Resultados negativos aos oito casos suspeitos da B. Vista: DNS desaconselha uso generalizado de máscaras
Os testes aos oito casos suspeitos de infecção por coronavírus na Boa Vista deram resultados negativos, anunciou esta tarde Artur Correia, Director Nacional da Saúde. Entretanto continuam por fazer as análises a uma pessoa em quarentena no hospital de S. Vicente e outra na ilha do Sal, cujas amostras demoraram a chegar à cidade da Praia devido as restrições nas ligações aéreas e marítimas impostas com a declaração do Estado de Emergência. Mesmo assim, a amostra da pessoa suspeita no Sal foi recebida esta tarde na Capital, enquanto a referente ao suspeito sob observação no hospital Baptista de Sousa deve chegar amanhã numa viagem de barco. A expectativa da DNS é obter o resultado do caso do Sal ainda hoje e o de S. Vicente até amanhã ou no dia seguinte.
“As ilhas estão em quarentena, não há aviões nem barcos para nenhum lado. Tem havido voos sanitários e de evacuação médica, que temos aproveitado para transportar amostras”, relembra Artur Correia, assegurando que as amostras são transportadas nos contentores de frio dos barcos e em malas específicas.
Questionado sobre a necessidade de uso de luvas e máscaras, tal como aconselha a Organização Mundial da Saúde, Artur Correia deixou claro que o nível actual da contaminação em Cabo Verde não aponta para essa necessidade. Segundo Correia, todas as medidas tomadas até o momento pelas autoridades sanitárias, e comunicadas ao público pelo Instituto Nacional da Saúde Pública, levam em conta os critérios clínicos, biológicos e epidemiológicos. “E o contexto epidemiológico é fundamental. Quantos casos positivos já tivemos? Tratam-se dos dois ingleses, uma holandesa, um caso importado de um cabo-verdiano vindo da França-Portugal, uma pessoa ligada directamente a este indivíduo e um último caso no hotel onde os ingleses estavam hospedados. Na prática, temos dois casos nacionais, pelo que não podemos tomar uma medida de generalização do uso de máscaras nesta condição epidemiológica”, explica o responsável nacional da Saúde.
Segundo Correia, se houver a necessidade de se aconselhar o uso de máscaras essa indicação será dada pelas autoridades sanitárias. “Somos sensatos, agiremos com base técnica e não sob pressão política e tão pouco das redes sociais”, assegurou o DNS, lembrando que Cabo Verde não é a China, país que, lembra, enfrentou uma situação explosiva.
Neste momento, os médicos continuam a acompanhar o estado de saúde dos dois cabo-verdianos infectados na cidade da Praia e, segundo Correia, apesar de apresentarem um quadro clínico estável, só vão ter alta quando os testes comprovarem que estão livres do vírus. A nível externo, as autoridades sanitárias cabo-verdianas aguardam informação dos quatro turistas portugueses infectados com o coronavírus que seguiram para Portugal. Artur Correia admitiu que essa questão o está a angustiar porque todos os dias envia emails e telefona para saber informações sobre a situação desses pacientes e ainda continua no escuro. “Hoje não consegui contactar o ponto focal, fui informado que ele não vai para o serviço todos os dias. Deixei mensagens e enviamos emails e continuamos à espera. Daqui a pouco começo a duvidar se são casos importados de Cabo Verde”, desabafou o DNS. Como deixou escapar, já começa a “ouvir” informações não oficiais, mas que ainda não pode divulgar, deixando no ar a dúvida se os quatro turistas não foram infectados noutro país.
No balanço de hoje à tarde com os jornalistas, Artur Correia enfatizou a importância do trabalho desenvolvido pela Linha Verde – montada numa parceria com DNS, a Protecção Civil e a CV Telecom – e lançou um profundo agradecimento aos profissionais de saúde que têm acompanhado os casos suspeitos e confirmados de coronavírus em Cabo Verde. Como salientou, são eles que lidam com a aflição das pessoas que aguardam os resultados dos testes e têm ainda de lidar com a sua própria pressão psicológica devido a ameaça de contágio.
KzB