Por Nelson Faria
In wikipédia: A expressão recebeu o nome do rei Pirro do Epiro, cujo exército havia sofrido perdas irreparáveis após derrotar os romanos na Batalha de Heracleia, em 280 a.C., e na Batalha de Ásculo, em 279 a.C., durante a Guerra Pírrica. Após a segunda batalha, Plutarco apresenta um relato feito por Dioniso de Halicarnasso:
“Os exércitos se separaram; e, diz-se, Pirro teria respondido a um indivíduo que lhe demonstrou alegria pela vitória que “uma outra vitória como esta o arruinaria completamente”. Pois ele havia perdido uma parte enorme das forças que trouxera consigo, e quase todos os seus amigos íntimos e principais comandantes; não havia outros homens para formar novos recrutas, e encontrou seus aliados na Itália recuando. Por outro lado, como que numa fonte constantemente fluindo para fora da cidade, o acampamento romano era preenchido rápida e abundantemente por novos recrutas, todos sem deixar sua coragem ser abatida pela perda que sofreram, mas sim extraindo de sua própria ira nova força e resolução para seguir adiante com a guerra.”
Sem sombra de dúvidas uma “vitória” conseguida com custos, perdas e sacrifícios elevados considerando o nível de rejeição, também visto nas urnas.
É vitória? É. Conseguiu o maior número de votos entre os proponentes, daí, pode, com legitimidade, proclamar vitória. A que custos e perdas?
Se compararmos as eleições autárquicas de 2016, reparamos também os seguintes factos:
ü Perdeu a maioria absoluta, o dado mais relevante destas eleições, passando de 48,97% dos votantes em 2016 para 37,3% em 2020, perdendo assim 2.073 eleitores, enquanto que os oponentes, na totalidade, ganharam 4.652 votos. Sendo a UCID a que sedimentou a sua posição de segundo classificando assumindo um papel determinante para a nova configuração camarária;
ü Se em 2016 a diferença do primeiro para o segundo eram de 5.574 votos, em 2020 a diferença é de apenas 1.639 votos.
ü Se em 2016 os votos da maioria suplantavam o total de votos de toda a oposição, em 2020, os votos da oposição suplantam o vencedor em 6.556 votantes;
ü Para mim, indica que a maioria da população não está com o eleito com mais votos… Está, sim, quem votou nele e representaram o maior número de votantes numa candidatura. Nem por isso a maioria dos eleitores, nem por isso a maioria absoluta…
ü Dos 9 eleitos municipais em 2016, perdeu 5, tendo agora 4, sendo a soma dos vereadores da UCID e do PAICV, 5. Cenário interessante na distribuição de pelouros e gestão camarária…
ü Dos 11 mandatos que tinha na Assembleia Municipal em 2016, superior aos 10 da oposição de então, agora temos um cenário de 9 contra 12 da oposição. O que obriga a negociações constantes e, se calhar, uma configuração diferente da Assembleia Municipal…“Geringonçada”? A ver vamos.
ü A abstenção, a vencedora efetiva das eleições autárquicas, embora substantiva, recuou se comparado 2016 e 2020. Era de 47,2% em 2016 e passou a 43,5% em 2020. Tivemos mais cerca de 2.500 eleitores que foram as urnas. Mostra também um aumento de interesse, embora pouco, tendo em conta a natureza destas eleições e a conjuntura que vivemos. O estudo da abstenção requer especialistas e eu não sou…
Com isto, é minha perceção que a mensagem que os eleitores quiseram passar, é clara: estão condenados a negociar, a entenderem-se, a reconfigurar a gestão municipal, a rever o funcionamento da Assembleia e, sobretudo, a incluir todos porque fazem parte, estão representados, e devem ser respeitados. Todos os eleitos são importantes para fazer da autarquia de São Vicente um lugar bom para se estar e ser feliz, com mais satisfação para a população, sendo a melhor opção, com razão, nôs tud djunt.
Parabéns aos eleitos, todos eles, e que São Vicente saia a ganhar com este novo cenário municipal. O que vai suceder nesta nova configuração? Aguardemos…. Certo que agora é obrigatório ser-se democrata. Quem não for está condenado a saltar, se calhar, agora ou numa intercalar. O tempo responderá.
Nº DE VOTOS CÂMARA | |||
Partido | Eleições 2016 | Eleições 2020 | DIFERENÇA |
MPD | 13.191 | 11.118 | -2.073 |
UCID | 7.617 | 9.479 | 1.862 |
PAICV | 5.405 | 5.841 | 436 |
OUTRO | 2.354 | 2.354 | |
26.213 | 28.792 | 2.579 | |
ABSTENÇÃO | |||
Eleições 2016 | Eleições 2020 | ||
47,20% | 43,50% | ||
% DE VOTOS CÂMARA | |||
Partido | Eleições 2016 | Eleições 2020 | DIFERENÇA |
MPD | 48,97% | 37,30% | -11,67% |
UCID | 28,28% | 31,80% | 3,52% |
PAICV | 20,07% | 19,60% | -0,47% |
OUTRO | 0,00% | 7,90% | 7,90% |
Nº DE MANDATOS CÂMARA | |||
Partido | Eleições 2016 | Eleições 2020 | DIFERENÇA |
MPD | 9 | 4 | -5 |
UCID | 0 | 3 | 3 |
PAICV | 0 | 2 | 2 |
OUTRO | 0 | 0 | 0 |
Nº DE MANDATOS ASSEMBLEIA MUNICIPAL | |||
Partido | Eleições 2016 | Eleições 2020 | DIFERENÇA |
MPD | 11 | 9 | -2 |
UCID | 6 | 7 | 1 |
PAICV | 4 | 4 | 0 |
OUTRO | 1 | 1 |