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Mar não? Porquê?

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Por: Nelson Faria

Não tenho nem nunca tive problemas em aceitar e cumprir regras e leis com lógica, com sentido, mesmo que discorde, desde que o objetivo seja verdadeiramente um bem maior, um bem comum. O bem da maioria e de todos. Mormente a saúde publica, que está em evidência nos dias de hoje. Porém, sempre fui radicalmente contra proibições idiotas, proibições porque sim, proibições sem lógica, sem sentido, que não fazem bem, pelo contrário, potenciam o mal. Rebelde por natureza a tudo o que a minha limitada compreensão não vê como inteligível. Rebelde na procura de conhecimento, informação, solução e explicação que me libertem da angustia e do conflito causados por idiotices…

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No contexto COVID não tem sido diferente. Existem regras e proibições lógicas, aceitáveis e compreensíveis, e existem as que, quanto a mim, não fazem menor sentido. Uma em particular: acesso as praias e ao mar.

Num país de Sol e mar, somos ilhas – caramba! – onde a imposição de ficar em casa, por si, é difícil e stressante, por varias razões, isto para quem tem e pode ficar numa habitação condigna, onde a maior parte das ilhas, confirma-se, não apresenta casos ativos  e visíveis da doença, onde as fronteiras internas e externas estão “fechadas”, com países e ilhas com a pandemia ativa, onde foram suspensas as aulas presenciais e grande parte da população juvenil está em casa, onde se verifica já incumprimentos vários em outras regras impostas no contexto e sem o devido tratamento das autoridades, essas lógicas, vejo uma intensa fiscalização das praias impedindo todo e qualquer cidadão de um simples e prazeroso banho de mar.

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Sem esforço compreendo que a lógica desta proibição é evitar a aglomeração de pessoas nas praias, evitando parecer que estamos em festa e festival em tempos complicados para a saúde publica, onde a maior recomendação é a não aglomeração de pessoas. Compreendo e aceito, porém, proibir tudo e qualquer forma de acesso só piora a situação. 

Está provado que o mar, além da higiénico, protege e tem benefícios na respiração, na diminuição da tensão e do stress, no fortalecimento do sistema imunitário, no tratamento de doenças da pele e diria da alma, ajuda no tratamento da insónia, acalenta a positividade e a felicidade…Tudo o que se pede após confinamento. E é isto que a proibição priva os cidadãos.

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Se nesta fase não podemos ir todos de uma vez, o que é aceitável e inteligível, o difícil é pensar e definir regras que satisfaçam ao momento e o fácil é o óbvio: proibir! Se necessário definir datas, horários, marcação, distancia, vigilância, tempo de permanência, que se faça o que tiver de ser feito, todavia, o que não faz sentido é ver as autoridades policiais não permitirem um ou dois cidadãos banharem-se numa Praia deserta porque, simplesmente, é proibido. Sem lógica e sem sentido.

Diria até que na conjuntura COVID se há uma proibição idiota que deveria ser adotada é a de não morrer conforme fez o Presidente da Camara de Laranjon, Espanha, em 1999. Fê-lo porque os cemitérios já estavam lotados e os habitantes deveriam cuidar da saúde para não falecer e quem infringisse teria de pagar pelos seus atos. Bizarro, não? Só peço que me deixem cuidar da minha saúde e ela depende, também, de ir ao mar.

Com aproximação do tempo ainda mais quente, da época balnear propriamente dita, porque não se pensar regras de acesso às Praias, sendo definidas pelas autoridades sanitárias e marítimas e controladas pelas autoridades municipais e policiais? Não tenho duvidas que o bem que se conseguirá será, certamente, maior que o mal que causa esta proibição linear e aberrante.  Se assim se mantiver já não percebo nada, porque também não me explicaram… Que vigore o bom-senso e que tentações ditatoriais, porque sim, sem lógica, não se espalhem para outras e esferas em nome do COVID 19.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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4 Comentários

  1. Apoiado Em Portugal ja se pensa em levantar as restricoes psra o acesso as prais…mas aqui a gente é mais Papista que o Papa.

  2. Um estudo da universidade da Fiocruz ja comprovou presença do material genetico do virus em agua do esgoto, sendo que se este virus ainda deixa rastros do seu material genetico em um ambiente nada propicio para a sua proliferaçao, quem dira que no mar não seria possivel encontrar tambem? Algo que até entao tambem nao vi estudos deste tipo

  3. Subscrevo na integra este artigo e as incongruencias da sua decisao. Desde o inicio, nunca concordei com a mesma e entendo que foi um erro que devera ser reparado o mais urgente possivel.

  4. Plenamente de acordo e subscrevo-me na íntegra a este artigo! A liberação das praias de mar (as mais frequentadas) podia-se fazer atribuindo aos nadadores salva-vidas e a polícia marítima a responsabilidade de controlá-las. Não deixar uma pessoa tomar um simples banho de mar de cerca de 10 minutos, numa praia deserta é inaceitável e inconcebível. Não se deve proibir a frequência, mas sim a permanência e as aglomerações. Essa proibição na sua totalidade tem de ser repensada.

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