, o Atlético não era a equipa favorita no nacional, mas era uma séria candidata. Na prova, diz, havia outras concorrentes com capacidade para vencer o seu team, como o ABC e o próprio Amarante. Aliás, as atléticas sofreram a única derrota frente as amarantinas, na fase de grupos. A equipa respondeu com uma vitória clara, que lhe rendeu o troféu nacional.
O Amarante, na leitura do seu treinador, lutou, mas cometeu muitas falhas. “Falhamos quatro livres dos sete metros, além de remates isolados, e acabamos por perder por 3 golos de diferença”, contabiliza. Apesar desta derrota, Domingos “Voz” Tavares considera que a sua equipa fez um bom nacional. Ficou sem o título perante uma equipa adversária da casa, pelo que, na sua opinião, o Amarante deve continuar a batalhar até alcançar o objectivo de conquistar o seu primeiro troféu nacional.
Além da taça, o Atlético ficou com as distinções individuais de melhor jogadora da prova, atribuída à central Leticia, e melhor guarda-redes, conquistada por Célia. Ela que foi uma gigante entre os postes especialmente no jogo da final.
