Quatro dias após a chuva que caiu em S. Vicente continuam a surgir marcas deixadas na residência de várias famílias, principalmente as que residem nas encostas e ribeiras. É o caso de Carla Lopes, uma jovem de 29 anos que viu desabar os tectos da cozinha e casa-de-banho da sua casa na zona de Canalona, em Chã d’Alecrim, que cederam sob o peso da água, terra e pedras.
Segundo a jovem, a situação começou a piorar por volta das 19 horas de anteontem quando um dos tectos desabou e entraram água e terra dentro da casa. Devido a quantidade de entulho e lama era-lhes impossível limpar a casa, pelo que tiveram que telefonar para os bombeiros. “Disseram que iriam de imediato mas não chegaram. Voltamos a telefonar três horas depois porque continuava a cair terra e água, disseram que iam, mas nunca apareceram”, conta Carla Lopes, que estava em casa com dois filhos menores. Teve que se adaptar e arranjar como passar essa noite.
No dia seguinte, prossegue a jovem, contactou a Câmara Municipal de S. Vicente logo cedo para pedir auxílio e principalmente saber como estava o processo de legalização da sua casa. “Para meu espanto disseram que nao podiam ajudar-me porque a minha casa e ilegal. Como podem falar desta forma quando esta em causa a seguranca de pessoas, inclusive criancas?!”, denuncia a jovem, que quer muito legalizar a residencia. Esta informa que decidiu construir a casa ha mais de um ano a conselho do tio, que mora na Canalona.
A moça diz que estava com dificuldades em aguentar a renda e decidiu seguir o conselho do tio, que se disponibilizou a ajuda-la a fazer a obra. No entanto, assim que iniciou a construção, fiscais da CMSV surgiram e deram ordens para pararem os trabalhos. E isso aconteceu mais de uma vez porque, conta Cara Lopes, decidiram arriscar e continuar. “Estamos cientes dos riscos que corremos, mas a CMSV não pode alegar essa situação para responder a um apelo de uma família de sete pessoas afectada pela chuva. É verdade que queremos legalizar a casa e estamos dispostos a pagar pelo serviço”, frisa a jovem, para quem nada justifica essa atitude da CMSV.
Esta lembra que é jovem formada e activa, que não fica a estender a mão à espera da ajuda das entidades públicas. Por isso acha que merece consideração. Neste momento, diz, a única coisa que espera da autarquia mindelense é que resolva a legalização da sua residência.
O Comandante dos Bombeiros de S. Vicente acha credível o relato de Carla Lopes porque, diz, o quartel não conseguiu dar a tantos pedidos de auxílio nos dias de chuva. Este facto, acrescenta, tem a ver com limitações tanto de profissionais como de equipamentos e viaturas. Para ele, a chuva veio de novo expor a carência da instituição, a necessidade de se apetrechar os bombeiros com os meios que precisam. “Trabalhamos com os mesmos equipamentos de há dez anos”, frisa o responsável dos soldados da paz em S. Vicente. Ele que se mostra preocupado com uma situação em Alto Bomba, que, diz, está a colocar em perigo algumas famílias. Por isso teme que venha uma nova onda de chuva.
O Mindelinsite tentou ouvir o presidente-substituo e o vereador da protecção civil da CMSV, mas sem sucesso. O espaço fica aberto para divulgar a posição da edilidade sobre o caso se assim pretender.